Manuel Pinho só vai ao Parlamento após interrogatório do MP

PSD e PS pedem explicações. Manuel Pinho aceita esclarecer as suspeitas de que é alvo. Mas só depois de ser ouvido pelo MP

O ex-ministro da economia Manuel Pinho, arguido num processo no caso EDP, está disposto a prestar "todos os esclarecimentos" aos deputados, mas só depois de ser interrogado pelo Ministério Público (MP), segundo um comunicado do seu advogado.

"É sabido que as dúvidas que justificam essa diligência nasceram a partir da divulgação pela comunicação social de documentação que constará do processo em que foi constituído arguido (e onde há mais de dez meses aguarda por ser ouvido) e com a qual ainda não foi confrontado pela autoridade judiciária competente", adianta um comunicado enviado às redações.

Desta forma, Manuel Pinho entende "que essa audiência apenas pode ter lugar depois de ser interrogado pelo Ministério Público", acrescentou o seu advogado, Ricardo Sá Fernandes.

Leia o comunicado na íntegra

Os deputados do PSD e do PS pediram a audição do ex-ministro do governo de José Sócrates para esclarecer as alegadas suspeitas que lhe têm sido imputadas, nomeadamente pelo jornal 'on-line' Observador, segundo o qual há suspeitas de Manuel Pinho ter recebido, entre 2006 e 2012, cerca de um milhão de euros.

O advogado revela que Manuel Pinho está na China, em atividade académica para dar aulas e fazer conferências, "mas deslocar-se-á a Portugal quando necessário, desde que avisado com antecedência razoável"

Segundo Ricardo Sá Fernandes, o ex-ministro, tendo sabido da iniciativa do PSD de solicitar a sua audição na Assembleia da República "agradece a oportunidade que lhe é dada e vem dizer que prestará todos os esclarecimentos atinentes às questões que os deputados lhe queiram colocar relativamente quer ao período em que foi ministro, quer antes, quer depois", mas que só fará depois de ser interrogado pelo Ministério Público.

De acordo com o jornal, os pagamentos terão sido realizados a "uma nova sociedade 'offshore' descoberta a Manuel Pinho, chamada Tartaruga Foundation, com sede no Panamá, por parte da Espírito Santo (ES) Enterprises - também ela uma empresa 'offshore' sediada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas e que costuma ser designada como o 'saco azul' do Grupo Espírito Santo".

As transferências, descreve o Observador, que cita um despacho de 11 de abril dos procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto nos autos do caso EDP, "terão sido realizadas 'por ordem de Ricardo Salgado' ao 'aqui arguido, ex-ministro da Economia Manuel Pinho'".

O PS é favorável à audição "o mais depressa possível", no Parlamento, do ex-ministro da Economia Manuel Pinho sobre o "caso insólito" de alegados pagamentos, pelo BES, quando estava no Governo, informou hoje o líder parlamentar do PS.

Para o líder da bancada socialista, é necessário "escrutinar todas as decisões que ele pessoalmente tomou enquanto foi governante e que se possam relacionar com a situação que lhe é imputada e que ainda não desmentiu".

O PSD vai tomar a iniciativa de chamar o ex-ministro Manuel Pinho ao parlamento no sentido de ele poder dar, do ponto de vista político, as explicações que ache que deve dar ao país", declarou o líder social-democrata.

Rui Rio espera que Manuel Pinho "aceite a ida ao parlamento, explique o que tiver de explicar e, preferencialmente, que esteja em condições de negar tudo aquilo que lhe tem sido imputado em diversas notícias".

Aquilo que me preocupa neste momento é que em Portugal temos ouvido uma série de notícias sobre corrupção e sobre compadrio na política e que isto não é compaginável, naturalmente, com uma democracia saudável

CDS A FAVOR DA AUDIÇÃO DE MANUEL PINHO

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, disse hoje que o seu partido votará favoravelmente o pedido para a audição no parlamento do antigo ministro Manuel Pinho, para esclarecer alegadas suspeitas de que é alvo.

"O CDS, certamente, votará favoravelmente esse pedido, na certeza de que não há uma obrigatoriedade de comparência do anterior ministro, porque não está em funções", afirmou hoje aos jornalistas Assunção Cristas, durante uma visita à 35.ª feira Ovibeja, que decorre em Beja.

A presidente do CDS-PP lembrou que "há um processo judicial em curso", relativamente às alegadas suspeitas que têm sido imputadas, em diversas notícias, a Manuel Pinho, pelo que o seu partido concorda com a audição do ex-governante do governo de José Sócrates na Assembleia da República.

"Nós com certeza que viabilizaremos e votaremos a favor dessa mesma proposta", sublinhou.

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