25 Novembro: Carneiro critica “tentação revisionista de ajuste de contas” das comemorações
JOSE SENA GOULÃO/LUSA

25 Novembro: Carneiro critica “tentação revisionista de ajuste de contas” das comemorações

Também Manuel Alegre defendeu que, no 25 de Novembro, o PS é o “partido dominante” e Mário Soares o “rosto político”.
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O líder do PS acusou na noite de terça-feira o Governo de comemorar o 25 de Novembro “com sectarismo” e “a tentação revisionista de ajuste de contas”, defendendo a celebração desta data que “não se pode confundir” com o 25 de Abril.

O PS promoveu esta noite uma sessão evocativa dos 50 anos do 25 de Novembro, na primeira parte de uma Comissão Política Nacional do partido, tendo José Luís Carneiro sido o último a discursar para defender que “o 25 de Novembro deve ser comemorado, mas não com o método reducionista escolhido pelo atual Governo”.

“Porque, ao fazê-lo com sectarismo, a comemoração apareceu com a tentação revisionista de ajuste de contas e de prejuízo ao próprio espírito que presidiu ao 25 de Novembro”, condenou, defendendo que a data deve ser comemorada “como momento decisivo para a institucionalização da democracia portuguesa e com base num amplo consenso nacional”.

O líder do PS assegurou que o partido continuará a celebrar o 25 de Novembro, libertando-o do “espartilho em que o quiseram colocar este ano”.

“Porque a data merece ser libertada de interpretações erradas que a prejudicam e celebrada com a abrangência capaz de unir os portugueses em torno das suas grandes datas históricas. Data que não se pode confundir com o 25 de Abril”, enfatizou.

De acordo com Carneiro, “o 25 de Novembro significou a vitória dos que, antes e depois do 25 de abril, sempre lutaram pela liberdade”, tendo recolocado “o processo de transição democrática nas bases fundamentais do 25 de Abril”.

“O nome e o partido incontornáveis dessa garantia civil e democrática foram e continuarão a ser Mário Soares e o PS. Assim como o nome incontornável da institucionalização e defesa do prestígio das Forças Armadas foi e continuará a ser Ramalho Eanes”, enalteceu.

Assim, o líder do PS associou-se às palavras do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e considerou ser “da mais elementar justiça política agraciar em vida o General Ramalho Eanes com o título de Marechal”.

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Também o histórico socialista Manuel Alegre defendeu que, no 25 de Novembro, o PS é o “partido dominante” e Mário Soares o “rosto político”, momento que corrigiu os “desvios introduzidos no 25 de Abril, a “data fundadora”.

O presidente honorário do PS enfatizou que o seu partido “desde o princípio, levantou a bandeira da resistência contra o projeto totalitário e fê-lo, durante muito tempo, sozinho”.

“[o 25 de Novembro] é uma vitória do Grupo dos Nove no plano militar, os rostos militares são Costa Gomes, Ramalho Eanes, Vasco Lourenço. E o rosto civil, o rosto político do 25 de Novembro é Mário Soares”, enalteceu.

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Segundo Alegre, este é uma data da qual o PS se deve orgulhar e deve celebrar, mas que “não se pode comparar ao 25 de Abril”.

“O 25 de Abril derruba um regime, derruba um Estado. O 25 de Novembro não derrubou nada, derrotou a linha política dos Gonçalvistas e do PC, mas não derrubou nada, não derrubou sequer o governo, não derrubou o Conselho da Revolução, nem nenhum dos órgãos institucionais”, comparou.

O histórico socialista considerou que se deve “celebrar o 25 de Novembro como uma vitória, em que o Partido Socialista é o partido dominante, o partido que encarna a resistência ao projeto totalitário”.

“O 25 de Novembro é uma consequência do 25 de Abril. O 25 de Novembro é uma correção dos desvios que foram introduzidos no 25 de Abril. É a reposição do espírito democrático do 25 de Abril”, enfatizou.

Para Alegre, esta data “é uma vitória do 25 de Abril” e também “uma derrota daqueles que, mais à direita, pensavam fazer de Portugal um novo Chile”.

“Portanto, nós estamos aqui como vencedores, com humildade democrática, fazendo a distinção entre o que é o 25 de Novembro e o 25 de Abril, para nós, a data fundadora, a data irrepetível, a data de que nasceram todos os outros é o 25 de Abril”, enalteceu.

Além de Carneiro e Manuel Alegre, discursaram a filha de Mário Soares, Isabel Soares, e o coronel Manuel Pedroso Marques, que presidia ao Conselho de Administração da RTP no 25 de novembro de 1975.

Depois do fim desta primeira parte da Comissão Política Nacional do PS, os trabalhos foram fechados à comunicação social para que decorresse a segunda parte, durante a qual iria ser analisada a situação política nacional.

Essa segunda parte foi muito breve, segundo informações adiantadas à Lusa por fontes socialistas, tendo apenas usado a palavra o secretário-geral do PS.

Segundo as mesmas fontes, Carneiro defendeu que a posição do PS no Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) - decidindo abster-se e viabilizar o documento - "esvaziou a posição do Chega no debate orçamental".

"O Governo não terá desculpas com o PS para o falhanço das suas previsões económicas. Face às votações já anunciadas, é ao PS que se deve o país não mergulhar neste momento numa nova crise política. Esse é um facto irrefutável", disse.

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