Hotel Le Kremlin | Níger, Mali, Burquina Faso!

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Le Kremlin, para fugir ao título original Hôtel Kremlin | Niger, Mali, Burkina Faso, da holandesa Zam Magazine, que em julho fez o seguinte - enviou secretamente três dos seus jornalistas, nacionais dos três golpistas sahelianos, de férias aos respectivos países. O resultado é este:

Primeiro, os actores principais desta missão secreta foram Ramdane Gidigoro do Níger, Malick Sadibou Coulibaly do Mali e Rachid Zaid Combary do Burquina Faso;

Segundo, estes mensageiros trouxeram-nos os primeiros sentimentos de desilusão face às promessas dos coronéis, que a partir de agosto de 2020 e do Mali, iniciaram uma vaga que se alastrou em 2022 ao Burquina e em 2023 ao Níger;

Terceiro, os mesmos coronéis do Mali são, desde este mês, Generais de 5 Estrelas. Porque é que isto é importante?

Quarto, porque o tsunami social prestes a inundar de novo estes países, começa a borbulhar do lúmpen para cima, engolindo-os à medida que veem a “IC-19 de Bamako para Katti” bordejada de novas vivendinhas com duche e retrete, e cavalariças nas mais recuadas. E as comichões começam quando começaram a ver os novos generais a pentearem a crina do cavalo e a darem-lhe banho, enquanto falam com o bicho, prova de que o “chefe está maluco”;

Quinto, a rapina continua e alastrou-se às refeições escolares, única refeição garantida do lúmpen! Ou seja, digamos que a Junta Militar que actualmente governa o Mali, não tem boa imprensa;

Sexto, o problema do terrorismo, cuja aliança com o Kremlin trouxe mais do mesmo. Incapacidade para lidar com a nova pulverização de grupos jihadistas e milícias étnicas, estas para se protegerem dos jihadistas, quando com estes não se aliam. E tudo aconteceu durante o vazio de vigilância da retirada francesa. O problema adensou-se, os russos são contingente menor, pior equipado, menos experiente no terreno e agora mais o trauma de Tamanrasset, de julho passado, onde os Wagner e as FAMA (Forças Armadas Malianas), perderam mais de 80 homens, numa emboscada tuaregue digna de “Lourenço d’Azawad”;

Em sétimo, analisar o outro lado da moeda, que ainda há quem veja vantagens na presença russa. Desde logo, porque sentem que estavam demasiado dependentes da França e era altura de mudar! Por outro lado, “a Rússia incorpora certos valores culturais africanos, como a intolerância com a homossexualidade”, disse Alassane Kiemdé, um vendedor de roupa das ruas de Ouagadougou, no Burquina. No mesmo registo, outros testemunhos afirmam: “Se estivéssemos com os russos desde o início o terrorismo já teria acabado!” Porquê? “Porque os russos não têm os interesses dos franceses!” E para quem só conheceu franceses na vida, isto basta!

Bon Courage Bradas and Sistas!

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Escreve de acordo com a antiga ortografia

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