Carlos Moedas foi ao Centro Cultural de Belém apresentar o que disse ser "um plano para implementar".
Carlos Moedas foi ao Centro Cultural de Belém apresentar o que disse ser "um plano para implementar".Foto: Reinaldo Rodrigues

Programa de Moedas prevê milhares de casas, centenas de polícias e lixo recolhido seis vezes por semana

Candidato à reeleição pela coligação Por Ti, Lisboa apresentou as suas medidas a uma plateia com três ministros. Novos bairros, mais segurança e combate ao comércio ilegal estão entre as prioridades.
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O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, apresentou nesta quinta-feira o programa eleitoral da coligação Por Ti, Lisboa (PSD-CDS-Iniciativa Liberal), com o qual pretende ser reeleito para um segundo mandato nas eleições autárquicas de 12 de outubro, apontando a habitação, a segurança e a mobilidade como prioridades entre as 15 medidas principais, numa sessão onde contou com uma forte comitiva de governantes, como António Leitão Amaro, Joaquim Miranda Sarmento e Miguel Pinto Luz, mas também outros nomes fortes da direita partidária que sustenta a coligação, como o candidato presidencial João Cotrim de Figueiredo, Teresa Morais e Leonor Beleza.

Como tem sido uma constante desde o anúncio oficial da recandidatura, juntando desta vez a Iniciativa Liberal à coligação, Moedas destacou o Plano de Segurança de Lisboa, que envolve reforço de policiamento e apostas na videoproteção e nos guardas noturnos para dissuadir a criminalidade.

"Lisboa é uma cidade segura, mas não em todos os aspetos", defendeu o autarca, realçando que a violência sexual teve um aumento de 17%, com esse fenómeno a ser particularmente grave nas zonas da Baixa e de Arroios. Daí que Moedas tenha dito a quem o ouvia nesta quinta-feira, numa sala do Centro Cultural de Belém, e sobretudo aos ministros presentes, que Lisboa precisa de mais uma centena de polícias municipais - "queremos que a Polícia Municipal possa prender um ladrão e levá-lo para a esquadra", insistiu - e de mais 500 agentes da PSP. Quanto às câmaras de video, apontou para que haja 217 no final do segundo mandato que espera receber dos lisboetas, dizendo que "em quatro anos fizemos o dobro do que o PS tinha feito em 14".

Mas as medidas destinadas ao dia-a-dia dos lisboetas também incluem um novo modelo de gestão da higiene urbana da cidade, que tem sido alvo de muitas critícas e de trocas de acusações entre a Câmara de Lisboa e as juntas de freguesia. Carlos Moedas disse que esse problema "tem um nome e uma causa", referindo-se à "descentralização mal feita", sem nomear um dos seus antecessores, o atual presidente do Conselho Europeu António Costa. Para resolver o problema, anunciou que, se vencer, os lixos indiferenciados voltarão a ser recolhidos seis dias por semana, em vez de apenas às segundas, quartas e sextas-feiras, e que os trabalhadores camarários se encarregarão de recolher sacos de lixo junto aos ecopontos.

Também houve promessa de reforço da aposta nos espaços verdes, com a requalificação dos parques emblemáticos da cidade; e ainda investimentos na educação e na saúde. Além de passar a haver rastreio grauito do cancro de pulmão e do cancro do cólon entre os munícipes, na senda das mamografias gratuitas para as lisboetas com menos de 50 anos, o programa eleitoral da coligação Por Ti, Lisboa aponta para a construção de 12 novos equipamentos para aquilo a que Moedas tem chamado o "Estado Social Local" da cidade: três centros de saúde, cinco escolas e quatro creches.

Depois de o candidato à reeleição ter prometido "o maior e mais ambicioso projeto de Lisboa", com a construção de casas, equipamentos urbanos e espaços verdes em 250 hectares da cidade, no Vale de Santo António, no Vale de Chelas, na Quinta do Ferro e no Casal do Pinto, o programa eleitoral da coligação Por Ti, Lisboa aponta como prioridade estruturante do futuro da cidade a criação de novos bairros de habitação e parques. A missão, que ficou subentendido estar destinada ao candidato a vereador Vasco Moreira Rato, implica 2400 casas no Vale de Santo António e mais de um milhar em diferentes partes do Vale do Chelas.

E o programa prevê medidas ligadas à mobilidade e disuassão do tráfego automóvel, como a introdução do Metrobus Lisboa-Oeiras e do Elétrico Lisboa-Loures, e o compromisso com a adaptação energética da frota da Carris, garantindo que 100% dos veículos emitiram zero por cento de emissões até 2030.

Outras medidas para o futuro no programa eleitoral da coligação liderada por Carlos Moedas, que se orgulhou de querer sempre baixar impostos aos lisboetas - e disse ser o único dos atuais candidatos a defender a manutenção da devolução de 5% do IRS qua caberia à autarquia para os munícipes - são a redução de taxas municipais, tendo o presidente assumido o compromisso de "diminuir pelo menos para metade" as 476 atualmente existentes, e combate à burocracia excessiva. E a meta de 30 mil empregos decorrentes da Fábrica de Unicórnios, quase duplicando os atuais 16 mil, que foi uma das apostas do primeiro mandato do atual presidente da Câmara de Lisboa.

Também ligado aos problemas de habitação, e à necessidade de reter pessoas numa cidade que vem perdendo residentes ao longo das últimas décadas, é o programa De Volta ao Bairro, através do qual a coligação Por Ti, Lisboa pretende garantir habitação acessível para jovens nos bairros históricos. Para tal, disse que irá aproveitar 710 casas que são propriedade da autarquia, em bairros como Alfama, Bica e Mouraria, para srem remodeladas e "trazer os jovens de volta".

A medida integra-se num eixo que a coligação de Carlos Moedas designou como "Lisboa com alma", na qual também se inscreve o fim do licenciamento zero, para a qual pediu intervenção do Governo, culpando a facilitação de mudanças de ramo de atividade pela descaracterização da cidade, e o reforço da fiscalização do comércio ilegal. Algo que pode ser interpretado como um piscar de olho ao eleitorado do Chega, na sequência das notícias sobre lojas de fachada, utilizadas como dormitórios por dezenas de imigrantes.

Noutro registo, a coligação Por Ti, Lisboa promete Cultura na Rua, "com mais arte e espectáculos no espaço público", elevar a Baixa Pombalina a património mundial da UNESCO e fazer de Lisboa como Capital Europeia da Arte Contemporânea.

Carlos Moedas procura reeleger-se para um segundo mandato, enfrentando adversários como Alexandra Leitão, cabeça de lista da coligação Viver Lisboa (PS-Livre-Bloco de Esquerda-PAN), João Ferreira, vereador e novamente candidato da CDU, e Bruno Mascarenhas, pelo Chega. E ainda Ossanda LIber (Nova Direita), Adelaide Ferreira (ADN), José Almeida (Volt Portugal), Tomás Ponce Dentinho (PPM-PTP) e Luís Mendes (RIR).

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