Montenegro em queda continua a ser o preferido para primeiro-ministro
Mesmo apesar da polémica em torno das avenças pagas à empresa Spinumviva e de ter apresentado uma moção de confiança, Luís Montenegro, líder do PSD e ainda primeiro-ministro, continua a ser o nome em quem os portugueses mais confiam para liderar um Executivo. A conclusão é do barómetro Aximage/DN, que ainda assim indica que o PS está à frente cinco pontos percentuais nas intenções de voto.
Com as 601 entrevistas a serem realizadas entre 6 e 8 de março (ou seja, já se sabendo que o Governo iria apresentar uma moção de confiança (colocando no horizonte a perspetiva de eleições antecipadas), 34% dos inquiridos viram em Luís Montenegro a figura certa para liderar os destinos do país. Todavia, apesar de continuar a merecer a confiança dos eleitores, o social-democrata perde bastante terreno em relação ao barómetro anterior, onde essa preferência estava nos 40%. Em sentido contrário - ainda que com uma subida ténue - está Pedro Nuno Santos, que passou a ser o preferido de 28% dos inquiridos (no mês passado obteve 27%). Mas há mais: a maior subida é a da opção “nenhum dos dois”, com 25% (antes, estava nos 18%). Já para 8% dos inquiridos qualquer uma das opções apresentadas teria a confiança para governar.
Estendendo este retrato às características de idade e género dos inquiridos, há ainda dois dados que saltam à vista: quase metade (43%) dos eleitores entre os 18 e os 34 anos preferem Luís Montenegro como primeiro-ministro; já para a faixa etária acima dos 65 anos, Pedro Nuno Santos é quem mais confiança tem para ser líder do Governo. No entanto, tanto o eleitorado masculino (33%) como o eleitorado feminino (34%) confiam mais em Luís Montenegro para ser primeiro-ministro.
Na correlação com o sentido de voto nas últimas legislativas, 75% dos votantes da AD acreditam que Luís Montenegro é a melhor opção para primeiro-ministro. Já 64% dos eleitores do PS confiam em Pedro Nuno Santos para chefe do Governo. Outro dado, pouco surpreendente: 64% dos eleitores do Chega acreditam que “nenhum dos dois” seria confiável o suficiente para liderar o país. E, ainda que como ressalva a própria Aximage, “as percentagens” referentes à IL (bem como as de BE, PCP, Livre e PAN) devam ser lidas “a mero título indicativo” (devido ao valor reduzido das bases), os eleitores dos liberais - que votaram a favor da moção de confiança ao Governo - acham que Luís Montenegro seria melhor opção do que Pedro Nuno Santos.
Oposição volta a ter apenas um líder: Pedro Nuno Santos
Outra das perguntas feitas pelo barómetro procurou perceber quem é identificado pelos portugueses como líder da oposição. E, ao contrário do que aconteceu no anterior, Pedro Nuno Santos (com 42%, tinha 39%) destaca-se de André Ventura (que tem 37% e mantém-se igual). Contudo, dada a margem de erro (4%) deste estudo, os líderes de PS e Chega podem estar mais separados por um ponto percentual (ou afastados por cinco).
No que toca ao desempenho da oposição, não há dúvidas: mais de metade (54%) dos inquiridos considera que tem tido um desempenho “mau” (38%) ou “muito mau” (16%). Os homens, em particular, consideram que os partidos que não suportam o Governo têm tido uma ação má (42%), com 35% a terem a mesma opinião.
Entre as classes sociais, as mais altas (A/B) consideram que a oposição tem tido um mau desempenho (43%), com a mais baixa (D) a achar que PS, Chega, IL, BE, Livre, PCP e PAN têm estado bem (36%).
Como seria de esperar, o eleitorado da AD nas últimas legislativas considera que a oposição tem estado “mal” (49%) ou “muito mal” (26%). Já metade dos eleitores socialistas consideram que a oposição tem atuado “bem”, com os eleitores do Chega a considerarem o mesmo - ainda que em menor percentagem (43%). Por sua vez, 63% dos eleitores liberais não se reveem nesta oposição (45% dizem ter estado “mal” e 18% “muito mal). À esquerda - e também com dados a título “meramente indicativo” -, os votantes do BE dizem que a oposição tem estado “mal” (48%), tal como a maioria dos eleitores do Livre (51%).
55% dizem que Governo tem atuado “mal” ou “muito mal”
Sobre o trabalho feito nos 30 dias que antecederam o barómetro (sabendo-se nesse período do caso Spinumviva), o Governo acaba por ver o desempenho a ter menor aprovação dos eleitores.
Segundo os dados do barómetro, 55% dos inquiridos dizem que o Governo tem atuado “mal” ou “muito mal”. Comparando com o desempenho do barómetro anterior, 47% dos eleitores tinham esta opinião sobre o Executivo.
Contudo, 62% dos eleitores da AD consideram que o Governo tem estado bem. Ao contrário de quem votou em PS (37%) e Chega (42%) nas últimas eleições legislativas. No entanto, a maioria da base eleitoral da Iniciativa Liberal (52%) tem opinião positiva sobre o Governo que agora cessará funções. À esquerda, a opinião é transversal, com os eleitores de BE (32%), de CDU (35%), Livre (63%) e PAN (30%) a terem opinião negativa sobre o Executivo. Comunistas e bloquistas têm, aliás, uma opinião pior do que os restantes, com 43% dos eleitores do BE e 51% dos do PCP a acreditarem que a governação foi “muito má”.
Ficha Técnica
Objetivo do Estudo: Sondagem de opinião realizada pela Aximage - Comunicação e Imagem Lda. para o DN sobre intenção de voto legislativo e temas da atualidade política.
Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal.
Amostra: Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género (2), grupo etário (4) e escolaridade (2). A amostra teve 601 entrevistas efetivas: 540 entrevistas CAWI e 61 entrevistas CATI; 291 homens e 310 mulheres; 129 entre os 18 e os 34 anos, 158 entre os 35 e os 49 anos, 157 entre os 50 e os 64 anos e 157 para os 65 e mais anos; Norte 203, Centro 131, Sul e Ilhas 79, Área Metropolitana de Lisboa 188
Técnica: Aplicação online - CAWI (Computer Assisted Web Interviewing) - de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para os indivíduos com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas - metodologia CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing) do mesmo questionário devidamente adaptado ao suporte utilizado, ao subuniverso utilizado pela Aximage nos seus estudos políticos. O trabalho de campo decorreu entre 6 e 8 de março de 2025.
Taxa de resposta: 74,39%.
Margem de erro: O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de + ou - 4,0%.
Responsabilidade do estudo: Aximage - Comunicação e Imagem Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.