Ursula von der Leyen sobreviveu a duas moções de censura.
Ursula von der Leyen sobreviveu a duas moções de censura.Christophe Licoppe / União Europeia

Ursula von der Leyen agradece “forte apoio” após sobreviver a duas moções de censura

O chumbo destas duas moções de censura já era esperado, mas o número de votos contra mostra um relativo aumento do apoio dos eurodeputados à presidente da Comissão da Europeia.
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A presidente da Comissão Europeia sobreviveu esta quinta-feira, 9 de outubro, a duas moções de censura, depois de receber o apoio da maioria dos eleitos do Parlamento Europeu. Esta foi a primeira vez que foram apresentadas duas moções de censura em simultâneo no hemiciclo de Estrasburgo. “Agradeço profundamente o forte apoio recebido hoje. A Comissão continuará a trabalhar em estreita colaboração com o Parlamento Europeu para enfrentar os desafios da Europa e, em conjunto, alcançar resultados para todos os cidadãos europeus. Unidos pelos nossos cidadãos, pelos nossos valores e pelo nosso futuro”, escreveu Ursula von der Leyen no X depois de ser conhecido o resultado final.

Na votação da moção de censura apresentada pelo grupo parlamentar de extrema-direita Patriotas pela Europa, foram registados 179 votos a favor, 378 contra e 37 abstenções. Já a moção de censura desencadeada pelo grupo de extrema-esquerda A Esquerda recebeu 133 votos a favor, 383 contra e 78 abstenções. No total, foram contabilizados 594 votos num universo de 720 eurodeputados.

A moção da extrema-direita, apresentada por Jordan Bardella, o líder do francês Reagrupamento Nacional, tinha como objetivo criticar Ursula von der Leyen por aceitar um acordo tarifário desvantajoso com os Estados Unidos e por propor um pacto comercial com o bloco sul-americano do Mercosul que ameaça os agricultores, um dos motivos que leva a França a não ser a favor deste acordo, e o ambiente. Dois pactos que serão votados no Parlamento Europeu nos próximos meses.

“Mais uma vez, Bruxelas isenta Ursula von der Leyen de responsabilidades. Mas não desistiremos. Patriotas pela Europa, continuem a lutar, pelo futuro da Europa, pelo seu povo, pela verdade”, reagiu o grupo de extrema-direita, ao qual também pertence o português Chega, depois de sair derrotado.

A outra foi apresentada por Manon Aubry, eleita pelo França Insubmissa, por causa da inacção da Comissão Europeia em relação à atuação do governo de Israel na Faixa de Gaza, mas também devido ao acordo tarifário com os Estados Unidos e o Mercosul, um ponto em comum com a moção da extrema-direita. “Dos socialistas à extrema-direita, uma união sagrada no Parlamento para manter Ursula von der Leyen no cargo. A presidente da Comissão é cúmplice do genocídio em Gaza e assina acordos de comércio livre como o Mercosul, um após outro”, criticou a também presidente do grupo parlamentar A Esquerda, que conta com os portugueses Bloco de Esquerda e PCP.

De notar que, e num claro sinal de que o o acordo UE-Mercosul não é bem visto em França, quatro eurodeputados franceses do Partido Popular Europeu, ao qual também pertence von der Leyen, apoiaram a moção apresentada por Bardella desafiando a indicação de voto da sua liderança e justificando esta rebelião precisamente por causa deste pacto comercial com a América do Sul.

Entre estes quatro, todos eles do partido francês Republicanos, destaca-se François-Xavier Bellamy, um dos vice-presidentes do grupo parlamentar do PPE. “Não poderíamos contradizer os compromissos que assumimos durante a nossa campanha e a luta que estamos a travar incansavelmente para proteger, em particular, os nossos agricultores”, referiu Bellamy em comunicado, ressalvando que a moção não tinha “nenhuma hipótese” de ser aprovada.

De facto, o chumbo destas duas moções de censura já era esperado, mas o número de votos contra mostra um relativo aumento do apoio dos eurodeputados à presidente da Comissão da Europeia em relação à moção de censura de julho - na altura, o número de votos contra foi de 360, um valor abaixo do registado esta quinta-feira.

Mesmo assim, Ursula von der Leyen ainda tem de se preocupar com a sua margem de apoio no Parlamento Europeu, tendo em conta que em julho de 2024 recebeu o voto favorável de 401 entre os 720 eurodeputados para a sua confirmação como presidente do executivo comunitário.

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