"Testes vão ser muito alargados. Basta ter tosse", garante a DGS

Norma que entra em vigor quinta-feira irá "alargar muito o número de testes", assegura a DGS. Localmente, médicos é que vão decidir quem deve fazer o teste, disse o sub-diretor-geral de Saúde
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A partir de quinta-feira, o número de testes ao novo coronavírus irá ser muito alargado, com os médicos a nível local, em cada região, a poderem decidir quem será testado. "Vamos massificar os testes para todos os doentes que sejam sintomáticos e permitir que os clínicos localmente possam decidir quem deve ou não ser testado, Recomendamos que ao mínimo sintoma seja feito o teste. Basta ter febre, basta ter tosse", disse o sub-diretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, na conferência de imprensa diária de balanço do boletim epidemiológico. Portugal regista agora 30 mortes e 2362 casos confirmados de covid-19.

Este responsável lembrou que a nova norma orientadora da DGS publicada na segunda-feira, e que entra em vigor às 00.00 de quinta-feira, "alarga muito o número de testes que vamos começar a fazer". Diogo Cruz justificou que agora não estão a ser feitos testes a todos os profissionais de saúde por tal não dar garantias de eficácia. Explicou que o período de incubação é longo, que os sintomas podem demorar 14 dias a revelarem-se. "Realizar testes enquanto as pessoas estão assintomáticas não dá nenhumas garantias. Dará uma falsa sensação de segurança", afirmou como justificação da estratégia, realçando também que este vírus é novo e portanto, disse, "o que hoje é verdade amanhã pode não ser". Na conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde admitiu que os profissionais de saúde e funcionários de lares poderão vir a ser testados, a partir de quinta-feira, mesmo sem sintomas.

A norma orientadora define novas prioridades. Será uma nova fase em que se entra na mitigação. Os doentes para internar, recém-nascidos, grávidas e profissionais de saúde sintomáticos são as prioridades para a realização de testes ao novo coronavírus, no caso de não ser possível avaliar todos, estabelece a DGS.

Na Orientação n.º 015/2020, dirigida a profissionais de saúde, destaca-se que "todos os casos suspeitos de infeção (...) devem ser submetidos a diagnóstico laboratorial", a ser realizado, "preferencialmente, em laboratório hospitalar da Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico do SARS-CoV-2, na rede complementar de laboratórios privados ou no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge".

Com a entrada em vigor, há uma descentralização na condução do combate ao coronavírus - o boletim diário já tem mais dados e passa a incluir os doentes por concelhos -, e as equipas de saúde pelo país passarão a dispor de uma nova ferramenta que permitirá "assegurar o seguimento efetivo dos doentes de covid".

"Não há racionamento" e 500 ventiladores chegam em abril

Neste sentido, o governo repetiu que não estão a ser poupados testes. "Não há racionamento nos testes, há racionalização dos testes." Não há falhas de testes "nem em nenhum tipo de material", disse António Lacerda Sales que anunciou que estão a ser adquiridos 500 ventiladores na China que "chegarão até meados de abril". O secretário de Estado disse ainda que foram encomendados 280 mil testes, número que o primeiro-ministro António Costa já tinha referido na entrevista à TVI. "Esta semana chegarão 80 mil testes", disse hoje Lacerda Sales.

Com algumas dúvidas instaladas sobre o número de testes diários a serem realizados, António Sales apontou que estão a ser feitos "2000 a 2300 por dia", embora a capacidade existente, entre SNS e privados, seja de 4000 diários. Confirmou haver um stock diário de 30 mil testes que, repetiu, "o país tem racionalizar em função das necessidades".

António Lacerda Sales diz que os funcionários de lares estão incluídos nos prioritários para serem testados com a nova orientação. São pessoas que "trabalham com populações mais vulneráveis em lares e residências de idosos", incluindo-se ainda nos critérios de prioridade os doentes em lares e unidades de convalescença.

Mas lembrou que tem que haver "um critério racional" para realizar testes porque "não se pode fazer um rastreio populacional de 10 milhões de habitantes, não há capacidade para isso". "O critério vai ao encontro do que é a evolução e o dinamismo do próprio surto", afirmou, acrescentando que "é evidente que se os casos começarem a aumentar e a estratificação dos grupos de risco for bem definida, temos que avançar para testagem em maior número". E apontou que há uma semana, a questão dos idosos e profissionais dos lares não se colocava, mas as mortes e contágios verificados levam a colocar essa hipótese de testar as pessoas.

"Tudo isto terá que ser feito com suporte de evidência científica e para isso temos a Direção-Geral da Saúde, em consonância com a nossa capacidade de aquisição no mercado", afirmou Lacerda Sales.

Em relação a equipamentos de proteção individual, o governante assegurou que está a ser feito "um reforço no mercado". "Estamos a trabalhar com as recomendações da própria CDC [Centro de Controlo das Doenças norte-americano]", disse.

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