Mais 98 casos de covid-19 em Portugal. E os misteriosos 36 que desapareceram da região Centro
Casos aumentaram 0,4% em relação a ontem. Foram ainda registadas, no último dia, mais nove vítimas mortais, segundo o boletim da DGS. Lisboa e Vale do Tejo é a região com mais notificações em 24 horas. No Centro, desapareceram 36 casos por causa de "duplicações e acertos".
Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais nove pessoas e foram confirmados mais 98 casos de covid-19 (um aumento de 0,4% em relação ao dia anterior - a taxa de crescimento mais baixa desde o início da pandemia). Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), desta segunda-feira (11 de maio), há agora no país 27679 infetados, 2549 recuperados e 1144 vítimas mortais.
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A região mais afetada pelo surto no último dia foi Lisboa (quer em termos de infetados, quer em termos de mortes), mas os resultados do Centro são os que mais intrigam. Na zona onde se registam o número de casos acumulados no boletim, ontem o Centro tinha 3581 notificações. Hoje tem 3545. Menos 36. Ao DN, fonte da DGS, explicou que se trataram de "retificações de duplicações e acertos". Ou seja, havia doentes que foram contabilizados duas vezes nesta região.
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Esta segunda-feira, estão internados 805 doentes (mais oito que ontem), destes 112 encontram-se nos cuidados intensivos (o mesmo número que no dia anterior). O que representa uma taxa de ocupação neste último serviço de 53%, de acordo com o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, em conferência de imprensa, esta segunda-feira.
A taxa de letalidade global do país é hoje novamente de 4,1%, sendo que sobe aos 15,2% no caso das pessoas acima dos 70 anos - as principais vítimas mortais. Dos 1144 óbitos, 48,7% são homens e 51,3% mulheres.
O boletim da DGS indica ainda que aguardam resultados laboratoriais 2642 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 28 mil. O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 42% dos doentes), seguida da febre (30%) e de dores musculares (21%).
Desde o dia 1 de março, Portugal já fez 547 mil testes de diagnóstico à covid-19, atualizou o secretário de estado da saúde, António Lacerda Sales. Durante o mês de maio, em média, por dia foram efetuados mais de 13 mil exames. Um aumento na capacidade de testagem do país, numa altura em que se começam a aliviar algumas medidas de contenção relacionadas com a pandemia.
No entanto, para o balanço sobre o desconfinamento (iniciado há uma semana) "ainda é cedo", afirmou o governante, em linha com o discurso da ministra da Saúde, Marta Temido, este domingo.
Lisboa é a região com mais casos e mortes em 24 horas
Dos 98 infetados notificados no último dia, 74 têm residência na região de Lisboa e Vale do Tejo. Nesta zona morreram também cinco das nove vítimas mortais declaradas hoje. No total, Lisboa tem agora 7316 casos e 248 mortes. Também o conhecido RT (o número de contágios que cada infetado faz, ao longo do tempo) é "mais elevado" nesta região, embora "com tendências decrescentes", explicou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, em conferência.
Segue-se o Norte (a região mais afetada pela pandemia, desde o início do surto), que registou, em 24 horas, um aumento de 56 infetados e três vítimas mortais. Tem agora 16008 casos e 651 mortes.
O outro óbito (dos nove notificados) aconteceu no Sul, que também regista mais dois casos, tal como o Alentejo. Açores e Madeira não demonstram qualquer alteração no boletim de hoje, em relação ao de ontem.
Já a região Centro tem uma alteração negativa. Ou seja, há menos 36 casos registados do que os que existiam este domingo. O DN pediu à DGS uma explicação sobre este número, mas até ao momento ainda não recebeu resposta.

A nível municipal Lisboa continua a ser o concelho do país com maior número de casos (1 737, mais dois). Seguem-se Vila Nova de Gaia (1 455, mais dois) e o Porto (1 303 mais três), de acordo com os dados do sistema Sinave, que correspondem a 88% do número total de notificações.
Doentes graves podem ficar com sequelas? Estudos internacionais dizem que sim, em Portugal é preciso esperar para saber
Durante a conferência de imprensa diária, a diretora-geral da Saúde indicou que, em Portugal, ainda não existe confirmação ou desmentido de que os doentes da covid-19 mais graves poderão ficar com sequelas.
Graça Freitas admitiu que existem "indicações internacionais" neste sentido "pelo menos a curto prazo". Mas ainda não há estudos portugueses que comprovem a teoria. Estes, segundo a DGS, só poderão ser iniciados "depois de resolvida a fase aguda" da doença, quando os médicos poderão continuar a acompanhar os seus pacientes, verificando ou não a presença de lesões. "Terá de ser feito um estudo ou vários estudos pelos clínicos com base nos relatórios de acompanhamento destes doentes", defendeu.
Reabertura das creches. Como separar crianças nas salas, sestas e refeições?
O regresso das crianças às creches, no próximo dia 18, tem sido muito contestado, nomeadamente pelas associações do setor, por causa da dificuldade de explicar às crianças as regras sanitárias. Graça Freitas admite que as creches são "um sítio para brincar", as crianças são "muito pequeninas e, portanto, não é possível" impor-lhes regras de comportamento. Assim, cabe aos adultos reduzir tanto quanto possível a hipótese de contágios entre os mais novos, colocando, por exemplo, menos crianças por sala. "Devemos fazer tudo, mas tudo, que os adultos e o espaço permitirem para minimizar o risco das suas brincadeiras".
Nada "garante que eles não se juntem", mas o objetivo é agora diminuir as probabilidades de propagação do vírus. A diretora-geral da Saúde deixou ainda outras sugestões como a hipótese das crianças se descalçarem à porta e, na hora da sesta, dormirem em colchões mais separados para não passarem "gotículas para o seu coleguinha do lado" enquanto dormem.
No refeitório, cada turma deve comer à vez e com mais distância do que a habitual em relação ao colega do lado.
Novo apelo à vacinação
O pedido já tinha sido feito, também em conferência de imprensa, após uma queda de 13% no registo de vacinas, no mês de março.E agora repete-se."Quero fazer novamente um apelo a todos os cuidadores e educadores: vacinem as suas crianças", apelou a diretora-geral da Saúde, esta segunda, que aproveitou ainda para agradecer aos profissionais de saúde, nomeadamente aos enfermeiros e farmacêuticos, que contribuem para que o Plano Nacional de Vacinação seja cumprido.
Graça Freitas tem-se mostrado preocupada com o adiamento das tomas de vacinas que podem "evitar outras doenças infecciosas".
Mais de 4,2 milhões de casos no mundo
O novo coronavírus já infetou mais de 4,2 milhões de pessoas no mundo inteiro, até esta segunda-feira às 10:47, segundo dados oficiais. Há agora um milhão e meio de recuperados e 284 150 mortes a registar.
Os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (1 367 963) e de mortes (80 787). Em termos de número de infetados, seguem-se Espanha (224 390), a Rússia (221 344), o Reino Unido (219 183) e a Itália (219 070). Portugal surge em 23.º lugar nesta tabela, confirmando um afastamento face aos países com mais casos.
Quanto aos óbitos, depois dos Estados Unidos, o Reino Unido é agora a nação com mais mortes declaradas (31 855). Seguem-se Itália (30 560) e Espanha (26 744 - mais 123 vítimas nas últimas 24 horas, o número mais baixo desde 18 de março). Dia em que metade da população espanhola beneficia de mais um alívio das medidas de contenção da pandemia, que incluem, por exemplo, a abertura do pequeno comércio sem necessidade de marcação prévia, das esplanadas (desde que tenham até um máximo de 50% da sua ocupação) e a possibilidade de se reunirem até dez pessoas.
O levantamento progressivo das restrições acontece aliás um pouco por toda a Europa. Em França, as escolas primárias vão reabrir esta segunda-feira com um número reduzido de alunos, tal como as lojas de roupa, livrarias, salões de beleza e floristas. Na Bélgica, é dia de retomar o comércio. Na Holanda, abrem as portas também as escolas primárias e na Suíça é o secundário que regressa às aulas presenciais.

Bruxelas, capital da Bélgica, esta segunda-feira, dia em que o comércio de rua reabriu.
© EPA/OLIVIER HOSLET
Coreia do Sul e China com mais casos. Segunda vaga a caminho?
Depois de semanas sem novos contágios de coronavírus ou com casos apenas importados, a Coreia do Sul, a China ou o Irão depararam-se este fim de semana com números que fazem temer uma segunda vaga de covid-19 e que obrigaram a recuar nas medidas de desconfinamento entretanto aplicadas. Mas os sinais dessa segunda vaga não estão só a Oriente. Na Alemanha, a taxa de infeção voltou a subir acima de 1.
Na pandemia de gripe espanhola que começou na primavera de 1918 (terá infetado 500 milhões de pessoas em todo o mundo e causado entre 20 milhões e 50 milhões de mortos), os especialistas dizem que terá havido pelo menos três vagas (há mesmo quem fale em quatro). A segunda, a partir de agosto desse ano, é considerada a mais mortífera, por causa de uma mutação do vírus que se espalhou com o movimento das tropas pela Europa durante a Primeira Guerra Mundial. Há receio de que a situação se possa repetir com o coronavírus.
Este domingo, houve registo de 34 casos novos na Coreia do Sul, naquele que foi o aumento mais elevado de casos num mês. Em Wuhan - cidade chinesa onde foi descoberto o novo coronavírus no final do ano passado - foi encontrado ontem mais um infetado (o primeiro em mais de um mês). Já o Irão anunciou, este sábado, mais 51 mortes por causa da pandemia.