Ministra da Saúde admite "maior transmissão da doença" em Portugal

Marta Temido apontou, em conferência de imprensa, que o número de casos diários cresceu na última semana, sem deixar de referir que as cadeias de transmissão da doença estão bem identificadas. Portugal tem agora 177 surtos ativos de covid-19.
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"Os números da nossa situação epidémica estão a subir, há uma semana", confirmou a ministra da Saúde, Marta Temido, nesta quarta-feira, em conferência de imprensa. Em média, nos últimos sete dias, Portugal regista diariamente 340 novas infeções de covid-19, o que levou a responsável pela pasta da Saúde a afirmar que há "uma maior transmissão da doença" atualmente.

Quando os indicadores começaram a subir, a Direção-Geral da Saúde e o ministério chegaram a colocar a hipótese de se tratar apenas de um artefacto estatístico, ou seja, de uma possível subnotificação nos dias anteriores. Mas, agora, Marta Temido já dá como certo o crescimentos das novas infeções, tal como está a acontecer em vários países europeus, apesar de os números portugueses ficarem ainda muito aquém dos verificados, por exemplo, em Espanha, onde nas últimas 24 horas foram confirmados mais oito mil casos.

Portugal registou, no último dia, 390 novas infeções pelo novo coronavírus e três mortes, de acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) do dia em que se assinala seis meses desde a identificação dos dois primeiros casos de covid no país. Quase metade dos novos infetados (47%) localizam-se no norte, onde há agora mais cadeias de transmissão ativas também (86).

Apesar disto, a ministra da Saúde afirma que os "surtos [portugueses] estão relativamente bem identificados". Há, em Portugal, 177 cadeias de transmissão ativas, informou Marta Temido.

86 distribuem-se pela região de saúde do norte, 61 pela de Lisboa e Vale do Tejo, 12 pela do Algarve e nove nas do centro e do Alentejo.

Com uma "tendência crescente" estão também a taxa de incidência da doença a sete dias, que é de 22,9 novos casos por cem mil habitantes, e a 14 dias, que é de 38,2 novos casos por cem mil habitantes. Para além do índice de transmissibilidade efetivo (mais conhecido com Rt, que mede a quantidade de pessoas que um infetado contagia ao longo do tempo), que, entre 24 e 28 de agosto, foi calculado em 1,16, pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

Reforço das medidas?

Questionada sobre a necessidade de aumentar as medidas de contenção nos próximos tempos, Marta Temido esclareceu que "nós temos sido sempre bastante rápidos na implementação" destas medidas. E que, caso a DGS considere necessário, poderá passar a ser obrigatório o uso de máscara.

Dito isto, a ministra lembrou também que nem todos os países se encontram nesta fase e que uma orientação desta natureza será sempre sujeita a "uma ponderação". Uma vez que, apesar da sua eficácia, "não é sequer o meio mais eficaz" de prevenção, aconselhando novamente o cumprimento rigoroso do distanciamento social, a higienização das mãos e a desinfeção das superfícies.

Marta Temido aproveitou ainda para apelar à utilização da aplicação StayAway Covid, disponível desde esta terça-feira. Esta aplicação alerta os utilizadores que estiveram em contacto com alguém infetado pela covid-19.
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Seis meses depois do primeiro caso, "estamos mais bem preparados para enfrentar um eventual recrudescimento da pandemia"

Nesta quarta-feira, assinalam-se seis meses desde o dia em que foram confirmados os dois primeiros casos de infeção de covid em Portugal e a ministra da Saúde aproveitou para fazer um balanço sobre estes meses. "Durante este período, o Serviço Nacional de Saúde garantiu a resposta às necessidades assistenciais de todos em Portugal", apontou Marta Temido, garantindo que "hoje estamos mais bem preparados para enfrentar um eventual recrudescimento da pandemia. Temos mais recursos, mais organização, mais conhecimento".

A ministra lembra contudo que há, pela frente, um contexto "complexo", com o regresso às aulas, a gripe sazonal, o habitual acréscimo de mortalidade, sobretudo entre os mais idosos, nos meses de inverno, a necessidade de garantir outras respostas em saúde e as dificuldades económicas.

Por isso, "vale a pena manter a prevenção", defende, acrescentando que, "até contarmos com a vacina ou com um tratamento eficaz, a melhor resposta depende mesmo de cada um de nós".

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