Miguel Albuquerque, presidente do governo regional da Madeira, acompanhou Marques Mendes numa ação de campanha nas ruas do Funchal.
Miguel Albuquerque, presidente do governo regional da Madeira, acompanhou Marques Mendes numa ação de campanha nas ruas do Funchal.FOTO: HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Presidenciais 2026. Marques Mendes diz que polémica em torno dos seus rendimentos "baixa o nível da campanha"

O candidato presidencial garante estar a "esclarecer tudo" em relação aos seus rendimentos numa sociedade de advogados como consultor externo. E acusa Cortim Figueiredo de fazer "baixa política".
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O candidato presidencial Luís Marques Mendes afirmou esta quinta-feira, 18 de dezembro, que a polémica em torno dos seus rendimentos numa sociedade de advogados “baixa um bocadinho o nível da campanha”, mas assegurou que tudo fará para que isso não aconteça.

Em declarações no Funchal, o candidato recusou que o seu caso tenha alguma semelhança ao caso Spinumviva, que envolveu o primeiro-ministro Luís Montenegro, cuja averiguação preventiva foi arquivada na terça-feira.

“Tenho esclarecido e esclarecerei tudo. Eu tive uma sociedade familiar, já está dissolvida”, referiu, reafirmando que já se comprometeu a divulgar os clientes dessa empresa assim que obtenha autorização, apontando, por outro lado, que relativamente à sociedade de advogadas na qual era consultor externo os clientes não podem ser conhecidos devido ao sigilo profissional.

Luís Marques Mendes falava na rua Dr. Fernão de Ornelas, uma das mais movimentadas do Funchal, onde esteve em contacto com a população, acompanhado do presidente do Governo da Madeira e líder do PSD/regional, Miguel Albuquerque, de quem tem o apoio, e de outros membros do partido na região.

A revista Sábado noticiou na quarta-feira que o candidato presidencial recusava esclarecer como ganhou 709 mil euros nos últimos dois anos enquanto consultor externo da sociedade Abreu Advogados.

Em causa estão 413.247,58 euros recebidos em 2023 e 296.309,37 euros em 2024, valores que Marques Mendes não explica relativamente à origem exata dos honorários e sobre possíveis conflitos de interesses.

Questionado se teme que esta situação possa “contaminar de alguma forma a candidatura”, Marques Mendes disse “não ter receio de espécie nenhuma”, salientando que “essa é uma parte política” e que o caso Spinumviva “provou que Luís Montenegro não deixou de ganhar eleições, apesar de a campanha estar intensa”.

“Agora, baixa um bocadinho o nível da campanha. E eu farei todos os possíveis para não baixar o nível da campanha”, declarou.

“E dou aqui um exemplo. Um adversário meu, Cotrim Figueiredo, tem vindo a baixar bastante o nível da campanha. Eu acho lamentável, ele teve um debate comigo, teve a oportunidade de concretizar o que quisesse concretizar, acusações ou insinuações, não foi capaz de concretizar nada na minha frente e cara a cara, e agora anda nas minhas costas a dizer mal de mim e a fazer ataques pessoais. […] Isto é baixa política”, acrescentou.

O candidato apoiado pelos partidos que compõem o Governo, PSD e CDS-PP, garantiu que não vai “pagar na mesma moeda” e continuará a fazer a sua campanha com ideias e “pela positividade”.

Marques Mendes disse ainda que suspendeu a sua atividade como advogado na ordem profissional e desvinculou-se da sociedade Abreu Advogados para ser candidato à Presidência da República, cujas eleições decorrem em 18 de janeiro.

E afirmou também que espera que os seus “adversários também façam a divulgação de todas as situações semelhantes que tenham e que a transparência seja para todos”.

Esta quinta-feira, Henrique Gouveia e Melo admitiu que Marques Mendes pode ser prejudicado nas eleições presidenciais se não esclarecer a dúvida que paira sobre si. “Porque é que eu acho que deve haver um esclarecimento? Para que não paire a dúvida. Nós devemos evitar que um Presidente seja eleito com uma dúvida que depois arrasta para dentro da Presidência”, defendeu.

“Julgo que o doutor Luís Marques Mendes, com a sua experiência e a sua capacidade de analisar também o sistema político, perceberá que essa dúvida o pode prejudicar verdadeiramente. E será do maior interesse dele fazer esse esclarecimento, parece-me, mas também será do maior interesse dos portugueses”, destacou, lançando algumas questões: "Será que esses interesses vão limitar a capacidade de decisão no futuro? Vão condicionar essa capacidade de decisão? Será que a pessoa que vai ser eleita será refém de um conjunto de lógicas que não são as lógicas do interesse nacional?”.

António Filipe, outro candidato presidencial, lembrou que Marques Mendes, que tem “invocado retidão ética”, tem de dar o exemplo e cumprir as suas obrigações declarativas.

“As obrigações declarativas são rigorosas e pormenorizadas e, isso, tem que ser cumprido, sobretudo com Luís Marques Mendes que, ao longo da campanha presidencial, tem invocado a sua retidão ética e eu creio que tem que dar o exemplo, portanto, as suas obrigações declarativas devem ser integralmente cumpridas”, disse o candidato, apoiado pelo PCP no final de uma visita às Oficinas da Comboios de Portugal (CP) em Guifões, no distrito do Porto, sublinhando que o país tem o direito de saber a que interesses é que está ligado, até porque "Presidente da República é um cargo da mais absoluta exclusividade”.

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