A estação do metro de Santa Apolónia, em Lisboa, vai estar fechada durante cerca de seis meses devido à obra do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL), a partir de janeiro ou fevereiro de 2026.“Neste momento, ainda estão a ser feitos os cálculos pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, não estão finalizados, portanto, a obra ainda não começou, mas prevemos que ali em janeiro e fevereiro possa começar”, revelou esta quinta-feira, 4 de dezembro, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.Carlos Moedas falava após a cerimónia que marcou o início no terreno dos trabalhos da escavação, pela tuneladora H2O, do segundo túnel do PGDL, que irá ligar o Beato a Chelas, numa extensão de um quilómetro.O autarca sublinhou a importância da obra, pedindo a compreensão dos lisboetas para o facto de o Metropolitano de Lisboa ficar inoperacional durante cerca de seis meses entre as estações entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia.“Neste momento, a obra que vai ter de ser feita está a ser feita com todo o detalhe pelo LNEC, é um projeto muito delicado, porque é um projeto em que o túnel passa perto do túnel do metro. Obviamente, durante essa obra, a estação de Santa Apolónia até ao Terreiro do Paço vai estar fechada”, explicou.O social-democrata acrescentou que vão ser fornecidas todas as alternativas de mobilidade através dos transportes públicos, como a Carris, “para que as pessoas possam circular”.“Agora, não podemos pôr ninguém em perigo. Não podemos, numa obra tão delicada, ter o metro a funcionar. Isso seria impossível e, portanto, sim, o metro estará fechado quando a obra começar”, reiterou.Apesar da proximidade da estação da CP – Comboios de Portugal em Santa Apolónia, o serviço dos comboios vai manter-se operacional, de acordo com Carlos Moedas.Plano de Drenagem de Lisboa é a "maior obra de adaptação climática da Europa"O autarca lisboeta qualificou o Plano Geral de Drenagem de Lisboa como a “maior obra de adaptação climática da Europa”, lembrando que a cidade esperava por esta empreitada há 20 anos.“É um momento muito único, porque a cidade esperava por esta obra há 20 anos. Começámos esta obra em 04 de dezembro de 2023, em Campolide, com o primeiro túnel, que tem quase cinco quilómetros e que já chegou a Santa Apolónia. E agora a máquina saiu de Santa Apolónia para fazer este novo túnel, que terá um quilómetro entre Chelas e o Beato […]. É a maior obra de adaptação climática da Europa”, frisou.De acordo com o social-democrata, a obra “de 150 milhões de euros” serve para proteger “os lisboetas das cheias e tudo aquilo que tem sido, durante anos, um sofrimento constante desta cidade”.O autarca frisou ainda a importância do momento “para dar ânimo” aos homens e mulheres que trabalham “em condições muito difíceis: são [três] turnos de oito horas dentro da máquina, a perfurar aquilo que são túneis importantíssimos para a cidade”.“Eles merecem o nosso respeito. Eu sei que é uma obra que é invisível ao olho das pessoas, mas é a obra mais importante dos últimos 100 anos em Lisboa para proteger os lisboetas e, portanto, aqui estamos para honrar aqueles que trabalham todos os dias”, salientou.Em relação aos prazos de conclusão, Carlos Moedas afirmou que, tendo em conta todos os atrasos, “muitas vezes típicos nestas obras”, está previsto este túnel ficar pronto até abril.De acordo com o autarca, ao mesmo tempo irá fazer-se a "parte delicada da obra do outro túnel, que é a passagem muito próxima daquele que é o túnel do Metro, que vai acontecer também no primeiro semestre de janeiro”.“As duas obras vão estar a ser feitas mais ou menos ao mesmo tempo”, afirmou, referindo que “até agosto ou setembro” estará concluída a “última conexão, a última ligação para a água da chuva chegar ao rio”.A intervenção, que não interfere com o Metropolitano de Lisboa, irá fazer-se “mais rapidamente” do que a outra, indicou, sublinhando que, a haver descobertas arqueológicas como aconteceu no túnel de Santa Apolónia, tem de se parar.“Cada vez que há um problema, há um atraso. Tudo isso tem sido a vida de uma obra como esta”, justificou.A cerimónia, no Estaleiro do Beato, contou ainda com uma missa em honra de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros, celebrada pelo patriarca de Lisboa, Rui Valério.O primeiro túnel do PGDL, que liga Campolide a Santa Apolónia, começou a ser construído em dezembro de 2023 e ficou concluído em 22 de julho deste ano. Anteriormente, já contando com atrasos, previa-se que o segundo túnel estivesse concluído do final do ano de 2026.O calendário inicial do PGDL estimava o fim da sua concretização, na totalidade, em fevereiro de 2025.Com um investimento total de cerca de 250 milhões de euros, o PGDL - primeiro anunciado em 2006, mas que só avançou em 2015, com Fernando Medina (PS) na presidência da autarquia - é considerado uma obra importante para enfrentar cheias e inundações na capital, mas as grandes intervenções, nomeadamente a construção de túneis, só arrancaram em 2023 sob a presidência de Carlos Moedas (PSD).A obra tem contemplado um investimento de 79 milhões de euros para 2025.Os dois túneis irão captar a água recolhida em dois pontos altos (Monsanto e Chelas), bem como em pontos adicionais de captação ao longo do seu percurso - nomeadamente Avenida da Liberdade, Rua de Santa Marta e Avenida Almirante Reis -, conduzindo o volume de água até ao meio recetor, o rio Tejo (em Santa Apolónia e no Beato), segundo informação no ‘site’ do PGDL..Lisboa conclui primeiro túnel do Plano Geral de Drenagem: 5 km contra cheias e desperdício de água.Câmara de Lisboa diz que plano de drenagem avança mesmo sem fundos da União Europeia