Estudantes franceses em protesto contra risco de contágio nas escolas
Estudantes em protesto organizaram bloqueios em várias escolas secundárias em toda a França, queimando recipientes de lixo, para pressionar por melhores medidas de proteção contra o coronavírus no ambiente escolar, que muitos temem estar a alimentar a rápida propagação da pandemia.
É o terceiro dia de manifestações de adolescentes em colégios, ou liceus, em muitos deles com o apoio de professores, reclamando contra o que consideram ser o risco que correm nas escolas devido à inexistência de medidas antiinfecciosas eficazes.
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Em Nantes, por exemplo, várias centenas de estudantes bloquearam o liceu de Bourdonnieres, no oeste da França, obstruindo o tráfego automóvel do lado de fora e queimando latões do lixo, sgundo informações da polícia, que dispersou a reunião e prendeu duas pessoas.
Numa mensagem no no Instagram, um grupo que se autodenomina "movimento do colégio Bourdonnieres" denunciou "o perigo que correm professores e alunos ... com todos misturados num colégio de 2.000 alunos, principalmente na cantina, onde o distanciamento social é impossível" .
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Na vizinha Saint-Nazare, a polícia teve que intervir na escola Aristide Briand, e em Tours, no centro da França, adolescentes bloquearam o acesso à escola usando latões do lixo e paletes.
"Temos 30 alunos em algumas das nossas turmas e temos medo de estar a espalhar o vírus entre nós", disse à AFP um aluno, que se identificou como Dimitri.
"Usar máscara não é suficiente"
Em Caen, no norte, os professores do liceu Malherbe também saíram. à rua em protesto.
"A preocupação é a cantina. Há 1.900 crianças a comer todos os dias na cantina. Do lado de fora está tudo bem, mas assim que entram no corredor, as crianças fazem fila praticamente uns em cima dos outros. Não dá para gerir", disse à AFP o representante sindical dos pais, Christophe Lajoie. .
Em Paris, quatro escolas estiveram fechadas brevemente devido a protestos que, segundo a polícia, terminaram pacificamente.
Também houve manifestações em escolas secundárias na ilha francesa da Córsega, em Seine-et-Marne, a leste de Paris, e em Pont-l'Abbe, na costa oeste.
Na quarta-feira, um bloqueio numa escola nos subúrbios a norte da capital resultou em quatro detenções.
De acordo com Philippe Vincent, do sindicato SNPDEN, de diretores de escolas, a pressão aumenta nas escolas, onde devem ser acomodadas até 35 crianças por turma.
"Usar máscara não é suficiente", disse Vincent à AFP. "Não estamos a conseguir evitar a mistura das turmas, respeitar o distanciamento social, arejar as salas como deveriam. Chegámos ao limite."
O sindicato escreveu ao ministro da Educação para pedir a divisão das aulas e receber os alunos em dias alternados nas próximas semanas.
O sindicato dos professores SNES-FSU, por sua vez, convocou uma greve nacional para a próxima terça-feira por causa da situação.
A autarca de Paris, Anne Hidalgo, pediu ao governo nacional na quinta-feira que permita que bibliotecas, teatros e ginásios que estão vazios devido ao novo confinamento nacional sejam usados como salas de aula para garantir um distanciamento social adequado para alunos e funcionários.
O papel das crianças na transmissão do coronavírus tem sido um ponto de discórdia entre os cientistas.
As crianças não tendem a adoecer com o vírus, o que torna difícil saber se são responsáveis por infectar outras pessoas.
A maioria das escolas em dezenas de países foi fechada pelos governos durante os bloqueios durante a primeira onda pandémica, mas na segunda vaga, os governos têm tentado manter o normal funcionamento escolar.