Novo caso suspeito de Covid-19 encaminhado para o Hospital de São João. Doente chegou de Milão

É a 13.º suspeita de coronavírus em Portugal, nenhuma das anteriores se confirmou. O cidadão, encaminhado para o hospital do Porto, vai agora ser sujeito a análises, segundo a Direção-Geral da Saúde.
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Há mais um novo caso suspeito de infeção por coronavírus em Portugal, após avaliação clínica e epidemiológica. Trata-se de um cidadão que veio da cidade italiana de Milão, informou a Direção-Geral da Saúde (DGS), este domingo à noite. O caso está a ser acompanhado no Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, uma das unidades de referência em Portugal para tratar o vírus da China.

"O doente fica internado e serão realizadas colheitas de amostras biológicas para análise pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA)", explica a DGS, em comunicado.

O internamento do doente suspeito de infeção com coronavírus no Hospital São João no Porto "é apenas por precaução", disse à Lusa a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, sublinhando que a DGS está a "atenta à situação".

"Estamos a acompanhar atentamente a situação em Itália, que está circunscrita a algumas zonas, não ao país inteiro. De qualquer maneira, de facto, internámos uma pessoa para investigação, apenas por precaução", adiantou Graça Freitas.

Reconhecendo que "muitas pessoas de Portugal estiveram em Itália nos últimos dias, nas últimas semanas, sobretudo nos últimos 14 dias, que são os dias que interessam", a diretora-geral da Saúde fez questão de "deixar uma palavra de tranquilidade a estas pessoas, mas dizer-lhes também que estejam atentas".

"Se estão assintomáticas, [devem] estar atentas ao aparecimento eventual de sintomas, sobretudo se estiveram com doentes em Itália", disse Graça Freitas.

"Vamos publicar no nosso 'site' as áreas afetadas [em Itália] para as pessoas poderem saber quais são os focos onde a doença está presente", anunciou ainda.

A quem regressou recentemente de Itália, Graça Freitas aconselha "tomar aquelas precauções básicas de higiene das mãos, higiene respiratória, não tossir nem espirrar em direção a outras pessoas ou até mesmo falar, manter algum distanciamento social", mas também "não frequentar sítios fechados e com muita gente, a não socializar em termos de afetos. Muitos beijos e muitos abraços não serão o mais indicado nesta altura", disse.

"Pelo menos, nos próximos dias, até nós entendermos bem o que se está a passar em Itália, nomeadamente como é que este foco se instalou, como é que a doença poderá ter iniciado", sublinhou.

Insistindo para que "as pessoas se mantenham tranquilas", a diretora-geral da Saúde sublinha que quem eventualmente tenha sintomas - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deverá contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24.

13.º caso suspeito em Portugal

Este é a 13.º caso suspeito em Portugal, sendo que até agora todas as outras análises se revelaram negativas. Há, no entanto, já um português infetado, a bordo do cruzeiro Diamond Princess, ancorado no porto de Yokohama, a sul de Tóquio. Adriano Maranhão, 41 anos, um canalizador da Nazaré que trabalha há cinco anos para a empresa de cruzeiros, acusou positivo apesar de não ter sintomas coincidentes com os do surto (febre, dificuldades respiratórias) e permanece fechado na sua cabine à espera de ser transferido para um hospital, no Japão. O que pode só vir a acontecer na próxima terça-feira. As autoridades portugueses garantem estar a acompanhar o caso, mas Adriano Maranhão desespera. "Não tenho tido a resposta mais rápida que esperava das autoridades portuguesas. Só quero que isto se apresse o mais rápido possível para ser hospitalizado e começar a ser tratado", disse, ao DN.

Desde que foi detetado no final do ano passado, na China, o coronavírus Covid-19 provocou 2467 mortos e infetou mais de 78 mil pessoas a nível mundial. A maioria dos casos ocorreu na China, em particular na província de Hubei, no centro do país, a mais afetada pela epidemia. Fora da China, morreram oito pessoas no Irão, quatro no Japão, duas na região chinesa de Hong Kong, cinco na Coreia do Sul, três em Itália, uma nas Filipinas, uma em França, uma nos Estados Unidos e uma em Taiwan.

Itália é o país com mais casos na Europa

Uma doente oncológica internada e dois idosos constituem as vitimas mortais italianas do novo coronavírus. Os três nas últimas 48 horas, quando o país começou a multiplicar o registo de casos. Os últimos dados apontam ainda para 155 pessoas infetadas pelo surto, posicionando Itália como o país europeu com mais casos de infeção pelo novo coronavírus e o quarto no mundo.

Para já, o Covid-19 está circunscrito a quatro regiões do norte do país: Lombardia, Veneto, Emilia Romanha, Piemonte e Lácio, mas toda a Itália está em estado de alerta. Na rua, há placards que aconselham as pessoas a permanecerem em casa, encerraram lojas, escolas, empresas, bares, monumentos, adiaram-se três jogos de futebol, o Carnaval de Veneza foi cancelado e há mais de 50 mil pessoas em quarentena.

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