O Partido Socialista mostrou o desagrado com a aprovação da segunda versão da Lei dos Estrangeiros, que teve o apoio de PSD, Chega, CDS-PP, IL e JPP, e votou contra por entender que não eram suficientes as alterações principais. A votação depois do veto do Tribunal Constitucional foi, novamente, feita com urgência e antes do período de suspensão do Parlamento para as autárquicas. José Luís Carneiro saiu da Assembleia da República convicto de que Marcelo Rebelo de Sousa não enviará para o Constitucional a lei, mas ficou mais um dado de como a reaproximação ao Governo é, nesta altura, um cenário rejeitado. Para o PS, sabe o DN, continuam a faltar compromissos em áreas centrais e dizem, fontes dos socialistas, que o diálogo com o governo não é recorrente ou com efeito em medidas práticas. Nos últimos dois meses, José Luís Carneiro pediu reuniões com Luís Montenegro e apresentou propostas várias [ver mais detalhado abaixo], passando por Habitação, Saúde, Defesa e Justiça, que, até aqui, não passaram da gaveta, sem que tenham existido respostas ou explicações do primeiro-ministro. Nem sequer agendamentos para que haja uma construção de projetos de lei com a influência do PS.Ao invés, o líder do Governo tem preferido dizer publicamente, nomeadamente no Parlamento, que a perda de força política do PS deve motivar uma governação com outros parceiros, neste caso o Chega, em grande parte dos temas, e que a menor expressão eleitoral da esquerda encaminha leis mais à direita. A apropriação de bandeiras do Chega origina a erosão em possíveis acordos com o PS e, sem estar definida uma orientação de voto em relação ao Orçamento de Estado, há a consciência de que muitas matérias irão ao encontro do partido de André Ventura. O PS não prevê apoiar as políticas até agora sugeridas, mas a decisão final não está tomada até conhecer o texto do documento.Para já, José Luís Carneiro tem reunido com o Conselho Estratégico, abordará com os principais dirigentes do partido a estratégia na negociação no Parlamento. Essa postura de diálogo, estabelecida desde que foi nomeado secretário-geral, depende de reciprocidade e que o Governo não continue a privilegiar o Chega nas negociações. Sabe o DN que o PS acredita que tanto a Lei de Bases da Saúde como as alterações à lei laboral serão discutidas fora do Orçamento de Estado, até porque há uma impossibilidade de tempo para que se avancem as propostas a tempo útil, podendo ser necessária uma adaptação das mesmas para acomodar os desejos do Chega para a aprovação do documento: no caso, falam-se de mais de 100 medidas laborais, nomeadamente a facilitação da justa causa, o aumento da duração dos contratos a termo certo e a exigência de atestado para amamentação.Recorde-se que Luís Testa, deputado do PS, disse ao DN na sexta-feira que o PS não foi chamado à discussão na Habitação e que, apesar de garantias de que não entrariam no Orçamento de Estado, “as propostas apresentadas são de matéria fiscal e têm implicações orçamentais”. O mesmo se poderia dizer das questões laborais caso incluídas.Para já, não estão marcados encontros entre Carneiro e Montenegro. O apoio à privatização da TAP foi ponto de acordo, a descida do IRS de 500 milhões de euros também e o PS mantém-se ao lado do Governo na afirmação de que é preciso a construção de um novo aeroporto para Lisboa. A ministra da Saúde deixou claro que a proposta de emergência médica assinalada pelo PS era tida em conta, mas não há novidades na implementação.Principais propostas do PS por áreaSaúde O PS propõe a criação de uma unidade de coordenação permanente para as emergências hospitalares, acusando o Governo de falhas na gestão de ativos e contratação de profissionais.Justiça Os socialistas avançaram com um pacote de 15 medidas para a Justiça, incidindo na desburocratização, mais força na Justiça civil e administrativa e novos modelos de avaliação dos juízes.Habitação Por todo o território, o PS diz querer dinamizar as cooperativas para habitação, aumentar a construção pública, de renda acessível e a aposta modular como resposta de emergência.DefesaOs socialistas querem um acordo para o plano de capacitação da Defesa, um plano parlamentar conjunto e pedem a canalização do investimento na Defesa para a Proteção Civil. .José Luís Carneiro defende que há espaço para negociar com o Governo.PS perde acordo com o PSD e Chega ajuda a aprovar lei que reduz entrada de imigrantes