O Presidente da República decidiu distanciar-se do Governo no que toca ao plano de desconfinamento recusando - pela primeira vez - assinalar com uma mensagem ao País (escrita ou dita na televisão) a aprovação parlamentar de mais um decreto seu instituindo um novo período quinzenal de estado de emergência..Em vez disso, Marcelo Rebelo de Sousa - que esta noite partirá para Roma - limitou-se a mandar colocar no site da Presidência uma nota informando que já assinou o decreto presidencial aprovado esta tarde no Parlamento.."Na sequência da autorização aprovada esta tarde pela Assembleia da República, o Presidente da República assinou o Decreto que renova o estado de emergência até 31 de março", lê-se na dita nota..Segundo o Expresso, o Presidente jantou ontem com o primeiro-ministro em Belém e este não lhe terá revelado o plano de desconfinamento que anunciará esta noite, na sequência de mais uma reunião do Conselho de Ministros..Marcelo conhecerá portanto o plano ao mesmo tempo que todos os restantes portugueses - o que provoca mal estar em Belém. Poderá até só saber depois, visto que às 20h00 - hora prevista para a conferência de imprensa de Costa - deverá estar a voar entre Lisboa e Roma (onde amanhã se encontrará com o Papa Francisco)..Marcelo e Costa a duas vozes quanto às datas do início do desconfinamento.Há quinze dias, na renovação do estado de emergência que agora está a terminar, ficaram bem claras as diferenças de opinião entre o PR e o PM. Marcelo queria manter o confinamento durante todo o mês de março, só começando o desconfinamento em Abril; António Costa, pelo seu lado, já admitia abrir algumas atividades a meio deste mês (e dizia que se começaria sempre pelo sistema de ensino)..Esta quarta-feira, no novo decreto presidencial que institui mais um período quinzenal de estado de emergência, ficou igualmente claro que o PR só admite que o sistema de ensino comece a reabrir com mais "testagem, rastreamento e vacinação"..PR põe condições para abrir escolas: "testagem, rastreamento e vacinação".O parlamento autorizou esta tarde a renovação do estado de emergência até 31 de março para permitir medidas de contenção da covid-19, com o apoio de PS, PSD, CDS-PP e PAN..A deputada não inscrita Cristina Rodrigues também votou a favor. O BE voltou a abster-se e PCP, PEV, Chega, Iniciativa Liberal e a deputada não inscrita Joacine Katar Moreira mantiveram o voto contra este quadro legal, que permite suspender o exercício de alguns direitos, liberdades e garantias..A votação desta tarde foi idêntica à que se verificou nas quatro anteriores renovações do estado de emergência, aprovadas no parlamento e decretadas pelo Presidente da República desde 13 de janeiro.