Última refém francesa no mundo, Sophie Pétronin regressa a casa

Septuagenária foi recebida no aeroporto pelo presidente francês Emmanuel Macron.
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Sophie Pétronin, a última refém francesa no mundo, chegou esta sexta-feira a França depois de ter sido libertada na véspera no Mali. A septuagenária, voluntária que trabalhava com órfãos, passou quase quatro anos retida por grupos extremistas islâmicos.

O avião que transportava Pétronin, o seu filho, um médico e diplomatas pousou pouco depois do meio-dia na base aérea de Villacoublay, a sul de Paris, onde a ex-refém foi recebida pelo presidente francês Emmanuel Macron.

Com uma máscara no rosto e um lenço branco na cabeça, Pétronin, de 75 anos, abraçou os membros da sua família, incluindo três netos, que a aguardavam na pista do aeroporto, e conversou durante vários minutos com Macron.

"Os franceses congratulam-se comigo de vê-la aqui finalmente, querida Sophie Pétronin. Bem-vinda à casa", escreveu o presidente francês no Twitter, com uma foto tirada na pista.

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Pétronin, fundadora de uma organização não-governamental de ajuda às crianças de Gao (no norte do Mali), foi raptada por um grupo de jihadistas ligados à Al-Qaeda a 24 de dezembro de 2016.

Pétronin foi libertada junto com dois italianos -- um deles um missionário católico raptado em 2018 no Níger -- e o político maliano Soumaila Cissé, raptado em março quando fazia campanha para a reeleição.

A libertação dos reféns coincidiu com a libertação entre domingo e terça-feira de cerca de 200 prisioneiros -- alguns levados de avião a Tessalit --, segundo as autoridades do Mali. Não se sabe se foi pago algum resgate.

Aos jornalistas, Pétronin disse à chegada que esperava voltar ao norte do Mali, a Gao, onde trabalhava com órfãos antes de ser raptada. "Comprometi-me com as crianças. Há quatro anos que não sei como os programas estão a funcionar", disse, referindo-se ao seu trabalho com órfãos e crianças subnutridas. "Vou a França, à Suíça, e depois voltarei para ver o que está a acontecer lá".

Durante o seu cativeiro, que comparou a um "retiro espiritual", Petronin disse que foi autorizada a ouvir rádio e que os guardas partilhavam mensagens e vídeos com ela, incluindo um do seu filho. Sebastien Chadaud disse que a mãe era como "um bloco de granito" e que se sentia como uma criança a ser confortada pela sua mãe.

"Se aceitares o que está a acontecer não será tão mau. Se resistires, só te vais magoar", afirmou, recusando qualificar os raptores de jihadistas e anunciando ter-se convertido ao islão durante o cativeiro e chamar-se agora Mariam.

Após quatro dias de informações, rumores e confusão, o governo de transição do Mali, instalado há alguns dias pelas novas autoridades militares, quebrou o silêncio observado por Bamako e Paris no início da noite de quinta-feira.

A Presidência do Mali "confirma a libertação de Soumaila Cissé e Sophie Pétronin. Os ex-reféns estão a caminho de Bamako", escreveram no Twitter.

Pétronin e Cissé embarcaram em um avião em Tessalit, uma cidade do norte próxima da fronteira argelina, antes de encontrarem os seus familiares em Bamako.

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