Luís Montenegro.
Luís Montenegro.EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

PM diz que "mensagem política" da flotilha está "executada" e espera regresso dos portugueses sem incidentes

Montenegro manifestou a disponibilidade de o Governo português participar "se houver necessidade de algum mecanismo de cooperação" com outros países.
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Luís Montenegro falou esta quinta-feira, 2 de outubro, sobre a detenção de ativistas que seguiam na flotilha humanitária até Gaza, entre os quais três portugueses, por parte de Israel. O primeiro-ministro considera que a "mensagem política" dos participantes está "executada" e espera que o regresso dos portugueses "possa acontecer sem nenhum tipo de incidente".

“Do ponto de vista da mensagem política, ela estará neste momento executada. A ajuda humanitária propriamente dita que a flotilha levava, aquilo que desejo eu é que toda a ajuda humanitária – que vai muito para além, mas muito mesmo para além daquilo que esta iniciativa proporcionava - deve ser garantida”, declarou o líder do Governo aos jornalistas em Copenhaga, capital da Dinamarca.

“Se me pergunta se fosse eu a querer emitir uma mensagem política se fazia daquela maneira, eu não faria daquela maneira. Mas tenho respeito, naturalmente, por aqueles que pensam de maneira diferente”, prosseguiu Montenegro, que recordou que “há muito tempo que Portugal tem sido insistente no contexto internacional relativamente à necessidade de observar não só todo o direito humanitário que vigora na ordem jurídica internacional, como a situação concreta que é preciso ultrapassar de fazer chegar àquele território toda a ajuda humanitária”.

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Para o chefe do executivo português, o que interessa ao Governo neste momento “é salvaguardar a forma tranquila com que os nossos cidadãos devem ter oportunidade de regressar ao nosso território”, frisando que "não é de desprezar a circunstância de uma destas pessoas ser, além do mais, titular de um órgão de soberania”, numa referência à coordenadora e deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua.

Também a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte foram detidos esta quarta-feira pelas autoridades israelitas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel anunciou esta quinta-feira que alguns dos ativistas da flotilha vão ser transferidos para território israelita e irá iniciar os procedimentos de deportação para a Europa, garantindo que os detidos "estão seguros e de boa saúde".

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As detenções aconteceram depois de as forças navais terem intercetado pelo menos 13 embarcações da Flotilha Sumud Global, cortando "as transmissões em direto e as comunicações", o que a organização da iniciativa humanitária considera “um ataque ilegal contra trabalhadores humanitários desarmados”.

Montenegro espera que "tudo se vá processar com grande normalidade e que o retorno destes portugueses possa acontecer sem nenhum tipo de incidente”.

“Tem sido esse o quadro que nos tem sido transmitido pelas autoridades israelitas”, acrescentou, manifestando a disponibilidade de o Governo português participar "se houver necessidade de algum mecanismo de cooperação" com outros países.

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“O que temos de salvaguardar é o apoio consular aos cidadãos portugueses e a forma tranquila como queremos que eles regressem a Portugal”, acrescentou.

O primeiro-ministro lembrou que, antes das detenções, o Governo apelou "a um cuidado redobrado a partir do momento em que a flotilha estava a aproximar-se do território de Israel e também de Gaza”.

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