Miguel Albuquerque considera que não há motivo para Luís Montenegro se demitir
O chefe do governo regional da Madeira em gestão e líder do PSD regional, Miguel Albuquerque, defendeu este sábado que não há motivo para o primeiro-ministro, Luís Montenegro, apresentar a demissão.
“Eu acho que, neste momento, o que o presidente do PSD tem de fazer, dado o ambiente de suspeição generalizado em que se vive, é esclarecer o que tem para esclarecer. Mais nada”, afirmou.
Segundo Miguel Albuquerque, o caso da empresa detida pela família de Montenegro não é motivo para este se demitir do cargo de primeiro-ministro.
“Mas porquê? Ele roubou alguma coisa a alguém?”, questionou, para logo acrescentar: “Ele esteve fora da política. Quando esteve fora da política, exerceu as suas atividades".
Manifestando-se "totalmente contra" a lei das incompatibilidades de titulares de cargos políticos e públicos, Albuquerque defendeu que esta “está a funcionalizar os políticos e está a pôr na política pessoas que nunca fizeram nada".
“Quem é que vai para a política? Vão recrutar santos? Santos não existem”, ironizou. Albuquerque avisou que esta circunstância vai gerar, no futuro, problemas ao nível do exercício dos cargos políticos e públicos.
“Com esta história das denúncias anónimas e de toda a gente estar a injuriar e a difamar toda a gente e a levantar suspeições, quem é que a sociedade vai recrutar para o exercício de cargos políticos?”, questionou defendendo que é bom que as pessoas que exercem cargos públicos "tenham um currículo de vida privada, que tenham tido empresas, que tenham desempenhado funções na sociedade, tenham sido empresários, tenham sido bons arquitetos, bons advogados, tenham sido bons investidores”.
O primeiro-ministro faz este sábado, às 20h00, uma comunicação ao país para anunciar as suas “decisões pessoais e políticas” após ter sido revelado que a empresa detida pela sua mulher e filhos recebe uma avença mensal de 4.500 euros do grupo Solverde.
O Governo Regional minoritário do PSD na Madeira foi derrubado em 17 de dezembro de 2024 com a aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega, que a justificou com as diferentes investigações judiciais envolvendo o chefe do executivo, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos. Entretanto, o inquérito de um deles - Eduardo Jesus, secretário de Economia, Turismo e Cultura - foi arquivado pelo Ministério Público.
Marcelo Rebelo de Sousa decidiu dissolver o parlamento madeirense e convocar novas eleições regionais antecipadas em 23 de março . É o terceiro sufrágio em cerca de um ano e meio.
(com Lusa)