Trump vai à Ásia com futuro da economia na bagagem e encontro com Xi na agenda
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Trump vai à Ásia com futuro da economia na bagagem e encontro com Xi na agenda

Presidente dos EUA vai participar na Cimeira da ASEAN, na Malásia, segue depois para o Japão, onde se reúne com o imperador e a nova primeira-ministra, e termina na Coreia do Sul, na cimeira da APEC.
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A primeira viagem à Ásia de Donald Trump desde que regressou à Casa Branca em janeiro tem estado rodeada de algum mistério. O presidente dos EUA deve chegar a Kuala Lumpur este sábado, 25 de outubro, para participar na cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Além das inevitáveis questões comerciais e em torno das tarifas aduaneiras impostas pelos EUA, o chefe do Estado americano vai de olho em mais uma "vitória" dos seus esforços pacificadores, estando prevista a assinatura um acordo de paz entre Tailândia e Camboja, recém envolvidos em conflitos, uma das "oito guerras" a que diz ter posto fim noutros tantos meses no poder.

Mas de Kuala Lumpur, Trump, que no seu primeiro mandato apenas participou numa cimeira da ASEAN, tendo até escapado à reunião virtual durante a pandemia, segue para o Japão, onde chega em plena transição política. Segundo o site do Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês, o presidente americano fará uma visita de Estado ao imperador Naruhito, reunindo-se também com a nova primeira-ministra, Sanae Takaichi, que acaba de tomar posse. Primeira mulher a chegar à chefia de um governo no Japão, Takaichi era uma protegida de Shinzo Abe, o antigo primeiro-ministro assassinado em 2022 após ter deixado o cargo. Abe era próximo de Trump e analistas, como Michael Greene, conselheiro de George W. Bush para a segurança nacional e agora líder do Centro de Estudos dos EUA na Austrália, citado pela AP, acreditam que Takaichi poderá ocupar esse lugar. Greene lembra ainda que trabalhar com Trump e mantê-lo comprometido com as alianças tradicionais dos EUA "requer um nível de interação e confiança que nenhum dos líderes asiáticos tem".

O analista admite que esta Administração americana parece não ter "uma estratégia clara para a Ásia". Até agora o presidente americano tem usado as tarifas para mitigar o que descreve com práticas comerciais injustas, irritando países que muitas vezes têm nos EUA o maior mercado para exportações.

De Tóquio, com o qual Washington chegou no início do ano a um acordo comercial que incluiu a promessa de 550 mil milhões de dólares em investimentos em projetos nos EUA, Trump segue para a Coreia do Sul. E se o presidente vai oficialmente participar numa cimeira da  Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), todos os olhares vão estar focados no previsto encontro com Xi Jinping.

Nas últimas semanas, as tensões subiram especialmente com o anúncio da China de restrições às exportações de minerais raros. Trump ameaçou retaliar com tarifas tão altas que ele mesmo admite que seriam insustentáveis. Com as expectativas ao nível mais alto, muitos receiam, segundo a AP, que um passo em falso provoque ondas de choque nas indústrias americanas, já abaladas pelas tarifas agressivas de Trump e pelas demissões na sequência do shutdown, a paralisação do governo federal que já se arrasta há 23 dias (o recorde pertence a Trump, no primeiro mandato, e é de 35 dias). E que uma rivalidade entre os dois líderes possa levar a economia internacional a uma espiral descendente.

Antes de partir para a Ásia, Trump garantiu que a China "nos tem tratado com grande respeito" desde que ele assumiu o cargo. E afirmou: "Eu poderia ameaçá-los com muitas outras coisas", mas "quero ser bom para a China".

Outra questão em aberto serão as negociações comerciais com a Coreia do Sul, que enfrenta tarifas dos EUA que podem prejudicar a sua indústria automóvel. No entanto, Seul recusou a exigência de Trump de um fundo de investimento de 350 mil milhões semelhante ao do Japão.

Uma viagem cheia de incertezas que tanto aliviar as tensões na região, recuperar a relação entre os EUA e a Ásia e resultar em acordos comerciais capazes de deixar o mundo a respirar de alívio ou, como admitia há dias à revista Fortune Rush Doshi, antigo conselheiro de Joe Biden para a China, caminhar para "o desastre".

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