A PJ fez hoje buscas na zona da Grande Lisboa e deteve dezenas de suspeitos de fazerem parte desta organização criminosa liderada por advogados e que tinha perto de meia centena de operacionais no terreno a angariar "clientes"..Em comunicado oficial, a Judiciária diz que esta organização foi "responsável pela introdução ilegal em Portugal e na Europa, de milhares de imigrantes"..As autoridades acreditam que o esquema tinha lugar, pelo menos, desde 2015, ano a partir do qual conseguiram começar a identificar alguns dos imigrantes que foram alvo desta rede..Segundo ainda a PJ, os detidos, com idades compreendidas entre os 28 e os 64 anos, "são suspeitos da prática dos crimes de associação criminosa, auxílio à imigração ilegal, de casamento por conveniência, de falsificação de documentos, de abuso de poder, de corrupção ativa e passiva, de branqueamento, de falsidade informática e acesso indevido, atividade criminosa que permitiu obter elevados proventos financeiros".O grupo criava empresas fantasma através das quais eram preparados contratos de trabalho, também fictícios, para os imigrantes; conseguia furar as demoras nos serviços do Estado, pagando a funcionários, para acelerar a obtenção dos necessário números de contribuinte e de segurança social; e no SEF tinham a garantia da celeridade das autorizações de residência..A título de exemplo, o funcionário da segurança social era corrompido com cerca de 200 euros por cada número novo que atribuísse aos 'clientes' do gangue..Em alguns casos registados pela PJ, houve também a angariação de noivas para os chamados "casamentos brancos" - um imigrante casava com uma mulher de nacionalidade portuguesa e obtinha assim o visto comunitário. Os valores pagos chegaram a atingir os 12 mil euros..Estão ainda identificados casos de goeses que obtiveram nacionalidade portuguesa através do esquema fraudulento destes advogados..A maior parte das vítimas estava fora do espaço comunitário e estes vistos permitiam-lhes, através de Portugal, entrarem na União Europeia (UE). Boa parte nem sequer chegou a entrar no nosso país..Alguns dos detidos já estavam referenciados por vários crimes da mesma natureza. Um dos advogados que liderava o grupo já tinha sido condenado em 2013..A inspetora do SEF, que estava colocada da delegação de Alverca, foi alvo de um processo disciplinar enquanto decorria esta investigação, mas por causa de outro caso, e constituída arguida no âmbito de um processo-crime com um esquema semelhante. Está suspensa de funções..Em troca de avultadas somas de dinheiro e com a cumplicidade de funcionários do SEF, das Finanças e da Segurança Social, estes advogados facilitaram a entrada e a permanência de imigrantes ilegais no nosso país, principalmente brasileiros, africanos, paquistaneses, indianos, nepaleses e bangladeshianos. .Segundo as autoridades esta associação criminosa complexa, muito profissional, aproveitou-se sem escrúpulos da vulnerabilidade dos imigrantes. Os investigadores registaram ainda a impunidade sentida pelos suspeitos, ouvidos em escutas a comentar que nunca seriam apanhados.. Atualizado às 11h30 com o comunicado da PJ