As notícias dos últimos dias podem ser utilizadas para mostrar o contraste deste País que tão depressa está em euforia como entra em depressão quase coletiva.Vamos escolher quatro casos que ilustram como andamos.Primeiro: um bebé morre num centro de saúde onde entrou já depois de a mãe ter tentado que fosse visto por um médico e lhe ter sido recusado essa consulta por, segundo as notícias, “estar quase na hora de fechar”. A criança de 11 meses foi levada ao Centro de Saúde de Idanha-a-Nova pela mãe e esta garante que o filho não foi de imediato atendido. Versão diferente tem a Unidade Local de Saúde garantindo que este foi assistido pela médica que estava de serviço. Perante as duas versões só os inquéritos já em andamento por parte do Ministério Público e pela própria ULS de Castelo Branco poderão esclarecer a razão da morte. E deverão ser retiradas consequências do que for apurado, não podendo ficar tudo arquivado só na memória coletiva como mais um caso mortal numa unidade de saúde.Segundo: regressou a Operação Marquês em que, pela primeira vez, um ex-primeiro ministro está a ser julgado, no caso por crimes de corrupção e branqueamento, por exemplo. E voltámos ao espetáculo (triste) de ver um antigo líder do Governo a fazer quase comícios para criticar o Ministério Público e, de acordo com o que é descrito na comunicação social, a não responder totalmente ao que lhe é perguntado e, até, a ser confrontado com gravações que não confirmam o que diz. É uma imagem que não merece muitos comentários, mas sim aquilo a que se chama “vergonha alheia”.Terceiro: início do ano letivo. Novo ano e os problemas parecem ser os mesmos: falta de professores, de salas para aulas e, no ensino superior, menos alunos. Neste último item, as rendas proibitivas para quem quer estudar fora da área de residência é uma das razões para essa redução de candidaturas. A tudo isto junte-se a falta, segundo quem trabalha no setor, de apoios para os alunos estrangeiros cujo número atingiu os 157 mil alunos no último ano letivo, mais de 12% em relação ao ano anterior.Quarto: contrastando com as questões anteriores tivemos a imagem dada pelo futebol. Na janela de transferências que terminou na segunda-feira (1 de setembro), as equipas a principal divisão investiram 362,96 milhões de euros em contratações de jogadores. O que nos dizem estas contas e gastos? Não sabemos, mas não me parece que representem a realidade do País. Editor executivo do Diário de Notícias.“Perguntem aos portugueses o que é prioritário”.Ana Rita, Alcinda, Susana… até quando?.Creches ilegais. O exemplo do triste caso de Sintra.Um país a 'navegar' como um jogo de 'flippers'