O presidente do Supremo Tribunal de Justiça defendeu esta quinta-feira, 6 de novembro, que o julgamento da Operação Marquês "não tem corrido mal", divergindo do entendimento da ministra da Justiça de que o caso representa "tudo o que pode correr mal num processo"."Para mim, o julgamento não tem corrido mal, o julgamento tem é sido muito difícil de dirigir. [...] Naqueles jogos de futebol em que o árbitro é posto sobre imensos problemas... Este é um caso desses", afirmou João Cura Mariano, à margem do XIX Encontro Anual do Conselho Superior da Magistratura (CSM), que decorre hoje e amanhã em Setúbal.Confrontado com o facto de a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, ter hoje considerado que a Operação Marquês "tem representado tudo o que pode correr mal num processo", o também presidente por inerência do CSM retorquiu: "Não concordo. Julgo que é um caso em que tudo o que é difícil tem acontecido." .Ministra da Justiça diz que processo Operação Marquês "é um guia para o que não pode acontecer". No caso do julgamento, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça precisou, sem nomear arguidos, que "será principalmente uma defesa que tem colocado dificuldades, no exercício dos seus direitos de defesa".A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, considerou hoje que a Operação Marquês, que envolve o antigo primeiro-ministro José Sócrates (2005-2011), "tem representado tudo o que pode correr mal num processo"."É um guia para o que não pode acontecer", acrescentou, também à margem do XIX Encontro Anual do CSM.Nem João Cura Mariano nem Rita Alarcão Júdice quiseram pronunciar-se sobre o facto de o ex-governante estar desde terça-feira a ser representado por um advogado oficioso ao qual não foi dado tempo para se inteirar do processo antes de o defender no julgamento.José Sócrates, de 68 anos, está pronunciado (acusado após instrução) de 22 crimes, incluindo três de corrupção, por ter, alegadamente, recebido dinheiro para beneficiar em dossiês distintos o grupo Lena, o Grupo Espírito Santo (GES) e o 'resort' algarvio de Vale do Lobo.No total, o processo conta com 21 arguidos, que têm, em geral, negado a prática dos 117 crimes económico-financeiros que globalmente lhes são imputados.O julgamento decorre desde 03 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa e tem sessões agendadas pelo menos até 18 de dezembro de 2025..Pedro Delille renuncia a defender José Sócrates. "O tribunal fez tudo para hostilizar o meu advogado".Operação Marquês: Ordem dos Advogados considera inadmissível recusa de prazo para oficioso consultar processo