UE vai pagar menos de 16,50 euros por cada dose da vacina da Pfizer

Bruxelas fechou acordo com a Pfizer e a BioNTech para a compra de 200 milhões de doses da vacina contra a covid-19, com a possibilidade de adquirir mais 100 milhões.
Publicado a
Atualizado a

A União Europeia (UE) fechou um acordo com a norte-americana Pfizer e a alemã BioNTech para a compra de 200 milhões de doses da vacina contra a covid-19, com a possibilidade de adquirir mais 100 milhões de doses do fármaco, que, segundo dados preliminares revelou ter uma eficácia superior a 90%. É o quarto contrato que a Comissâo Europeia assina com farmacêuticas para garantir vacinas para Europa.

Bruxelas deverá pagar menos de 19,50 dólares (16,50 euros) por cada dose, segundo avança a Reuters, que cita um fonte comunitária ligada às negociações. Um preço que espelha o apoio financeiro dado pela UE e Alemanha para o desenvolvimento da vacina contra a doença, refere a mesma fonte, que pediu anonimato, uma vez que os termos do acordo são confidenciais.

Desta forma, o valor que Bruxelas irá pagar será inferior ao que foi contratualizado com os Estados Unidos, que acordaram pagar 19,50 dólares por 100 milhões de doses, uma aquisição inferior em relação à UE, mas têm a opção de adquirir mais 500 milhões de doses. O preço final deste contrato, já com o desconto, não foi, no entanto, divulgado.

Fontes do Ministério da Saúde alemão, citadas pelo ABC, apenas indicam que para a Europa o preço será mais próximo de 20 dólares do que 10 dólares.

Em junho, o Banco Europeu de Investimento concedeu um empréstimo 100 milhões de euros à BioNTech para o desenvolvimento e fabricação da vacina e em setembro surgiu o financiamento de 375 milhões de euros do Ministério Alemão de Pesquisa. Investimentos que possibilitaram esta redução no preço das vacinas à Comissão Europeia, escreve o jornal espanhol.

Além da Pfizer e da BioNTech, a Comissão Europeia já assinou contratos com três farmacêuticas para assegurar vacinas para a Europa quando estas se revelarem eficazes e seguras: a AstraZeneca (300 milhões de doses), a Sanofi-GSK (300 milhões) e a Johnson & Johnson (200 milhões).

Fonte comunitária explicou à Lusa que a Comissão está a financiar os acordos de compra antecipada celebrados com os produtores de vacinas através do Instrumento de Apoio de Emergência, a partir do qual "foram disponibilizados até agora mais de dois mil milhões de euros de financiamento".

O objetivo da Comissão Europeia é conseguir uma carteira de seis potenciais vacinas para a covid-19, que além das já asseguradas abrangerá as das farmacêuticas CureVac e a Moderna.

Previsto está que as vacinas sejam disponibilizadas ao mesmo tempo para todos os Estados-membros da UE, sendo que a quantidade atribuída a cada será baseada na população.

Acresce que os Estados-membros podem decidir doar as doses de vacina a si atribuída a outros países mais pobres ou redirecioná-la para outros países europeus.

"Esta carteira diversificada de vacinas irá assegurar que a Europa está bem preparada para a vacinação, uma vez que as vacinas tenham sido provadas como seguras e eficazes", referiu a Comissão Europeia, em comunicado.

A instituição aponta, ainda, que decidiu "apoiar" a vacina desenvolvida pelas farmacêuticas alemã BioNTech e pela norte-americana Pfizer "com base numa avaliação científica sólida, a tecnologia utilizada, a experiência das empresas no desenvolvimento de vacinas e a sua capacidade de produção para abastecer toda a UE".

Na segunda-feira, a Pfizer revelou que dados provisórios sobre a sua vacina contra o novo coronavírus indicam que pode ser eficaz em 90% dos casos.

O anúncio não significa, contudo, que uma vacina esteja iminente, dado que a fase3 dos ensaios clínicos ainda decorrem.

Além da aquisição, os países têm de ter em conta o seu armazenamento e distribuição da vacina, o que acarreta uma grande operação logística.

A administração da vacina implica, por exemplo, adquirir no mínimo uma seringa e duas agulhas, sendo que o transporte do fármaco tem de obedecer a determinados parâmetros, uma vez que precisa de ser mantida e transportada a uma temperatura de -80ºC. Cabe a cada estado-membro proceder ao armazenamento e à distribuição, sendo que cada tem de ter um plano de vacinação.

Em conferência de imprensa, realizada em agosto, Graça Freitas afirmou que "vão ser estabelecidos grupos prioritários para a vacinação e estes grupos prioritários são definidos por especialistas em vacinação, doenças infecciosas, em farmácia, virologia, que terão em consideração o tipo de vacina e as suas características".

"Temos de esperar pela ficha da vacina, onde estão as características em relação a cada grupo etário", diz Graça Freitas. "Mas há sempre dois tipos de prioridades: grupos vulneráveis e os cuidadores, como os profissionais de saúde".

A ficha da vacina será divulgada apenas depois de esta passar pela aprovação, no caso europeu, da Agência Europeia do Medicamento.

Com Lusa

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt