Se as eleições tivessem sido ontem, domingo, 24 de novembro, e não a 10 de março deste ano, pouco ou nada mudaria. Nem os acontecimentos anteriores a 13 de novembro [dia do início da recolha de respostas] nem nada do que sucedeu até dia 19 [último dia do trabalho de campo] alteraram de forma significava o sentido de voto nas três principais forças políticas. .A Aliança Democrática (AD), de Luís Montenegro e Nuno Melo, que nas Eleições Legislativas de março somou 28,8% dos votos (um total de 1 867 013 eleitores) teria agora o voto de 29,8% dos portugueses. No mês passado, a percentagem era ligeiramente superior (32,1%), mas quer num caso, quer noutro, olhando à margem de erro de +-3,5%, tudo oscilaria nesta margem sem grandes diferenças..No PS, de Pedro Nuno Santos, o cenário é em tudo idêntico. Nas Legislativas, os socialistas obtiveram 28% dos votos (1 812 469 eleitores) e teriam agora um pouco mais: 28,6%. Este valor é precisamente o resultado na intenção de voto registada em outubro, mas a questão é precisa- mente a mesma: a margem de erro na sondagem elaborada pela Aximage para o DN, com uma amostra efetiva de 802 entrevistas, coloca PS e AD no patamar de um empate técnico..No Chega sucede exatamente o mesmo. O partido de Ventura, que em março alcançou 18,1% dos eleitores (1 169 836 votos), estaria neste momento nos 18,2%. Ou seja, igual. Em outubro, os dados recolhidos colocavam a fasquia nos 15,1%, porém, tal como com PS e AD, são valores considerados dentro da margem de erro da amostra..O que explica esta inalteração? “Não há, nem houve mudanças significativas no eleitorado, porque não houve nenhum acontecimento que fosse suficientemente importante para provocar alterações”, considera António Costa Pinto, investigador no Instituto de Ciências Sociais de Lisboa, que sublinha “o benefício da dúvida” que é sempre dado a “um Governo há pouco tempo em funções”..“O Governo nem se portou muito bem, nem se portou muito mal. E já existem habituações a este tipo de fenómenos políticos, como os dos casos das ministras da Saúde e da Administração Interna. O PS já passou por isto dezenas de vezes quando era Governo”, explica. É o chamado “estado de graça”. E neste caso, acrescenta, “o PSD não foi demasiado para a direita, mantendo uma governação ao centro”..O dado mais diferenciador nos dados surge relacionado com a indicação da abstenção. Nas últimas Eleições Legislativas foi de 40,16%. Na sondagem da Aximage para o DN, a indicação é de 21,6% (32% em outubro), o que representaria uma percentagem abaixo da registada nas eleições de 1983 (22,21%) - e que desde 1976 nunca parou de crescer atingindo, por exemplo, em 2019 o valor recorde de 51,4%. .As diferenças, nestas três forças partidárias, agora registadas, encontram-se nas perdas e ganhos de eleitores por regiões..A AD - que em outubro tinha, pelos dados recolhidos, maior presença eleitoral no Norte, Sul e Ilhas e Centro - sofre agora uma recomposição com perdas em todas as regiões, exceto no Centro, com uma subida de 30,8% para 32,1%..As diferenças mais significativas registam-se no Sul e Ilhas (descida dos 33% para 25,5%) e na Área Metropolitana do Porto (queda de 30,5% para 26,7%). Norte e Centro são, nos dados de novembro, as duas regiões onde a AD tem maior capacidade eleitoral do que os restantes partidos..O PS, que regista maior peso do que todos os restantes na Área Metropolitana de Lisboa (subiu de 30,6% para 31%) e no Sul e Ilhas (passou dos 28,8% para 30,9%), subiu em todas regiões, exceto no Centro, onde em outubro, estava melhor colocado que todos os outros partidos: caiu dos 31,7% para 28,9%. .O partido de André Ventura, que não lidera nenhuma região, cresceu no Norte (tem agora 23% quando tinha 9,2%), na Área Metropolitana de Lisboa (passou de 16% para 19,4%) e no Sul e Ilhas tem uma subida de 13,8% para 14,7%. .Há duas descidas: Área Metropolitana do Porto (cai dos 15,9% para 14,1) e no Centro com uma ligeira queda de 18,3% para 18,2%. Norte e Área Metropolitana de Lisboa são, segundos estes dados, as duas regiões onde o Chega demonstra ter maior peso eleitoral..No caso da IL e BE, e “particularmente”, CDU, LIVRE e PAN as “percentagens” da sondagem, sublinha a própria Aximage, “devem ser lidas a mero título indicativo, dado o valor reduzido das respetivas bases”..A tendência, assinalada agora em novembro, coloca a IL, como quarta força política, o LIVRE como quinta (trocando de posição com o BE - agora sexto), CDU como sétima e PAN como oitava. .No caso dos Liberais, liderados por Rui Rocha, a sondagem aponta para um crescimento desde as Eleições Legislativas: 4,9% na votação de março, 6,3% na sondagem de outubro e 6,8% agora em novembro..O LIVRE segue tendência semelhante: 3,2% nas Legislativas, 3,5% na sondagem do mês passado e agora 4,1%..O BE oscila. O partido liderado por Mariana Mortágua que obteve 4,4% dos votos em março, subiu para os 5,5% na sondagem de outubro caindo, nesta última análise, para os 4%..Os dados da CDU sugerem uma queda [3,2% em março, 3,0% em outubro e 2,6% em novembro], porém como todos estes dados são inferiores à margem de erro da sondagem (+-3,5%) não é possível uma leitura exata, tal como avisa a Aximage - e o mesmo sucede com o PAN que registou 1,9% nas Legislativas, 2,3% no mês passado e 2,4% nesta última vaga..Ficha Técnica .Destinada a publicação e elaborada de acordo com um modelo proposto para a imprensa. Sondagem de opinião realizada pela Aximage - Comunicação e Imagem Lda. para o DN sobre temas da atualidade nacional política. Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostra: Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género (2), grupo etário (4) e escolaridade (2). A amostra teve 802 entrevistas efetivas: 688 entrevistas CAW e 114 entrevistas CATI; 372 homens e 430 mulheres; 181 entre os 18 e os 34 anos, 211 entre os 35 e os 49 anos, 204 entre os 50 e os 64 anos e 206 para os 65 e mais anos; Norte 277, Centro 183, Sul e Ilhas 114, Area Metropolitana de Lisboa 228. Técnica: Aplicação online - CAWI (Computer Assisted Web Interviewing) - de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para os indivíduos com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas - metodologia CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing) do mesmo questionário devidamente adaptado ao suporte utilizado, ao subuniverso utilizado pela AXIMAGE nos seus estudos políticos. O trabalho de campo decorreu entre 13 e 19 de novembro de 2024. Taxa de resposta: 67,86%. Margem de erro: O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de + ou - 3,5%. Responsabilidade do estudo: Aximage - Comunicação e Imagem Lda, sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.