Carla Castelo tem lugar de vereação em Oeiras desde 2021 e travou batalhas com Isaltino Morais durante estes quatro anos, que categorizou, em entrevista ao DN, a oposição de esquerda de “oportunista” e “extremista” (veja mais aqui). Contactada pelo nosso jornal, a ex-jornalista e especializada há vários anos em temas de ambiente, respondeu às afirmações. “Não falou de forma positiva, parece bastante zangado. Apelidar de extremista e de mentiroso quem se preocupa com os desafios do presente e do futuro, quem sinalizou a ameaça de rotura da ribeira canalizada de Algés, que esteve sem manutenção durante décadas, é não levar a sério questões graves. Mas tem tudo a ver com a postura, o presidente não gosta que os cidadãos na Câmara ou na Assembleia questionem, apresentem estudos para evitar algumas propostas”, denuncia, criticando o licenciamento “de edifícios junto à costa”, a insistência em projetos como a marina, “já chumbada pela Agência Portuguesa do Ambiente”, ou a “destruição de solos da Reserva Agrícola Nacional”, contestando ainda a ideia de falta de oferta de habitação, mas sim uma “crise de preços inflacionados devido a opções políticas que dão privilégios a estrangeiros endinheirados.” Atualmente a trabalhar em comunicação e gestão de projetos em soluções de energias renováveis, que acumula com a função de vereação, Carla Castelo vinca a “satisfação” por muitas das propostas “inicialmente chumbadas” serem “depois postas em prática pela Câmara”, repetindo que foi um “alerta” da sua coligação para “a avaliação da presença de amianto nas praias da Cruz Quebrada e Dafundo e no Passeio Marítimo de Algés.” Dá até o exemplo da importância de fiscalização ao atual presidente, recordando ter pedido “a discriminação das faturas dos almoços de trabalho investigados”, vincando “a preocupação com a utilização indevida de fundos públicos” em restaurantes, mas também “na propaganda institucional que Isaltino leva a cabo”, enumerando que cinco dos sete contratos celebrados entre a Câmara e a filha de Isaltino, entre 2010 e 2024, não foram “publicitados no portal dos contratos públicos.” Recuando a 2019, quando entrou no ativismo, reunindo com movimentos associativos de Caxias e outras freguesias, Castelo reitera a sua independência dos partidos que a ladeiam, Bloco de Esquerda, Livre e Volt. “Mais de metade dos candidatos são independentes, mas têm de ser indicados pelos partidos da coligação. Em 2021, fui indicada pelo Bloco, porque tinha mais força eleitoral do que o Livre, em 2025 invertem-se os papéis e isso também reflete os últimos resultados eleitorais. Primeiro e segundo candidatos são indicados pelo Livre”, explica, rejeitando a colagem ao Bloco que Isaltino Morais repetiu em várias ocasiões.Defendendo a mesma estratégia, ou seja, “rejeitar pelouros”, Carla Castelo tece críticas também ao PS, que aceitou pelouros em 2021, algo que Ana Sofia Antunes, agora candidata, disse não estar disponível. “Em fevereiro enviámos uma proposta de reunião à Concelhia e Distrital. Espantou-me que Ana Sofia Antunes tenha dito ao DN que lamentava não ter um acordo mais alargado, porque tínhamos toda a disponibilidade para conversar com o PS, mas não quiseram falar connosco”, assevera, apontando ainda a “relação de proximidade do PS com Isaltino” e espanto por ver o Partido Socialista “a abdicar de fazer oposição.”Para o mandato a que se candidata, salienta como propostas-chave a promoção de cooperativas de habitação, com cedência de terrenos ou imóveis públicos por períodos até 75 anos; a reconversão de escritórios desocupados e devolutos para habitação de renda acessível e um elétrico que sirva Algés, Miraflores, Linda-a-Velha e Carnaxide, com estudo de extensão até Queijas, Laveiras, Caxias, Paço de Arcos e Porto Salvo.Carla Castelo acredita ser possível manter o lugar de vereação e pretende reforçar a força “ao nível da Câmara, da Assembleia Municipal” e eleger pela primeira vez em Porto Salvo e Barcarena. “Acredito que os eleitores de Oeiras manterão a confiança em nós porque temos dado provas e sabem que não nos estamos a servir de nada”, enfatiza.Requerimento por conflito de interesses de Joana Baptista e viagem com fundos municipaisCarla Castelo avançou com um requerimento a 14 de maio para pedir um esclarecimento quanto a um possível conflito de interesses no cargo de vereação de Joana Baptista, agora recrutada por Carlos Moedas para a futura equipa de Lisboa, por ter uma relação amorosa pública com o presidente da empresa municipal da Parques Tejo. O código prevê que os vereadores informem o superior e abandonem o posto em conformidade quando este conflito existe. Para adensar a situação, a Sábado avançou que foram gastos mais de dez mil euros numa viagem a Las Vegas de Joana Baptista, com um pedido de autorização assinado pela própria, onde se acompanhou de Rui Rei e de um motorista. “É muito importante que o interesse público dos gastos com viagens, seja devidamente justificado. Não é o caso. Subsiste a dúvida quanto ao interesse público”, disse ao DN Carla Castelo..Ana Sofia Antunes: "Gostaria de ter aqui um entendimento mais alargado à esquerda".Última dança de Isaltino depende muito das polémicas e menos da força da oposição