Marcelo admite necessidade de confinar ainda mais o país
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República e recandidato a novo mandato, admitiu este domingo, após uma reunião com a administração do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a necessidade de "reponderar as medidas" para que o confinamento decretado pelo Governo seja mais amplo.
"A situação é muito crítica para os políticos e para os portugueses em geral. Os políticos têm que analisar as medidas dia a dia, para ver se é preciso restringir mais. Na próxima renovação do estado de emergência, no dia 29 deste mês, se for necessário reponderar medidas, o Governo terá o apoio do Presidente da República", assumiu, escusando-se a revelar mais pormenores do que poderá estar para vir: "Não posso nem devo dizer mais."
Contudo, ainda deixou um alerta: "Com 10 mil infetados por dia, não há ampliação de camas que cheguem."
Antes da visita ao Hospital Santa Maria, Marcelo Rebelo de Sousa tinha deixado outra novidade ao revelar que o Governo quer "acelerar o processo de vacinação" dos bombeiros contra a covid-19.
Marcelo Rebelo de Sousa visitou, enquanto candidato presidencial, o quartel dos Bombeiros Voluntários do Dafundo, no concelho de Oeiras, distrito de Lisboa, onde ouviu relatos sobre as dificuldades causadas pelos atuais tempos de espera à porta dos serviços de urgência hospitalares para a entrega de doentes.
Contudo, foi na qualidade de chefe de Estado que acabou por comunicar informações sobre a vacinação dos bombeiros, referindo que procurou inteirar-se do assunto com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, depois de ter falado com o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ter ficado a saber que os bombeiros vão ser vacinados "em conjunto com as Forças Armadas e com as forças de segurança, nos chamados serviços essenciais", mas que o Governo quer "acelerar o processo de vacinação" e para isso já solicitou à Liga dos Bombeiros que indique quais são "os prioritários".
"Há uma antecipação, neste sentido, há uma aceleração, na medida em que os lares estão a correr, mas há a ideia de fazer avançar. Agora é preciso ser indicado quais aqueles que têm prioridade", reforçou.
O candidato presidencial assinalou que entre os profissionais de saúde vacinados contra a covid-19 "também houve vacinação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM)", o que levou os bombeiros a questionar por que não foram igualmente vacinados.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que os bombeiros têm um risco "certamente semelhante ao pessoal do INEM que faz o transporte de doentes", mas que "é diferente do pessoal dos lares, que esse está em contacto permanente com os internados nos lares, aí o risco é maior".
Segundo o Presidente da República, o ministro da Administração Interna "percebeu o que sentiam os bombeiros, que era verem que certas estruturas estavam a ser vacinados e eles não estavam a ser vacinados, cumprindo missões semelhantes de transporte de doentes, e que era preciso acelerar, obviamente, a vacinação dos bombeiros".
Questionado se houve uma falha ou um lapso no plano de vacinação no que respeita aos bombeiros, respondeu que "nesta matéria de definição de critérios tem havido por todos os países e por essa Europa fora a descoberta de situações que de alguma maneira surgiram no percurso e que não tinham sido totalmente antecipadas". "Aqui, esta situação surgiu quando se deparou com uma realidade que é haver tarefas ou funções idênticas desempenhadas por estruturas diferentes e, portanto, merecem uma cobertura de risco também idêntica", acrescentou.
A favor de uma rápida vacinação dos bombeiros, argumentou que "o bombeiro que transporta hoje covid, transporta amanhã não covid, está em contacto com a comunidade, e pode sem querer ser portador de um risco para ele, para a corporação, para a comunidade".