Ursula von der Leyen enfrenta esta segunda-feira, 7 de julho, no Parlamento Europeu o debate de uma moção de censura contra o executivo comunitário que lidera, a primeira desde 2014, estando a votação marcada para quinta-feira. Embora seja bastante improvável que esta faça cair a Comissão, a sua existência é um sinal da crescente frustração da maioria dos partidos com várias decisões levadas a cabo pela alemã, sendo esperado que o debate seja um reflexo disso mesmo.A moção de censura foi avançada pelo eurodeputado Gheorghe Piperea, que faz parte do grupo dos eurocéticos Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), dominado pelos Irmãos de Itália de Giorgia Meloni. O romeno, que conseguiu o apoio de 79 eleitos, sete acima do número mínimo, acusa Ursula von der Leyen de falta de transparência na troca de mensagens como CEO da Pfizer Albert Bourla durante a pandemia, processo que ficou conhecido por Pfizergate. Para que a sua moção de censura tenha sucesso precisaria do apoio de uma maioria de dois terços dos 720 eurodeputados. .Tribunal da UE contraria Bruxelas na recusa em facultar mensagens de Von der Leyen e dono da Pfizer a jornal. “Será sensacional ver como Ursula von der Leyen justificará as acusações na moção, especialmente porque o Tribunal de Justiça da União Europeia ordenou recentemente à Comissão que publicasse detalhes das suas negociações sobre os contratos com a Pfizer”, disse Piperea nas redes sociais. O eurodeputado acusa ainda a Bruxelas de interferência nas recentes presidenciais romenas, ganhas pelo pró-europeu Nicusor Dan, que derrotou o nacionalista George Simion. Também é esperado que socialistas e liberais aproveitem este debate para confrontar a presidente da Comissão com a acusação do seu alinhamento com a extrema-direita para diluir as chamadas reformas verdes. Mesmo assim, além do Partido Popular Europeu (PPE), a maior força política e à qual pertence von der Leyen, socialistas e liberais já fizeram saber que não tencionam apoiar a moção de censura. “Não apoiamos nenhuma iniciativa da extrema-direita”, afirmou Iratxe García Pérez, presidente do grupo dos socialistas. Já o PPE classificou esta iniciativa como “irresponsável”. Na mesma linha, o grupo A Esquerda, apesar de não fazer parte do bloco maioritário centrista, deu sinais de que os seus deputados votarão contra a moção, explicou um dos seus porta-vozes. “Não trabalhamos com os grupos de extrema-direita que têm vindo a suportar a agenda de von der Leyen e depois fazem de conta estar danados com ela”. Até o ECR, ao qual Gheorghe Piperea pertence, se distanciou da realização do debate desta segunda-feira e da votação de quinta-feira, dizendo que esta “não é uma iniciativa do nosso grupo”. No entanto, durante a votação, que não será secreta, é esperado que alguns eleitos dos Reformistas e Conservadores Europeus votem a favor - tendo em conta que cerca de 30 dos seus 79 eleitos apoiaram o pedido da moção de censura -, a par de eurodeputados dos populistas Patriotas para a Europa e dos Europa das Nações Soberanas, e até alguns do PPE. Caso a votação desta moção de censura tiver sucesso, o que é improvável, o executivo comunitário - Ursula von der Leyen e os seus 26 comissários - serão convidados a demitirem-se. Treze tentativas, uma demissãoDesde 1972, quando uma moção de censura ao executivo da Comissão Europeia foi usada pela primeira vez no Parlamento Europeu, foram apresentadas um total de 13 moções - nove delas desde as primeiras eleições diretas em 1979. A mais recente teve lugar em novembro de 2014, contra a Comissão liderada por Jean-Claude Juncker, antigo primeiro-ministro e ministro ds Finanças luxemburguês. Foi iniciada pelo grupo político eurocético Europa da Liberdade e da Democracia Direta em resposta ao escândalo financeiro “Luxembourg Leaks” e apenas 101 em 670 eurodeputados votaram a favor. O caso mais emblemático é a moção de censura que levou à demissão do executivo liderado por Jacques Santer, em março de 1999, por alegações de fraude, mesmo antes de ter sido votada em plenário. Antes disto, a Comissão do antigo primeiro-ministro luxemburguês, em funções desde janeiro de 1995, já havia sobrevivido a três outras moções. .EUA anunciam novas tarifas globais e ameaçam países alinhados com o BRICS