Xi Jinping esteve esta quarta-feira, 20 de agosto, em Lhasa para assinalar o 60.º aniversário do Tibete como uma região autónoma da China, naquela que foi a sua segunda visita como presidente ao território e que surge numa altura de tensão depois de Pequim ter voltado a insistir no seu direito de nomear uma reencarnação do Dalai Lama, o líder máximo do budismo tibetano, que completou recentemente 90 anos.“Para governar, estabilizar e desenvolver o Tibete, a primeira coisa é manter a estabilidade política, a estabilidade social, a unidade étnica e a harmonia religiosa”, disse Xi a altos funcionários do Tibete, segundo os meios de comunicação estatais, citados pela Reuters. A sua anterior viagem teve lugar em julho de 2021, quando apelou à população para “seguir o partido”.Já a atual visita do presidente chinês ao Tibete teve lugar na mesma semana em que o líder da diplomacia de Pequim, Wang Yi, esteve na Índia - onde se encontrou com o seu homólogo indiano e com o primeiro-ministro Narendra Modi -, tendo-se os dois países comprometido a reconstruir os laços danificados por um conflito fronteiriço mortal nos Himalaias em 2020.Um dos assuntos levantados pela Índia nessas reuniões foi a sua preocupação sobre os planos da China para construir uma barragem gigante no rio Yarlung Tsangpo, em território tibetano, e que Deli teme que tenha impacto nas comunidades e nas áreas a jusante.Esta questão foi abordada esta quarta-feira por Xi Jinping, que frisou que o empreendimento - tido como o maior projeto hidroelétrico do mundo - deve ser alcançado “vigorosamente” no âmbito das metas de redução de carbono da China, ao mesmo tempo que protege a “torre de água” da Ásia.Em 1951, as forças comunistas chinesas ocuparam o Tibete, que foi transformado em região autónoma 14 anos depois, dando origem a décadas de repressão política, incluindo a demolição de alguns mosteiros budistas e a prisão de monges.Pequim defende que esta designação tinha como objetivo oferecer aos grupos étnicos minoritários locais, como os tibetanos, um maior poder de decisão em questões políticas, incluindo a liberdade religiosa. No entanto, grupos de defesa dos Direitos Humanos e exilados descrevem o regime chinês no Tibete como “opressivo”, uma acusação rejeitada por Pequim.Em 2008, num breve período após os Jogos Olímpicos de Pequim, o Tibete foi abalado por protestos de monges e freiras e, em seguida, por uma série de autoimolações, com Xi a dizer na altura que o budismo tibetano deveria ser orientado para se adaptar ao sistema socialista da China.No mês passado, a questão do budismo tibetano voltou a ser notícia, a propósito dos 90 anos do Dalai Lama, que vive exilado na vizinha Índia desde 1959. Nas celebrações do seu aniversário, o líder espiritual tibetano e Nobel da Paz indicou que a busca pelo próximo Dalai Lama deverá seguir os rituais estabelecidos desde a criação da instituição, em 1587, pondo fim a anos de especulação em torno da possível extinção da linhagem espiritual.A diplomacia chinesa não tardou a reagir a estas declarações, reiterando que “a reencarnação de figuras budistas de grande relevo, como o Dalai Lama e o Panchen Lama, deve ser determinada por sorteio através da Urna Dourada e posteriormente aprovada pelo Governo Central”. .Dalai Lama celebra 90 anos e prepara sucessão espiritual.Ofensiva de Pequim contra campanhas pelo Tibete