Espanha supera os 4 mil mortos. Só nas últimas 24 horas morreram 655 pessoas

São mais de 4000 as mortes por covid-19. "Estamos numa guerra para conseguir máscaras, testes, ventiladores", diz o porta-voz do Governo espanhol. Estado de Emergência prolongado até 12 de abril.
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Espanha aproxima-se rapidamente do pico da pandemia: o número de casos confirmados e de mortes provocadas por covid-19 dispararam e os hospitais estão repletos de pacientes gravemente doentes, conta o El País. O número de mortes é agora de 4089, com os casos confirmados a serem 56.188.

"Todas as administrações estão a trabalhar incansavelmente para conseguir equipamentos médicos. É uma verdadeira guerra para conseguir máscaras, testes rápidos, ventiladores... ", afirmou esta manhã a porta-voz da ministra das Finanças e do governo, María Jesús Montero, em declarações à Telecinco.

Registaram-se mais 655 mortes nas últimas 24 horas. Nos hospitais estão internados 31.912 doentes, informaram as autoridades de saúde espanholas, com um total de doentes recuperados de 7015.

Há relatos diários nas redes sociais ou através dos sindicatos de profissionais de saúde que improvisam aventais de proteção com lençóis cirúrgicos ou como reutilizam materiais como máscaras descartáveis. Os testes rápidos que o governo prometeu há dias ainda não chegaram e nas zonas mais afetadas pela pandemia como Madrid e Catalunha só são testados doentes em estado grave e profissionais de saúde. Por isso, diz o jornal, não se sabe quantas pessoas estarão efetivamente infetadas.

Os lares de idosos em Espanha desesperam pela chegada dos testes à covid-19, queixas semelhantes acontecem em Portugal no mesmo setor.

Os testes que estão a ser feitos em Espanha (PCR) demoram cerca de quatro horas e requerem maquinaria e pessoal altamente especializados para os fazer.

O Ministério da Saúde reconhece que o número de testes realizados não revela mais do que uma parte muito pequena das infeções por coronavírus e anunciou a chegada de testes rápidos, que não precisam de um laboratório para processar a amostra e que dão resultados em 10 ou 15 minutos.

Espanha fez uma encomenda de material de proteção e outro equipamento no valor de um milhão de dólares à China, e no pacote estão 5,5 milhões de testes, que chegarão nos "meses de março e abril" ao país.

Sem equipamento de proteção, organizações recorrem aos tribunais

Um grande hospital pode consumir 5.000 máscaras cirúrgicas em apenas um dia, e precisa, além da proteção para o rosto, de aventais, luvas ou óculos de proteção.

Na quarta-feira, os conselhos gerais de médicos, farmacêuticos, enfermeiros, dentistas e veterinários assinaram um comunicado conjunto onde garantem que os 721.000 profissionais de saúde que representam estão "em situação de total insegurança e desamparo". Falam em "condições sanitárias inadequadas e muito arriscadas" e da falta de material e equipamentos de proteção.

Várias organizações recorreram aos tribunais para exigir os equipamentos de proteção em falta. Em Madrid, o tribunal deu razão a uma associação de médicos, mas o Supremo Tribunal espanhol rejeitou, na quarta-feira, o pedido para obrigar o Ministério da Saúde a fornecer a todos os centros de saúde públicos e privados da Espanha o material dentro de 24 horas.

Embora entenda "o trabalho decisivo" dos profissionais de saúde e frisar que estes "devem ter todos os meios necessários" , o tribunal não encontrou provas de que existe uma ação contrária a essa exigência.

O Ministério da Saúde espanhol diz que 550 milhões de máscaras e 11 milhões de luvas irão chegar ao país nas próximas oito semanas.

O mesmo acontece com os ventiladores: na corrida para estes equipamentos estão vários países que se debatem com o número crescente de casos graves da doença.

A corrida aos ventiladores. Europa não tinha stock

Alguns hospitais espanhóis estão a comprar ventiladores sem passar pelo Ministério da Saúde, como aconteceu com o Hospital Universitário La Paz, em Madrid, que assinou contratos por compra direta de ventiladores fabricados pela Philips, entre outros equipamentos.

O El País refere que teve acesso a documentação onde o hospital afirma que "o número de pacientes com suspeita de infeção está a aumentar exponencialmente" e indica que esse tipo de equipamento (ventiladores) está a ser solicitado por "todos os países do mundo".

Especialistas ouvidos pelo El País afirmam que Espanha, tal como o resto da Europa, não se preparou com os surtos dos vírus SARS e MERS, ao contrário do que fizeram os asiáticos. Não havia material armazenado para uma possível pandemia e, quando queriam comprar, todos queriam comprara, uma vez que o vírus se tornou global.

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