Num tempo em que tanto de fala da preocupação com a educação das crianças, do papel dos pais e em que surgem periodicamente alertas seja da Comissão Nacional de Promoção do Direitos e Proteção das Crianças e Jovens ou da Associação portuguesa de Apoio à Vítima, custa acreditar em situações como a divulgada recentemente pela Polícia de Segurança Pública.O caso é alarmante: em Casal de Cambra (Sintra) foi detetada uma creche ilegal sem “condições mínimas exigíveis de segurança, higiene ou salubridade para acolhimento de menores”, como descreveu a PSP em comunicado.Infelizmente não é exclusivo da entidade que foi fiscalizada, encontrando-se notícias sobre ações parecidas em outros locais do país e não só em creches (recentemente soube-se que em quatro anos a Segurança social encerrou mais de 70) - pois no caso dos lares também há exemplos com condições degradantes.Todavia, são duas outras situações referidas pela força de segurança que fazem soar os alarmes. A primeira: “No local foram encontradas 10 (dez) crianças com idades compreendidas entre os 0 e os 3 anos, entregues a si mesmas e sem qualquer tipo de supervisão no momento da chegada das autoridades. As crianças encontravam-se a brincar diretamente num pátio, sobre um piso de calçada, rodeadas de sucata, ferro velho enferrujado, madeiras pontiagudas e ferramentas, representando um risco sério e iminente para a sua integridade física.”A segunda: “Foram de imediato contactados os progenitores das crianças, os quais se deslocaram ao local para proceder ao levantamento dos seus filhos. De salientar que vários pais revelaram não saber a localização exata da creche, tendo apenas conseguido aceder ao local através da partilha de coordenadas GPS, uma vez que os filhos eram recolhidos por um motorista ao serviço da referida ama/creche. A identificação da creche terá ocorrido, segundo os próprios, através de anúncios em plataformas online e redes sociais”Sei que as creches privadas (a única oferta, aliás) são caras - muitas famílias não ganham o suficiente para pagar e os apoios do Estado, mesmo com o programa “Creche Feliz”,são poucos -, mas fazer inscrição pelas redes sociais sem terem a curiosidade de ir ver as instalações?Não conheço as dificuldades das famílias, mas que atitudes como estas deveriam ser um sinal de alarme para as instituições de apoio à família (pelo menos), isso deveriam... Editor executivo do Diário de Notícias