O presidente norte-americano, Donald Trump, defendeu esta sexta-feira (17 de outubro) que existe um enorme "ressentimento" entre Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, considerando que esse é o maior obstáculo a um acordo que possa pôr fim à guerra entre Ucrânia e Rússia. "Não gostam um do outro. Têm um ressentimento tremendo. É isso que está realmente a atrasar um acordo. Acho que vamos conseguir, e tem de ser duradouro", afirmou Trump, que recebe pela terceira vez o presidente ucraniano na Casa Branca. "Eu sou o presidente mediador", disse Trump, falando que não é uma situação fácil de mediar porque os presidentes não se dão bem. Zelensky foi recebido, cerca de meia hora depois do horário previsto, à entrada por Trump, tendo ambos posado para os fotógrafos. Mas não fizeram declarações, tendo Trump acenado que sim quando um jornalista lhe perguntou se acredita que pode convencer Putin a acabar com a guerra. O encontro desta sexta-feira (17 de outubro) - um almoço de trabalho na sala de reuniões da Administração e não na Sala Oval - surge depois de, na quinta-feira (16 de outubro), Trump ter falado ao telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, combinando um novo frente-a-frente, depois da cimeira do Alasca, que aconteceu em agosto. A reunião será em Budapeste, na Hungria, em data a anunciar."Uma honra estar com um líder muito forte, que passou por muito. Damo-nos muito bem", disse Trump aos jornalistas antes do almoço, explicando que falará com Zelensky sobre o seu telefonema com Putin. "Começou no Alasca e queremos ver se avançamos com isto", acrescentou, insistindo que quer acabar com a guerra. "Obrigado pelo convite e parabéns pelo seu sucesso no Médio Oriente", disse Zelensky, acreditando que existe momentum para acabar com a guerra também na Ucrânia. "Eles [os russos] têm muitas perdas, económicas e de pessoas, e acho que este é um momento importante", referiu, mencionando que se reuniu com empresas de energia norte-americanas e que acha que há hipótese de cooperação. "Obrigado, obrigado", repete.Questionado diretamente sobre os mísseis Tomahawk, Trump diz que vai falar sobre isso com Zelensky, que seria uma escalada da guerra, mas vão falar. “Espero que não precisem deles. Espero que possamos acabar com a guerra sem ter de pensar nos Tomahawks”, disse.O presidente ucraniano sugere um plano de troca dos Tomahawk por drones, dizendo que a Ucrânia pode ajudar a reforçar a produção norte-americana. "Eles fazem drones muito bons", admite Trump, indicando mais tarde que também precisa de Tomahawk e que não quer ficar sem eles. Sobre a escolha de Budapeste para o encontro com Putin, disse que é um líder que admira e que ele será "um anfitrião muito bom". O presidente norte-americano não se compromete com uma reunião a três, com Putin e Zelensky, mas diz que o líder ucraniano estará ao alcance e refere que Putin e Zelensky "não se dão bem", alegando que o "ressentimento entre os dois" é o principal obstáculo. "Acho que o presidente Putin quer acabar a guerra", insistiu contudo o norte-americano, confiante que Zelensky quer o mesmo. Questionado por uma jornalista sobre que cedências está preparado para fazer, para acabar com a guerra, Zelensky diz que primeiro é preciso falar, depois que é preciso um cessar-fogo. "Nós queremos a paz, Putin não quer", indicou, não se comprometendo em renunciar à NATO (dizendo que seria a melhor garantia de segurança). Outras reuniõesTrump diz a Zelensky que ele está muito elegante com o seu casaco. Em fevereiro, o primeiro encontro entre Zelensky e Trump na Sala Oval ficou marcado pelos ataques de membros da Administração dos EUA a Zelensky, insinuando que ele não tinha agradecido aos EUA todo o apoio militar que tinha recebido e criticando-o até por não usar fato. Tudo em direto, diante dos media. A reunião que devia ter acontecido não chegou a acontecer.Mas em agosto o cenário já foi mais amigável, com Zelensky a dizer "obrigado" várias vezes nas suas declarações iniciais e a usar um casaco mais formal, com camisa preta. O presidente ucraniano contou na altura com o apoio de vários líderes europeus, que também estavam na Casa Branca. .Zelensky diz que a ameaça com mísseis Tomahawk pressionou Putin a retomar diálogo.O roteiro de Trump para a paz na Ucrânia: primeiro Zelensky na Casa Branca, depois Putin em Budapeste