Comandante Luís Elias lidera o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, e divulgou esta terça-feira alguns números relacionados com a criminalidade na região.
Comandante Luís Elias lidera o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, e divulgou esta terça-feira alguns números relacionados com a criminalidade na região.FOTO: Leonardo Negrão

Criminalidade grave em Lisboa diminui, mas detenções aumentam face a 2024

Apesar da descida dos crimes graves, a criminalidade geral aumentou até outubro. Números divulgados pela PSP mostram ainda que foram feitas, em média, 31 detenções por dia na região da Grande Lisboa.
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Até outubro, a criminalidade violenta e grave em toda a região da Grande Lisboa diminuiu 1,9% face ao mesmo período de 2024. Isto representa menos 74 crimes do que há um ano. Os dados foram avançados esta terça-feira (18 de novembro) por Luís Elias, comandante do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis), na cerimónia em que se assinalaram os 158 anos deste comando.

No discurso que proferiu, Luís Elias destacou ainda que, não obstante esta descida, houve um aumento da criminalidade geral, de 6,1% (ou mais 3149 ocorrências). Nesta tipologia de crimes, enquadram-se delitos como a condução sem habilitação legal, excesso de álcool ao volante, desobediência ou ainda furtos por carteiristas.

Indo mais longe na análise, o comandante do Cometlis recuou até 2023. Se a comparação for feita com esse ano, existe uma redução de 3,8% na criminalidade geral e de 2,4% nos crimes graves. Isto, assinalou o responsável, parece indicar uma "tendência muito relevante". Contudo, deixou um alerta: "Só no final do ano de 2025 teremos a capacidade de fazer uma análise e balanço globais e extrair algumas conclusões sobre a evolução da criminalidade" na área de ação do Cometlis.

Ainda assim, no mesmo discurso, Luís Elias revelou também que houve um aumento no número de detenções em relação ao mesmo período de 2024. Segundo o comandante do Cometlis, em toda a Grande Lisboa, foram efetuadas 9287 detenções, o que representa um aumento de 46,6% (ou de 2953 detidos) em relação ao ano passado. Isto dá "uma média de 31 detenções por dia", destacou.

De acordo com o responsável, houve ainda um "aumento substancial, de 64,5% (mais 2829 delitos) nos crimes intimamente ligados à proatividade policial", como "os crimes rodoviários, de tráfico de estupefacientes, e crimes de desobediências".

Na cerimónia, que decorreu no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, o comandante divulgou ainda dados relacionados com apreensões de droga e de armas. Segundo disse, a PSP apreendeu, só na Área Metropolitana de Lisboa, "5.908.173 gramas de haxixe, 22.285 gramas de liamba, 9805 gramas de heroína, 5331 gramas de cocaína, 2557,5 gramas de LSD, 1062 gramas de Ecstasy", entre outras substâncias. Quanto às armas, foram apreendidas "960 armas de fogo e armas brancas, no âmbito de processos-crime". A este número, juntam-se ainda 433 armas entregues por processos de contraordenação. Foram ainda destruídos 2029 destes objetos.

Durante o discurso, o comandante da PSP abordou ainda os crimes de violência doméstica "e outros crimes especialmente sensíveis". Neste âmbito, o Cometlis já atendeu 3086 vítimas em 2025.

Dizendo que "não se deve analisar a evolução da criminalidade de ânimo leve, com abordagens casuísticas e aleatórias", Luís Elias deixou ainda uma proposta: que se realizem de forma periódica, "porventura anual", os inquéritos de vitimação "em parceria com universidades de referência, no sentido de comparar as estatísticas oficiais da criminalidade publicadas através do Relatório Anual de Segurança Interna [RASI]" com os "sentimentos de segurança" dos inquiridos. Só assim se pode "fomentar uma cultura de segurança", com "conhecimento informado", e combater "a desinformação e a exploração sensacionalista" em relação à criminalidade e à segurança.

Moedas pediu mais polícias ao Governo

Apesar desta descida dos números da criminalidade grave, Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, já pediu ao Governo, em mais do que uma ocasião, que haja um reforço do efetivo policial na cidade, que é a mais populosa das abrangidas pelo trabalho do Cometlis.

No discurso da tomada de posse, que aconteceu há exatamente uma semana, o autarca lisboeta deixou claro que exige ao Executivo liderado por Luís Montenegro que haja "mais Polícia de Segurança Pública e mais Polícia Municipal. É um imperativo". No programa eleitoral, Moedas dizia querer reforçar as esquadras lisboetas com mais 500 agentes.

Isto além do reforço da rede de videovigilância, colocando como meta a existência de 217 câmaras a funcionar no final do mandato.

Os pedidos de mais elementos policiais não são novos e já em 2023 o autarca lisboeta defendia este aumento, dizendo mesmo ser "prioritário" para a cidade.

Os números da PSP

6,1%
É este o aumento registado no âmbito da criminalidade geral face a 2024. São, ao todo, mais 3149 ocorrências nos primeiros dez meses do ano.
1,9%
Em sentido oposto à criminalidade geral, os crimes violentos e graves desceram em relação aos mesmos meses de 2024. Houve até outubro menos 74 ilícitos deste tipo.
64,5%
O "aumento substancial" face a 2024 aconteceu nos crimes "intimamente ligados à atividade policial", como o tráfico de droga ou os crimes rodoviários.
3086
Até outubro, o Cometlis tinha acolhido este número de vítimas de violência doméstica e de "outros crimes especialmente sensíveis".
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