A eleição presidencial de janeiro de 2026 começa a acelerar e os partidos, cada vez mais, estão a selecionar candidaturas próprias para a corrida a Belém. Para o posto de Marcelo Rebelo de Sousa, em fim de mandatos, o Chega discutirá soluções internas e reúne esta sexta-feira, em Lisboa, o Conselho Nacional, tendo, como ponto único, o debate da solução para as presidenciais. Inequivocamente, André Ventura é o nome mais forte e os militantes irão, tudo indica, deixar clara a preferência pelo presidente, apesar de o Chega estar à frente em sondagens para as Legislativas pela primeira vez. “O Presidente André Ventura vai ouvir os conselheiros e tomará uma decisão nos próximos dias, se avançará para uma candidatura ou se haverá outro candidato a aparecer no partido”, elenca Pedro Pinto, líder parlamentar e secretário-geral do Chega, garantindo ao DN que André Ventura não tem uma decisão tomada, mas que o apoio conjuntural é inequívoco: “O nosso presidente é a única pessoa insubstituível no partido.”Em 2021, André Ventura acumulou 11,9% dos votos, um ponto percentual abaixo de Ana Gomes, sem apoio oficial do PS, e acabaram derrotados por Marcelo Rebelo de Sousa com 60% dos votos à primeira volta. A possível dispersão de votos à esquerda e as várias candidaturas de partido - Catarina Martins anunciou a intenção na quarta-feira, Cotrim de Figueiredo, da IL, a 13 de agosto - levam o Chega a avançar a solo. “O Chega, como segunda força política, não pode ficar fora desta luta eleitoral. Uma coisa era ser um partido pequeno, outra é ter agora um papel diferente como tem”, realça Pedro Pinto, descartando Gouveia e Melo que, tal como António José Seguro, continua sem apoios partidários. “Gouveia e Melo está fora de questão, nestas últimas tomadas de posição ficou claro que está fora de questão. Está a aliar-se à extrema esquerda”, comenta o secretário-geral do Chega. A ausência de Rui Moreira da corrida é outro fator importante, porque Ventura considera que poderia haver dispersão de votos para o presidente da Câmara do Porto em final de mandato.Ventura foi ontem muito criticado por, na oposição à visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Berlim, ter dito que o Presidente da República iria a um festival de hambúrgueres, errando na tradução, que queria sim dizer Festival de Cidadãos. Reconheceu o “lapso”, mas disse que “Marcelo é que se devia desculpar por viajar com o dinheiro dos impostos.”Livre estuda Catarina MartinsGorada a possibilidade de uma candidatura unitária à esquerda, o Livre vai levar a referendo, ainda sem data marcada, mas previsivelmente depois das Autárquicas de daqui a um mês, os candidatos da sua área política. António Filipe, António José Seguro e Catarina Martins irão a votos para os apoiantes do partido, embora seja claro, sabe o DN, que a ex-coordenadora do Bloco de Esquerda é a opção mais consensual. Seguro é tido como um candidato mais ao centro, o que justifica a falta de apoio de certas bases do PS, e António Filipe, apesar do apreço parlamentar, está conotado com o Partido Comunista Português. A proximidade ideológica com Catarina Martins em matérias estruturantes nacionais, na ecologia, defesa dos trabalhadores e serviços públicos poderá encaminhar que o partido escolha a bloquista, apesar de ter tido nas últimas legislativas seis deputados, enquanto o Bloco apenas um.Porém, o Livre aguarda por um nome do próprio partido ou independente que garanta as bandeiras da esquerda ecológica europeia de modo a marcar presença nas eleições. Rui Tavares, o porta-voz, não tem intenções de se candidatar, sabe o DN. .Os candidatosMilitares de regressoO almirante Gouveia e Melo não tem filiação partidária e ficou mediático na coordenação da vacinação na covid-19. Candidata-se a ser o segundo militar em Belém na democracia portuguesa.Seguro ainda aguardaAntónio José Seguro apresentou candidatura a Belém a 15 de junho, 13 dias antes da eleição do novo secretário-geral do PS, posição que também ocupou. O socialista acredita que terá apoio de José Luís Carneiro após as Autárquicas.Marques Mendes fintou concorrênciaO Conselho Nacional do PSD aprovou a candidatura de Marques Mendes a 30 de maio, três meses depois de o ex-secretário-geral ter-se apresentado. Passos Coelho e Santana Lopes foram equacionados.Esquerda sem agregaçãoSampaio da Nóvoa agradava a Bloco, Livre e PS, mas a ausência do docente universitário dissipou a agregação à esquerda. Catarina Martins avançou na quarta-feira, o Livre estuda se a apoia ou se tem candidatura própria. O PCP, à margem, lançou António Filipe.Cotrim e ideia liberalJoão Cotrim de Figueiredo é o candidato da Iniciativa Liberal, que não se revia em Marques Mendes ou Gouveia e Melo. No espetro liberal, José Cardoso, dissidente da IL, fundou o Partido Liberal Social e assumiu candidatura.Partidos sem assento parlamentarManuela Magno pertence ao Volt, mas diz-se independente do partido na segunda corrida a Belém. Joana Amaral Dias é apoiada pelo ADN. Tino de Rans foi fundador do RIR.Sociedade civil imperaAndré Pestana, professor e coordenador do sindicato Stop, de 48 anos, teve percurso no Bloco e no MAS. Raul Perestrello, empresário madeirense de 65 anos, anunciou em julho a candidatura para "honrar as tradições" de Portugal. Angela Maryah, autointitulada "coach" internacional, disse em junho querer ser uma Presidente "pioneira". Está inscrita no Portal da Candidatura do Ministério da Administração Interna, tal como Bruno Morgado, membro da Associação dos Libertários Portugueses, também ele vincando a ideia de unir os liberais.Orlando Cruz, de 73 anos, promete candidatar-se pela quinta vez. Já esteve ligado a CDS ou PTP. Aristides Teixeira, presidente da Associação de Utentes da Ponte 25 de Abril e funcionário da RTP, de 65 anos, já foi pré-candidato duas vezes. Diz ocupar um lugar à esquerda, mesmo tendo sido candidato pelo CDS-PP.O tenente-coronel Pedro Tinoco de Faria também repete candidatura. Diz lutar pela soberania, sem identificar posicionamento político. Resta esperar pela formalização de candidaturas destes protocandidatos. .Presidenciais: 17 pré-candidatos e um espaço mais vazio à esquerda.Catarina Martins anuncia candidatura a Belém.Barómetro DN/Aximage: Eleitores do PS dizem que Ventura lidera a oposição