Von der Leyen critica moção de censura oriunda de "mundo de conspirações" que tenta "criar divisão" na UE
A presidente da Comissão Europeia disse esta segunda-feira, 7 de julho, que o Parlamento Europeu (PE) pode decidir entre aprovar uma moção de censura oriunda de “um mundo de conspirações” ou rejeitar uma tentativa de “criar divisão” na UE.
“Hoje podemos todos fazer a nossa própria avaliação sobre os méritos [da Comissão Europeia] […] e cada um chegará à sua conclusão. O que acabámos de ouvir é claro: é uma tentativa fraca dos extremistas de polarização, de erodir a confiança na democracia, uma tentativa de reescrever a história”, disse Ursula von der Leyen.
No arranque de um debate sobre uma moção de censura à Comissão Europeia, a presidente considerou que a UE “venceu a pandemia em conjunto”.
A moção de censura foi desencadeada, de acordo com o promotor, um eurodeputado romeno conservador, e restantes subscritores, na sequência da troca de mensagens entre Ursula von der Leyen e o administrador da farmacêutica Pfizer Albert Bourla durante a negociação das vacinas contra o vírus SARS-CoV-2, em 2021.
“Há uma escolha a fazer hoje. Podemos seguir o mundo de conspirações de Gheorghe Piperea [eurodeputado promotor da moção] e esquemas sinistros […], ou podemos chamar-lhe o que é: mais uma tentativa de criar divisões entre as nossas instituições e entre os que são pró-europeus”, sustentou Ursula von der Leyen.
Sobre a ocultação das mensagens com o administrador da farmacêutica norte-americana, a presidente do executivo comunitário reconheceu que consultou “várias organizações”, incluindo não-governamentais, as Nações Unidas e empresas, nomeadamente farmacêuticas.
“Mas a simplificação de que [as decisões tomadas] foram contrárias aos interesses europeus é, pura e simplesmente, errada”, comentou.
A polémica começou em 2022 quando o diário The New York Times solicitou acesso às comunicações, incluindo mensagens textuais, entre Ursula von der Leyen e o administrador da Pfizer, que foi reconhecido durante uma entrevista.
A Comissão Europeia rejeitou o acesso às mensagens, alegando que não se classificavam como documentos do executivo comunitário e que eram de natureza efémera, por isso, não havia evidências de quaisquer mensagens nos arquivos do executivo do bloco político-económico europeu.
A questão esteve envolta em ambiguidade e foi desvalorizada pela Comissão Europeia, mas suscitou dúvidas sobre a transparência da Comissão de Ursula von der Leyen.
Em maio, o Tribunal Geral da União Europeia decretou que a recusa em facultar as mensagens violava o princípio da boa administração que está incorporado na legislação da UE.
Os principais críticos da Comissão Europeia consideram que as vacinas foram negociadas por mensagens, sem qualquer transparência, ou pelos canais oficiais utilizados para estas questões.