Paulo Santos, presidente da ASPP/PSP.
Paulo Santos, presidente da ASPP/PSP.FOTO: Paulo Spranger

Fronteiras. "Incapacidade" e "amparo" do Governo. Maior sindicato da PSP acusa direção nacional

Com um plenário marcado para a próxima terça-feira no aeroporto de Lisboa, a ASPP-PSP alarga as críticas à direção nacional da PSP liderada por Luís Carrilho.
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O presidente da Associação Sindical de Profissionais de Polícia (ASPP) da PSP - o sindicato mais representativo desta força de segurança - alarga à direção nacional a responsabilidade pela "falta de condições" para os polícias fazerem o controlo de passageiros nas fronteiras aeroportuárias, uma competência que herdaram já há dois anos do extinto Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Com um plenário marcado para a próxima terça-feira, no aeroporto de Lisboa, Paulo Jorge Santos apresenta os razões desta medida "pela dignificação da Especialidade Segurança Aeroportuária e Controlo Fronteiriço e contra as pressões e monitorização de entidades privadas aos profissionais e serviços do Estado".

"A criação da Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF) com as características que possui, e com uma Polícia de Segurança Pública com evidentes insuficiências, no quadro de alterações profundas, inclusive ao nível europeu (novo sistema), numa realidade estrutural de aeroportos sem capacidade, traduz-se em algo preocupante, e numa indefinição clara do futuro", sublinhou ao Diário de Notícias.

"Se a isto se juntar a desvalorização dos profissionais da PSP, que estão a desenvolver uma missão árdua, com muita competência mas a metade do ordenado que o SEF mantinha, e com uma pressão da empresa gestora ANA-Aeroportos, que pretende blindar a sua atividade comercial, transparece estar tudo reunido para que o futuro não seja risonho", acrescenta.

O dirigente sindical revela que "a ASPP tem recebido imensas denúncias, principalmente de exaustão, burnout e desmotivação gritante dos profissionais", situação essa, completa "agudizada pela postura da Direção Nacional da PSP, de incapacidade em forçar o governo a criar as condições necessárias".

Acresce ainda, salienta, que a "crítica" que chega a este sindicato dirige-se "não só ao governo que não cria as condições, mas também a uma direção nacional que ampara essa opção do governo".

Paulo Jorge Santos conclui que, "como a situação se agudiza a cada dia, com prejuízo para os profissionais, mas também para os passageiros, e para que os profissionais da PSP não sofram injustamente críticas, vai a ASPP avançar com um plenário no aeroporto de Lisboa".

Conforme o DN noticiou, o diretor nacional da PSP, Luís Carrilho, foi designado para coordenar a “equipa especial” criada pelo Governo, para gerir os fluxos de passageiros nos aeroportos internacionais Humberto Delgado, em Lisboa, e no Gago Coutinho, em Faro.

A PSP está agora sob pressão para reduzir os tempos médios de espera dos passageiros nestes aeroportos, que têm sofrido “constrangimentos significativos na gestão de filas (...) com impacto no conforto e segurança dos passageiros e na imagem e economia do país”, conforme ficou escrito no preâmbulo do despacho datado de 26 de outubro.

Dessa forma, é imposto ao dirigente máximo da PSP que, no prazo de 100 dias, atinja o seguintes objetivos: nas chegadas, reduzir o tempo médio de espera de “inferior a 30 minutos” para “inferior a 20 e o tempo máximo de “inferior a 75 minutos” para “inferior a 55 minutos”; nas partidas, a redução deve ser de “inferior a 20 minutos” no tempo médio de espera para 15 minutos e de “inferior a 35” para “inferior a 25 minutos” nos tempos máximos”.

O Governo exige ainda que sejam analisados “de forma contínua, os padrões de fluxos de passageiros e possíveis constrangimentos operacionais, numa base diária, semanal e mensal”; que sejam monitorizados, “em tempo real, tempos de espera e pontos críticos de congestionamento” do aeroporto Humberto Delgado; que seja executada “com carácter de urgência, o plano de expansão da capacidade instalada (e-gates, boxes e SSK) no controlo fronteiriço” deste aeroporto”, entre outros.

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