Medina e Moedas na passagem de testemunho na Câmara de Lisboa, em 2021.
Medina e Moedas na passagem de testemunho na Câmara de Lisboa, em 2021.Foto: Filipe Amorim / Global Imagens

Elevador da Glória. Equipa de Moedas recusa comparações com Coelho e Medina

Coligação Por Ti, Lisboa reage a "tentativas de especulação e aproveitamento político" do acidente que matou 16 no Elevador da Glória. E marca diferenças em relação a Entre-os-Rios e ao "Russiagate".
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A equipa de campanha de Carlos Moedas recusa comparações que têm sido feitas entre o presidente da Câmara de Lisboa e os socialistas Jorge Coelho e Fernando Medina, nas quais Moedas tem sido acusado, na sequência do acidente que causou 16 mortes no Elevador da Glória, de não assumir responsabilidades, ao contrário do então ministro das Infraestruturas, já falecido, aquando da queda da ponte de Entre-os-Rios, em 2001, e de pedir a demissão do seu antecessor, por a autarquia ter divulgado dados de ativistas contra o regime de Putin à Embaixada da Rússia, no escândalo que ficou conhecido por "Russiagate" e implicou o pagamento de uma coima de 738 mil euros.

Para a coligação Por Ti, Lisboa, que junta PSD, CDS e Iniciativa Liberal, as comparações com o caso de Jorge Coelho, que tem sido apontado como um dos raros casos de responsáveis políticos que tiraram consequências de mortes numa área que tutelavam, esbarram no facto de o gabinete do ministro do segundo Executivo de António Guterres ter recebido relatórios da Junta Autónoma das Estradas (JAE) que chamavam a atenção para o risco de colapso da ponte Hintze Ribeiro. Algo que se veio a comprovar a 4 de março de 2001, quando o tabuleiro centenário cedeu, arrastando para a morte 59 ocupantes dos veículos que caíram ao rio Douro.

Pelo contrário, fontes próximas da coligação Por Ti, Lisboa realçam que não havia tais alertas no Elevador da Glória, nem indícios de falhas de manutenção como as que contribuíram para a tragédia de Entre-os-Rios. Ao ponto de a estrutura igualmente centenária, que é uma das atrações turísticas da capital, ter sido inspecionada poucas horas antes do acidente.

Também no que toca à analogia com Fernando Medina, a equipa de Moedas contrapõe que o então presidente da Câmara de Lisboa autorizou a partilha de informações pessoais sobre os ativistas russos que organizaram um protesto na capital, no ano de 2021, contra a detenção do dissidente Alexei Navalny, que acabaria por morrer numa prisão na Rússia. Uma decisão que fez perigar a vida dos envolvidos e que acabou por ter um forte impacto nas contas da autarquia.

Também está a ser refutada a publicação nas redes sociais do antigo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que escreveu nesta sexta-feira que "Moedas é prisioneiro das suas próprias declarações em 2021, quando exigiu a demissão de Fernando Medina", acrescentando que para sabermos quem tem responsabilidade política "não é preciso esperar por nenhuma investigação". E recordadas as declarações do então ministro das Infraestruturas, quando o descarrilamento de um comboio Alfa Pendular fez duas vítimas mortais em Soure. Nessa altura, em 2020, Pedro Nuno Santos defendeu que não se deve "especular sobre as causas do acidente" antes das conclusões do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários.

Medina e Moedas na passagem de testemunho na Câmara de Lisboa, em 2021.
Leia aqui o relatório da inspeção ao elevador da Glória que foi feita no dia do acidente

Após a socialista Alexandra Leitão, cabeça de lista da coligação Viver Lisboa, que junta o PS, o Livre, o Bloco de Esquerda e o PAN, ter dito na noite de quinta-feira, em entrevista à SIC Notícias, que, "com a moderação que me é conhecida", não pede a demissão de Carlos Moedas, "ao contrário do que o próprio fez em 2021 com Fernando Medina", o Chega anunciou nesta sexta-feira a apresentação de uma moção de censura ao executivo camarário, a ser discutido na Assembleia Municipal de Lisboa na próxima terça-feira.

Fontes próximas da campanha de Carlos Moedas admitem que o Chega tenha "todo o direito de apresentar as moções que entender", embora mesmo uma eventual aprovação tivesse reduzidas consequências, na medida em que as eleições autárquicas decorrem pouco mais de um mês a seguir. E um dos partidos que integram a coligação, o CDS, deixou claro, em comunicado emitido ao final de tarde desta sexta-feira, que "não pactua com as tentativas de especulação e de aproveitamento político sem prévio apuramento dos factos".

Entre a coligação Por Ti, Lisboa destaca-se que Carlos Moedas, que foi avisado do acidente quando estava numa ação de campanha, deslocando-se de imediato para o local, tem estado a acompanhar diariamente os bombeiros e elementos da Proteção Civil que prestaram socorros às vítimas, "evitando ao máximo o circo mediático nessas visitas".

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