Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. EPA/OLIVIER MATTHYS

Zelensky rejeita encontrar-se com Putin em Moscovo e propõe Kiev

“Não posso ir a Moscovo enquanto o meu país está a ser atacado com mísseis todos os dias, disse presidente da Ucrânia em entrevista à estação de televisão norte-americana ABC News.
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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou a proposta do seu homólogo russo, Vladimir Putin, para um encontro presencial em Moscovo, afirmando que Putin “pode ir a Kiev” se quiser realmente construir pontes e negociar o fim da guerra.

“Não posso ir a Moscovo enquanto o meu país está a ser atacado com mísseis todos os dias. Não posso ir à capital deste terrorista”, disse Zelensky, em entrevista à estação de televisão norte-americana ABC News.

“Putin sabe disso”, acrescentou.

Para Zelensky, a proposta feita por Putin esta semana para um encontro em Moscovo visa apenas “adiar” uma eventual reunião.

“Se alguém não quiser reunir-se, pode propor algo que não seja aceitável para mim ou para outras partes”, argumentou Zelensky, insistindo que “continua pronto” para se encontrar com o líder russo em “qualquer formato”.

A ideia de um encontro presencial entre os dois líderes decorre dos esforços diplomáticos lançados pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e foi inicialmente proposta para acontecer duas semanas depois das cimeiras no Alasca e em Washington, a 15 e 18 de agosto.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andri Sibiga, adiantou que sete outros países - a Áustria, o Vaticano, a Suíça, a Turquia e três Estados do Golfo - já se ofereceram para acolher o encontro.

A proposta de Moscovo como ponto de reunião dos dois oponentes na guerra da Ucrânia foi apresentada por Vladimir Putin na quarta-feira, quando o presidente russo estava em Pequim para assistir às comemorações do 80.º aniversário do fim da II Guerra Mundial.

“Se Zelensky estiver pronto, que venha a Moscovo e esse encontro terá lugar”, afirmou, em direto pela televisão no seu país, confirmando que o presidente norte-americano, Donald Trump, lhe pediu para se reunir com o líder ucraniano.

“Donald pediu-me para realizar a reunião, se possível. Respondi que sim, é possível”, indicou.

O presidente russo referiu que nunca descartou a possibilidade de um encontro com o homólogo ucraniano, embora tenha questionado se a reunião faria “algum sentido”.

Ao mesmo tempo, voltou a colocar em causa a legitimidade de Zelensky ao manter-se no cargo para além do seu mandato.

No entanto, a Ucrânia, que se encontra sob lei marcial desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, não consegue organizar eleições representativas, uma vez que parte do seu território está ocupado e o que não está é atingido diariamente por bombardeamentos.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a II Guerra Mundial (1939-1945).

Ao fim de mais de três anos da invasão russa da Ucrânia, as propostas para um acordo de paz entre Moscovo e Kiev têm fracassado, apesar das iniciativas do presidente norte-americano, Donald Trump, para aproximar as partes.

O líder russo, Vladimir Putin, exige que a Ucrânia ceda territórios e renuncie ao apoio ocidental e à adesão à NATO, condições que Kiev considera inaceitáveis, reivindicando pelo seu lado um cessar-fogo imediato como ponto de partida para um acordo de paz, a ser salvaguardado por garantias de segurança.

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