O antigo primeiro-ministro e principal arguido no processo Operação Marquês, José Sócrates, enviou um requerimento ao tribunal que julga o caso Marquês a pedir que se acabe “com o lamentável e degradante espetáculo” de ser defendido por um advogado que não contratou.O espetáculo “de ver na televisão alguém que reclama ser meu advogado, sem que eu alguma vez lhe tenha conferido qualquer mandato”, escreveu. “É uma situação que muito me desagrada e que, insisto, deve cessar imediatamente — se tenho vinte dias para escolher novo advogado, por favor poupem-me à penosa encenação de ver alguém falar em meu nome contra a minha vontade, dando expressão pública à continuada caricatura de abusos em que este processo se tornou fértil”, acrescentou o antigo primeiro-ministro.Este requerimento segue-se à renúncia de Pedro Delille de fazer a defesa de José Sócrates neste processo por “razões deontológicos”. “Continuar neste julgamento violenta em termos insuportáveis a minha consciência e a ética que me imponho, a minha independência, integridade e dignidade profissional e pessoal - repudio e recuso participar e validar, um minuto mais que seja, neste simulacro de julgamento, neste 'julgamento de brincar'", alegou o advogado.O tribunal chamou um advogado oficioso para defender José Sócrates, tendo então recusado um adiamento de 48 horas para este se inteirar do caso. .Pedro Delille renuncia a defender José Sócrates. "O tribunal fez tudo para hostilizar o meu advogado". O ex-primeiro-ministro considera, neste requerimento, que o seu direito à defesa não pode ser assegurado por quem não tem qualquer conhecimento do processo e a quem não foi dado tempo para o consultar, nem condições para acompanhar em audiência a exibição de documentos. Acresenta ainda que esse direito não pode ser sacrificado “com alegações de urgência, nem com prazos de julgamento sugeridos por dirigentes do Conselho Superior da Magistratura”..Operação Marquês. Líder do Supremo defende que julgamento "não tem corrido mal". No documento, José Sócrates recorda que tem um prazo de 20 dias para escolher um advogado e que assim o fará. “Eu é que escolho o meu advogado”, assegura.