Três ataques a França em plena guerra de Macron contra o extremismo islâmico
O presidente francês tem sido criticado por dizer que "o islão está em crise em todo o mundo" e defender publicação de caricaturas do profeta Maomé. Esta quinta-feira já houve três ataques com facas contra alvos franceses, tendo um deles resultado em três mortes.
Três pessoas morreram, uma delas degolada, num ataque na igreja de Notre-Dame de Nice, tendo as autoridades ferido o responsável. A pouco menos de três horas de distância, em Avignon, a polícia matou um outro homem armado com uma faca que tentou atacar os agentes e vários civis no meio da rua. Ambos terão gritado Allahu Akbar (Deus é grande), segundo as testemunhas. E na Arábia Saudita, no consulado francês em Jeddah, um guarda ficou ferido noutro ataque também com uma faca.
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Os três ataques surgem numa altura em que o mundo muçulmano tem criticado o presidente francês, Emmanuel Macron, que no início do mês alegou que o "islão está em crise em todo o mundo" na apresentação de novas medidas para defender a laicidade do Estado e os valores da República. Valores que diz estarem sob ameaça do islão radical e do extremismo islâmico, que apontou como uma "ideologia" e um "projeto" para doutrinar uma nova geração e criar uma "contrassociedade".
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O mundo muçulmano também não gostou de ver Macron defender a publicação de caricaturas do profeta Maomé (a representação em imagens é considerada uma blasfémia), depois da morte do professor Samuel Paty. Degolado em plena rua por um refugiado checheno de 18 anos, o professor tinha mostrado as imagens numa das suas aulas, numa discussão sobre liberdade de expressão.
Vários líderes de países muçulmanos, entre os quais o turco Recep Tayyip Erdogan, atacaram nos últimos dias Macron e lançaram apelos ao boicote dos produtos franceses. Outros, como o iraniano Hossan Rohani, avisaram que as declarações podiam "encorajar a violência". Em várias cidades do mundo árabe, repetiram-se os protestos, com imagens e efígies do presidente francês a serem queimadas.
O governo francês já recebeu entretanto várias mensagens a condenar o ataque de Nice, incluindo da Turquia. "Condenamos veementemente o ataque (...) e apresentamos as nossas condolências aos familiares das vítimas", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco num comunicado. "É claro que os que cometeram um ataque tão selvagem num local de culto sagrado não podem inspirar-se em qualquer valor religioso, humano ou moral", adiantou, exprimindo a sua "solidariedade com o povo francês face ao terrorismo e à violência".
A França já aumentou entretanto o nível de alerta, para o de "emergência atentado".