A Justiça turca emitiu esta sexta-feira, 7 de novembro, mandados de captura por genocídio para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e vários responsáveis israelitas, incluindo os ministros da Defesa, Israel Katz, e da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir.No total, 37 suspeitos são alvos dos mandados de captura, disse o Ministério Público de Istambul num comunicado, sem fornecer uma lista completa.Entre eles, figura também o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas israelitas, Eyal Zamir, indicou o Ministério Público de Istambul, condenando “o genocídio e os crimes contra a humanidade perpetrados de forma sistemática pelo Estado de Israel na Faixa de Gaza”..Guterres defende mandato da ONU para missão internacional em Gaza. A Justiça turca referiu igualmente o caso do “Hospital da Amizade Turco-Palestiniana” de Gaza – construído pela Turquia -, bombardeado em março pelo exército israelita, que afirma servir de base a combatentes do movimento islamita palestiniano Hamas.A Turquia, um dos países mais críticos da guerra iniciada na Faixa de Gaza pelo exército israelita na sequência do ataque do Hamas de 07 de outubro de 2023 em Israel, tinha-se já juntado ao processo de genocídio contra Telavive apresentado pela África do Sul perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) no ano passado.Está em vigor desde 10 de outubro um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, a primeira fase de um plano de paz proposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia..EUA querem ter em janeiro força internacional em Gaza. Esta fase da trégua envolveu a retirada parcial do exército israelita para a denominada "linha amarela" demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e a Faixa de Gaza, a libertação de 20 reféns em posse do Hamas e de 1.968 prisioneiros palestinianos.O cessar-fogo visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque de 07 de outubro de 2023 do Hamas a Israel, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 sequestradas.A retaliação de Israel fez pelo menos 68.876 mortos - entre os quais mais de 20.000 crianças - e 170.679 feridos, na maioria civis, segundo números atualizados (com as vítimas das quebras do cessar-fogo por Israel) pelas autoridades locais, que a ONU considera fidedignos..Guterres "profundamente preocupado" com constante violação de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Fez igualmente milhares de desaparecidos, soterrados nos escombros e espalhados pelas ruas, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções e fome, causada por mais de dois meses de bloqueio de ajuda humanitária e pela posterior entrada a conta-gotas de mantimentos, distribuídos em pontos considerados seguros pelo exército, que regularmente abria fogo sobre civis famintos.Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça, e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.Israel diz ser "manobra" do "tirano Erdogan"Israel já veio entretanto rejeitar os mandados de prisão por "genocídio" emitidos pela Procuradoria-Geral de Istambul, considerando-os "golpe publicitário" do presidente turco Recep Tayyip Erdogan."Israel rejeita veementemente, com desprezo, o último golpe publicitário do tirano Erdogan", escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, numa mensagem na rede social X."Na Turquia de Erdogan, o sistema judicial há muito que se tornou uma ferramenta para silenciar rivais políticos e deter jornalistas, juízes e presidentes de câmara", acrescentou Saar, referindo-se em particular ao presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, opositor do presidente turco, preso desde março e alvo de numerosos processos judiciais..Acusada procuradora israelita que investigou abusos de soldados