Os apelos para a unidade europeia sucederam-se na sequência da incursão de 19 drones russos no espaço aéreo polaco, na quarta-feira, e vários países sinalizaram envio de armas ou de militares. A pequena política local falou mais alto e, depois do primeiro-ministro Donald Tusk ter visitado a base aérea de Lask para agradecer o trabalho realizado pelos militares, o avião presidencial levou Karol Nawrocki a outra base, Poznan-Krzesiny, para semelhante visita. A competição entre o chefe de Estado populista e o centrista chefe do governo de coligação não afetou, contudo, a tomada de decisões: envio de 40 mil soldados para junto das fronteiras com a Rússia e Bielorrússia, estabelecimento de uma zona de exclusão aérea e pedido de discussão da violação aérea no Conselho de Segurança das Nações Unidas.A decisão de reforçar as fronteiras não foi tomada na sequência do incidente com os drones, mas devido aos exercícios militares conjuntos da Rússia e da Bielorrússia (Zapad 2025) que envolverão cerca de 30 mil soldados. Embora possa ter havido um ajuste na sequência do mesmo, uma vez que, nas palavras do vice-ministro da Defesa Cezary Tomczyk, as forças polacas reuniram 30 mil efetivos em recentes exercícios. “Lembremos que o Zapad 2025 é um exercício ofensivo”, disse.A limitação do tráfego aéreo, anunciada pela agência de navegação aérea daquele país, tem efeito até 9 de dezembro junto da fronteira oriental, numa faixa de território entre a Bielorrússia e a Ucrânia. Todas os drones civis estão proibidos, enquanto as restantes aeronaves estão limitadas a voos diurnos, a pedido da Força Aérea. A Letónia seguiu o exemplo e anunciou medida similar, através do ministro da Defesa. Andris Spuds disse que, para já, a exclusão aérea junto das fronteiras com a Rússia e Bielorrússia irá cumprir-se até dia 18..Teste à defesa da NATO horas antes de se iniciar exercício militar russo junto à fronteira da Polónia. A intrusão dos drones de ataque Gerbera, cópia dos iranianos Shahed, vai ser discutida nesta sexta-feira no Conselho de Segurança da ONU, onde a Rússia tem assento permanente. Para o ministro da Defesa Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, o apoio logístico do seu país à Ucrânia pode ter sido uma motivação para a incursão russa. “Isto é uma tentativa de enfraquecer a disposição da NATO e da Polónia em apoiar a Ucrânia.” Outro ministro, o dos Negócios Estrangeiros, tentou puxar um quase ausente presidente dos EUA para a discussão. “É altura de Donald Trump compreender que Putin se está a rir dele”, disse Radoslaw Sikorski à PBS. As reações de apoio surgiram na Europa: Londres e Paris comprometeram-se em enviar aviões de caça para patrulhar os céus polacos; a Alemanha anunciou que vai duplicar as aeronaves que tem para o efeito para quatro. Os Países Baixos vão acelerar o envio já programado de 300 militares e de duas baterias de defesa aérea Patriot. Mas combater drones com mísseis como os utilizados nos Patriot ou nos F-16 ou F-35 não tem racionalidade económica. A proposta vem de Kiev, com o presidente Zelensky a propor um programa conjunto de fabrico e desenvolvimento de drones intercetores. Minsk liberta prisioneiros políticos A Bielorrússia libertou 52 prisioneiros políticos, anunciou Gitanas Nauseda, o presidente da Lituânia, país que acolheu as pessoas em causa. A iniciativa resulta dos “esforços contínuos” do presidente dos EUA Donald Trump, segundo Nauseda. “No entanto, mais de mil prisioneiros políticos ainda permanecem nas prisões bielorrussas, e não podemos parar enquanto eles não tiverem recuperado a liberdade”, afirmou. Entre os saídos do cárcere contam-se 14 estrangeiros e um histórico opositor do regime de Lukashenko, Mikola Statkevitch. A Bielorrússia, que acolhe a partir desta sexta-feira um exercício militar com o exército russo junto da fronteira da Polónia, já havia libertado em junho o opositor Siarhei Tsikhanouski, marido de Sviatlana Tsikhanouskaya. Os EUA levantaram as sanções à companhia aérea Belavia e anunciaram para breve a reabertura da embaixada em Minsk, encerrada após a invasão à Ucrânia, segundo a agência Belta.