O processo de aprovação do Orçamento do Estado para 2025 e as eleições intercalares na Federação da Área Urbana de Lisboa do PS protelam anúncios oficiais, mas nem por isso impedem que o PS e a Aliança Democrática (AD), mas também as restantes forças partidárias, estejam a preparar a disputa pela Câmara de Sintra. Sobretudo porque Basílio Horta, o fundador do CDS-PP que conduziu os socialistas à vitória em 2013, 2017 e 2021, sairá de cena no próximo ano, por limitação de mandatos, abrindo caminho a um novo ciclo no segundo concelho mais populoso de Portugal, que lidera o ranking financeiro entre os municípios de grande dimensão..No que toca à Aliança Democrática, tudo indica que Marco Almeida vá encabeçar a lista, no que será a terceira tentativa de conquistar a presidência, após dois duelos com Basílio Horta - no primeiro, em 2013, num movimento independente, ficou a 1739 votos da vitória, mas o fosso alargou-se para 18 578 votos em 2017, mesmo à frente da coligação PSD-CDS-PPM-MPT..Ao longo dos últimos meses, os sociais-democratas têm ponderado soluções mais mediáticas, como o apresentador de televisão Manuel Luís Goucha e o ex-primeiro-ministro, ex-presidente da Câmara de Lisboa e atual presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes. No entanto, Marco Almeida tem a seu favor o conhecimento de um concelho complexo, que junta zonas rurais e urbanas, com uma população com díspares níveis de rendimento, bem como a noção, nos órgãos nacionais, distritais e concelhios do PSD, de que poderá avançar, mesmo que queiram outro candidato..Nas últimas semanas, Marco Almeida anunciou que não irá renovar o mandato de presidente da Delegação de Sintra da Cruz Vermelha Portuguesa. Num vídeo publicado no Facebook, o veterano de vários Executivos Municipais sintrenses assumiu que quer “seriamente abraçar” o que disse serem “projetos interessantes” no plano autárquico. E, no site oficial (marcoalmeida.net), promete “novidades para breve”..Entre a AD existe um otimismo cauteloso quanto às hipóteses de reconquistar a Câmara de Sintra, depois de Basílio Horta conduzir o PS a três vitórias, que puseram fim a outro ciclo de 12 anos, com Fernando Seara a ser eleito nas listas da coligação PSD-CDS em 2001, 2005 e 2009. Assim indicam sondagens internas dos partidos..PS olha para ex-governantes.Embora a estratégia do PS para as próximas Autárquicas, que vão decorrer em setembro ou outubro de 2025, envolva tomar cidades como Lisboa, Porto, Coimbra e Setúbal, a importância de manter Sintra leva a que os socialistas estejam a testar nomes conhecidos, parecendo afastada a hipótese de irem a votos encabeçados pelo atual vice-presidente (e líder da Concelhia) Bruno Parreira. E, nessas pesquisas, ganham ênfase figuras que integraram os Governos de António Costa..Ao que o DN apurou, o PS tem em curso mais uma sondagem em busca do candidato - ou da candidata - com maiores hipóteses de travar os sinais de viragem de Sintra à direita, sendo até agora o antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, quem se vai destacando. Ao ponto de o antigo presidente da Federação de Setúbal já ter participado em iniciativas do partido no concelho. Foi o caso de uma sessão dedicada a debater o Orçamento do Estado para 2025 com os militantes da secção de Queluz e Belas..Outras possibilidades testadas pelo PS também têm em comum o estatuto de ex-governante: Ana Mendes Godinho, ex-ministra do Trabalho e Solidariedade, Alexandra Leitão, ex-ministra da Reforma Administrativa, Pedro Siza Vieira, ex-ministro da Economia, ou Mariana Vieira da Silva, ex-ministra da Presidência. Desejado, mas indisponível, o ex-ministro do Ambiente e antigo presidente da FAUL, Duarte Cordeiro - que se excluiu de cargos políticos até ser ilibado na investigação judicial Tutti-Frutti -, era visto como a solução ideal para Sintra. E ainda mais para Lisboa..Chega olha para Frazão.Terceira força política no concelho nas Legislativas e nas Europeias deste ano, o Chega aponta a, no mínimo, voltar a estar presente no Executivo Camarário, preferencialmente com mais do que um vereador..Ao que o DN apurou, o escolhido para cabeça de lista deve ser o deputado Pedro dos Santos Frazão, que em 2021 foi eleito em Santarém. O vereador em Sintra foi Nuno Afonso, que entretanto abandonou o partido, sem renunciar ao mandato. E também ele deve voltar a candidatar-se em 2025, num movimento independente ou noutro partido.