Zelensky diz estar pronto para encontro com Putin. Suíça promete imunidade ao líder russo se comparecer

O chanceler alemão afirmou que Putin aceitou reunir-se com Zelensky nas próximas duas semanas. Para o presidente francês esse encontro deve realizar-se na Europa, mais precisamente em Genebra.
Zelensky diz estar pronto para encontro com Putin. Suíça promete imunidade ao líder russo se comparecer
AARON SCHWARTZ/EPA/POOL

Suíça dá imunidade a Putin se comparecer em conferência de paz

A Suíça mostrou hoje disponibilidade para oferecer imunidade ao Presidente russo, Vladimir Putin, apesar do mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional, sob a condição de comparecer no país para uma conferência de paz.

A garantia foi manifestada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros suíço, Ignazio Cassis, depois de a cidade de Genebra ter surgido como forte hipótese para a realização do encontro entre Putin e Zelensky.

No ano passado, o governo federal suíço definiu novas regras sobre imunidade concedida a indivíduos sob mandado de detenção internacional, se essa pessoa se deslocar ao país no âmbito de uma conferência de paz.

A medida não se aplica a deslocações "por motivos pessoais", disse Cassis, durante uma conferência de imprensa conjunta com o homólogo italiano, Antonio Tajani, em Berna.

Em 2023, o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de captura contra o chefe de Estado russo pelo "rapto de crianças ucranianas" das regiões da Ucrânia, invadida pelas forças de Moscovo, e que foram deportadas para territórios na Rússia.

Zelensky diz estar pronto para encontro com Putin

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou estar "pronto" para um encontro bilateral com o homólogo russo Vladimir Putin, para pôr fim à invasão russa ao seu país.

"Estamos prontos para uma reunião bilateral com Putin e, depois disso, esperamos uma reunião trilateral" com a participação de Donald Trump, disse Zelensky na segunda-feira aos jornalistas, após conversações na Casa Branca com o Presidente norte-americano e líderes europeus.

As possíveis concessões territoriais exigidas pela Rússia à Ucrânia são uma questão para ser deixada entre o próprio e Putin, acrescentou.

Numa mensagem na rede social Truth, Trump afirmou que, no final da reunião na Casa Branca com Zelensky e líderes europeus sobre o conflito na Ucrânia, telefonou a Putin e iniciou “os preparativos para uma reunião, em local a determinar”, entre os chefes de Estado russo e ucraniano.

“Após essa reunião, teremos uma reunião trilateral, que seriam os dois Presidentes, para além de mim”, adiantou.

Citando fonte próxima do encontro, a AFP adianta que Putin disse a Trump estar pronto a encontrar-se com Zelensky.

O chanceler alemão, Friedrich Merz, afirmou que Putin aceitou reunir-se com Zelensky nas próximas duas semanas. O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu que esse encontro deve realizar-se na Europa, mais precisamente em Genebra, na Suíça.

"Mais do que uma hipótese, é mesmo a vontade coletiva", declarou Macron numa entrevista transmitida esta terça-feira pela LCI, quando questionado sobre a realização deste encontro na Europa.

"Será um país neutro e, por isso, talvez a Suíça. Defendo Genebra, ou outro país. A última vez que houve discussões bilaterais foi em Istambul", recordou.

Entretanto, a França e o Reino Unido anunciaram que vão reunir esta terça-feira a “coligação de voluntários” por videoconferência para discutir as garantias de segurança necessárias para pôr fim ao conflito na Ucrânia.

Lavrov diz que cimeira Putin-Zelensky deve ser tratada com muito cuidado

Sem mencionar especificamente um futuro encontro Putin-Zelensky, o Kremlin confirmou que o Presidente russo e Trump discutiram por telefone a possibilidade de aumentar o nível de representação na próxima ronda de conversações directas com a Ucrânia.

"Em particular, foi discutida [entre Putin e Trump] a ideia de que poderia ser estudada a possibilidade de aumentar o nível de representação dos lados ucraniano e russo, ou seja, dos representantes que participam nas negociações diretas", afirmou Yuri Ushakov, conselheiro presidencial para a política internacional.

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo disse que um eventual encontro entre Putin e Zelensky deve ser preparado "com muito cuidado" e salvaguardando os interesses de Moscovo. 

Lavrov disse ainda, em declarações transmitidas pela estação de televisão russa Rossiya 24, que qualquer "futuro acordo de paz na Ucrânia" deve ter em conta os "interesses de segurança" da Rússia.

"Sem respeitar os interesses de segurança da Rússia, sem respeitar plenamente os direitos dos russos e dos russófonos que vivem na Ucrânia, não há como falar de um acordo de longo prazo", disse Lavrov à estação de televisão russa.

A Rússia tem condicionado um encontro com o Presidente ucraniano a uma aceitação prévia sobre os termos de um acordo de paz, que os dois líderes celebrariam.

Garantias de segurança

Volodymyr Zelensky anunciou ainda que os seus aliados ocidentais vão formalizar "dentro de dez dias" as garantias de segurança para a Ucrânia, para impedir qualquer novo ataque russo ao país.

"As garantias de segurança serão provavelmente decididas pelos nossos parceiros e haverá cada vez mais detalhes, pois tudo será colocado no papel e oficializado (...) dentro de uma semana a dez dias", afirmou o chefe de Estado ucraniano, após negociações na Casa Branca com o Presidente norte-americano, Donald Trump, e vários líderes europeus.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que uma das garantias de segurança para a Ucrânia, a acompanhar qualquer acordo de paz com a Rússia, deverá ser um exército ucraniano suficientemente "robusto" para impedir novos ataques de Moscovo.

"Pude voltar esta tarde ao conteúdo dessas garantias de segurança, que são um exército ucraniano robusto, capaz de resistir a qualquer tentativa de ataque e dissuadi-lo, e, portanto, sem limitações em número, capacidade ou armamento", disse Macron aos jornalistas. "Enquanto ele [o Presidente russo, Vladimir Putin] achar que pode vencer através da guerra, continuará", acrescentou.

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O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, afirmou que os Estados Unidos se envolverão num esforço de cerca de 30 países para garantir a segurança da Ucrânia no quadro de um acordo de paz com a Rússia.

O responsável holandês, ressaltou, porém, que na reunião na Casa Branca não foi acordado o envio de tropas para o terreno nem foi concretizado o papel dos Estados Unidos.

Rutte declarou em entrevista com o canal de televisão Fox News que a Administração norte-americana “quer estar envolvida” num esforço internacional para garantir a segurança da Ucrânia, liderado pelo Reino Unido e pela França e que inclui nações como o Japão e a Austrália.

Isso não contempla a adesão da Ucrânia à NATO, mas sim “garantias de segurança do tipo do Artigo 5.º”, a regra que estipula que uma agressão armada contra um membro da organização atlântica é um ataque contra todos os seus membros, esclareceu Rutte.

“O que os Estados Unidos disseram agora é que querem estar envolvidos nisto. O que significará exatamente essa participação? Isso será discutido nos próximos dias», disse o líder da Aliança Atlântica.

O responsável garantiu que na reunião de Trump com Zelensksy e outros líderes europeus “não se discutiu, de forma alguma”, o envio de tropas para a Ucrânia para defender o país da Rússia.

“Então, isso fará parte das discussões, que agora começarão. Vamos tentar levá-las a uma nova fase de entendimento nos próximos dias e semanas”, disse. Em relação às concessões territoriais, Macron diz que "cabe à Ucrânia fazê-las”. “A Ucrânia fará as concessões que considerar justas e apropriadas”, disse.

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Ataques continuam

Os parceiros europeus de Kiev têm exigido como primeiro passo para um acordo de paz um cessar-fogo, enquanto as forças russas continuam a fazer ataques diários - com vagas de 'drones', bombas e mísseis - contra infraestruturas ucranianas, frequentemente civis.

Nas últimas 24 horas, os ataques russos causaram a morte de cinco civis na região ucraniana de Donetsk, segundo a administração militar da zona.

Três pessoas morreram em Kostianivika, uma em Dobropillia e outra em Novodetske, precisou a mesma fonte nas redes sociais, citada pela agência de notícias espanhola EFE.

Os ataques provocaram ainda oito feridos.

De acordo com o comando-geral ucraniano, foram registados 186 combates na frente durante o último dia.

Ataques com ‘drones’ na região de Kharkiv (leste) causaram danos na infraestrutura elétrica, que originaram apagões, segundo as autoridades locais.

Os militares russos também lançaram nas últimas 24 horas mais de 400 ataques com ‘drones’ na região de Zaporijia (sul), causando danos materiais.

Também a Rússia anunciou que a Ucrânia prosseguiu com os ataques apesar das conversações em Washington. As defesas antiaéreas russas abateram na segunda-feira à noite 23 ‘drones’ ucranianos sobre duas regiões do país e a península anexada da Crimeia, disse o Ministério da Defesa da Rússia.

Treze dos ‘drones’ foram destruídos sobre a região de Volgogrado, a mais de 100 quilómetros do ponto mais próximo da fronteira ucraniana.

O aeroporto de Volgogrado (antiga Estalinegrado) suspendeu temporariamente as operações, que foram retomadas assim que o alerta de ataque aéreo foi levantado.

Os outros aparelhos não tripulados foram abatidos e destruídos sobre a região de Rostov (cinco), adjacente à Ucrânia, e a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

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