Viúva de Navalny diz que laboratórios de países diferentes indicam que opositor russo foi "envenenado"

Viúva de Navalny diz que laboratórios de países diferentes indicam que opositor russo foi "envenenado"

Alexei Navalny, principal opositor do presidente russo, Vladimir Putin, morreu numa prisão no Ártico, em fevereiro do ano passado, aos 47 anos.
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A viúva de Alexei Navalny afirmou esta quarta-feira, 17 de setembro, que o marido morreu "envenenado", de acordo com a análise de dois laboratórios de dois países diferentes aos "restos biológicos" do principal opositor do presidente russo, Vladimir Putin. Navalny morreu em fevereiro de 2024 quando estava numa prisão no Círculo Polar Ártico.

Yulia Navalnaya explicou que foi possível "obter e transferir com segurança amostras biológicas de Alexei [Navalny] para o estrangeiro".

"Laboratórios de dois países diferentes realizaram análises. Estes laboratórios, independentes um do outro, concluíram que Alexei foi envenenado", escreveu Yulia Navalnaya numa mensagem publicada nas redes sociais.

Para a viúva de Navalny, "estes resultados são de importância pública e devem ser publicados". "Todos nós merecemos saber a verdade", vincou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, foi questionado sobre esta acusação, mas optou por não fazer comentários.

No vídeo partilhado hoje nas redes sociais, Yulia Navalnaya conta que o marido foi transferido para a colónia penal dois meses antes da sua morte.

"Durante os três anos que passou atrás das grades, o estado de saúde agravou-se. Não queriam apenas matá-lo, tentaram quebrá-lo. Atormentaram-no com fome, frio e isolamento total. Foi impedido de receber telefonemas e visitas e deixaram de lhe entregar cartas. As reuniões com os advogados foram obstruídas. Passou longos períodos numa cela de castigo sem bens pessoais, sem livros e até sem papel ou caneta", relatou.

A viúva de Navalny disse ainda que a cela onde o marido estava tinha "seis metros quadrados, uma chávena, uma escova de dentes e uma cama fixada na parede durante o dia, pelo que não era possível deitar-se nela". "Foi nesta cela de castigo que o mataram", acusou.

De acordo com o Serviço Penitenciário Federal da região de Yamal-Nenets, Navalny, que estava a cumprir uma pena de 19 anos de prisão, "sentiu-se mal” depois de uma caminhada e “perdeu a consciência quase de imediato”.

A viúva refere, no vídeo, que o opositor russo se sentiu mal durante uma caminhada numa cela vizinha, a 16 de fevereiro, de 2024. "O Alexei bateu à porta e disse que se sentia mal (...) Estava deitado no chão, com os joelhos sobre o estômago, a gemer de dor. Disse que o peito e a barriga estavam a arder. Começou a vomitar", disse Yulia .

Contou ainda que a ambulância foi chamada mais de 40 minutos depois e que tentaram depois ressuscitar o marido, mas sem sucesso.

Afirmou que testemunhos de funcionários da prisão indicaram que ele estava a ter convulsões no chão.

"Os assassinos trabalharam cuidadosamente para eliminar as pistas, mas conseguimos preservar algumas provas", disse para depois revelar que foi possível, em fevereiro de 2024, obter "amostras de material biológico de Alexei [Navalny] e contrabandeá-las em segurança para o estrangeiro".

A viúva do opositor russo voltou a acusar o presidente russo pela morte do marido ao afirmar: "O Alexei era o meu marido. Era o meu amigo. Era um símbolo de esperança para o nosso país. Putin assassinou essa esperança. Temos o direito de saber como o fez".

No vídeo, Yulia Navalnaya pede aos laboratórios que fizeram as análises "que publiquem os resultados".

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