O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou hoje a Índia e a China de serem os “principais financiadores da máquina de guerra russa” através da compra contínua de petróleo.No discurso perante a Assembleia-Geral da ONU, por ocasião do debate geral de alto nível da 80.ª sessão, que arrancou hoje em Nova Iorque, Trump reiterou que o conflito na Ucrânia “nunca teria começado” se ele estivesse na Casa Branca em fevereiro de 2022.“Era uma guerra que deveria ter durado três dias, mas já leva três anos e meio, com milhares de mortos semanalmente”, afirmou o Presidente norte-americano.Na intervenção, Trump sublinhou que Pequim e Nova Deli são “os pilares financeiros” de Moscovo e também apontou críticas aos aliados europeus.“Estão a alimentar a guerra. E até países da NATO continuam a comprar energia russa. Estão a financiar o inimigo contra si próprios. Quem já ouviu falar em algo tão absurdo?”, questionou o Presidente norte-americano.“Europa, parem já com as compras. Caso contrário, estamos todos a perder tempo”, insistiu Trump, garantindo que levantará o tema nas reuniões paralelas em Nova Iorque.Numa questão que divide a Europa e os Estados Unidos, Trump apenas ameaçou impor tarifas de grande escala à Rússia caso o Kremlin (presidência russa) não aceite negociar a paz.“Serão tarifas devastadoras. E, se os aliados europeus não se juntarem, de nada servirá. São vocês que estão ao lado de Moscovo, não nós”, frisou Trump.O Presidente acrescentou que o seu Governo está pronto para liderar uma coligação internacional de sanções comerciais, mas que o sucesso depende do envolvimento europeu.Sobre o risco de novos conflitos armados, Trump apelou a um esforço global para travar o desenvolvimento de armas biológicas.“Depois da pandemia, não podemos tolerar mais riscos. Vamos liderar um sistema de verificação com Inteligência Artificial, e espero que a ONU, pela primeira vez, consiga desempenhar um papel útil”, anunciou o Presidente norte-americano, reforçando as críticas à ONU..As Nações Unidas, em 80 anos de existência, ainda não conseguiram encontrar uma mulher para assumir o cargo de secretária-geral, apesar das "quatro mil milhões de candidatas", lembrou a nova presidente da Assembleia-Geral da organização, Annalena Baerbock."Em 80 anos, esta organização nunca escolheu uma mulher para este cargo. Poder-se-á perguntar como é que, de quatro mil milhões de potenciais candidatas, não foi possível encontrar uma única?", questionou, referindo-se ao número de mulheres no mundo, na sua intervenção na abertura do debate de alto nível da Assembleia-Geral da ONU.Baerbock é apenas uma das cinco mulheres entre as 80 pessoas que ocuparam a presidência da Assembleia-Geral da ONU.A posse da ex-ministra dos Negócios Estrangeiros alemã como presidente ocorre num momento de intenso debate sobre a necessidade de uma mulher assumir pela primeira vez o cargo de secretária-geral da ONU quando António Guterres concluir o seu mandato, no final de 2026.No entanto, nenhum nome obteve ainda o consenso necessário entre os países.Baerbock reconheceu que a eleição de um presidente da Assembleia-Geral é uma decisão que cabe aos Estados-membros - que devem indicar os candidatos -, mas enfatizou que este processo não se trata apenas de uma representação igualitária, mas também da credibilidade da própria ONU.Porém, as declarações da ex-ministra alemã contrastam com a realidade na sede da ONU, onde a maioria dos chefes de delegação que discursarão durante a semana de alto nível são homens, como tem acontecido nos últimos anos. Os números revelam que mulheres chefes de delegação representaram pouco mais de 10% dos oradores..A presidente da Comissão Europeia denunciou hoje o “padrão de confrontação” devido à invasão do espaço aéreo da União Europeia (UE), agora por ‘drones’ na Dinamarca, enquanto o líder do Conselho Europeu defendeu a proteção das infraestruturas críticas.“Acabei de falar com a primeira-ministra [da Dinamarca, Mette] Frederiksen sobre a incursão de ‘drones’ [aeronaves pilotadas remotamente] no aeroporto de Copenhaga. Embora os factos ainda estejam a ser apurados, é evidente que estamos a assistir a um padrão de confrontação persistente nas nossas fronteiras”, vincou a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen.Numa publicação na rede social X, a responsável prometeu: “As nossas infraestruturas críticas estão em risco, [mas] a Europa responderá a esta ameaça com força e determinação”.Também através do X, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, disse ter ficado “preocupado ao ouvir a primeira-ministra Frederiksen falar sobre os ‘drones’ não identificados detetados na área do aeroporto de Copenhaga” e manifestou “total solidariedade da Europa”.“A UE deve ser capaz de proteger as suas infraestruturas críticas”, advogou o antigo primeiro-ministro português, indicando que da agenda do Conselho Europeu informal de dia 01 de outubro faz parte um debate sobre reforço da prontidão comum europeia em matéria de defesa..O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, questionou hoje a utilidade das Nações Unidas, acusando a organização de não o ter ajudado nos esforços para resolver os conflitos no mundo, e criticou o reconhecimento da Palestina.Trump está a intervir no debate de alto-nível da 80.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, que hoje arrancou em Nova Iorque.Trump – que gastou parte substancial do início do seu discurso para elogiar a sua ação na presidência dos Estados Unidos – acusou a ONU de não o ter sequer ajudado a resolver vários conflitos militares no mundo.O Presidente norte-americano disse ainda que o reconhecimento unilateral do Estado da Palestina por vários países, concretizado no domingo e na segunda-feira, é uma recompensa às ações terroristas do movimento islamita palestiniano Hamas, incluindo os ataques de 07 de outubro de 2023, que desencadearam o conflito na Faixa de Gaza.O líder da Casa Branca disse aos outros líderes mundiais que os seus "países estão a ser arruinados", em jeito de alerta para a "migração descontrolada", e afirmou que as Nações Unidas "não estão apenas a resolver os problemas que deveriam resolver", mas, com demasiada frequência, estão a criar novos problemas" para os líderes dos vários países resolverem.Trump queixou-se ainda das energias renováveis, apelidando-a de inútil e alertando que estão a levar a Europa à "beira da destruição", destacou o esforço que está a levar a cabo para para reprimir a alegada criminalidade desenfreada em certos estados norte-americanos, disse que o Reino Unido deveria utilizar mais o "tremendo petróleo" do Mar do Norte e classificou as alterações climáticas como "a maior fraude perpetrada no mundo"."As Nações Unidas estão a financiar um ataque aos países ocidentais e às suas fronteiras. A ONU está a apoiar as pessoas que estão a entrar ilegalmente nos Estados Unidos, e depois temos de as retirar. A ONU também forneceu comida, abrigo, transporte e cartões de débito aos imigrantes ilegais", acrescentou..Marcelo discursa hoje pela sexta e última vez na Assembleia Geral da ONU.O Presidente brasileiro, Lula da Silva, denunciou hoje nas Nações Unidas que a “agressão contra o poder judiciário é inaceitável”, numa alusão direita ao comportamento dos Estados Unidos.“Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia reconquistada há 40 anos pelo seu povo depois de duas décadas de governos ditatoriais”, disse, Lula da Silva, numa referência à condenação a 27 anos e três meses de prisão do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, no dia 11 de setembro, por atentar contra o Estado Democrático de Direito.Numa alusão direta ao comportamento dos Estados Unidos durante o julgamento, Lula da Silva sublinhou ainda que “não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra” as instituições e economia brasileira, num discurso em que cumpriu a longa tradição do Brasil abrir o debate geral da Assembleia Geral da ONU..Assembleia Geral da ONU. “A nossa democracia e a nossa soberania são inegociáveis”, disse Lula .O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou hoje que o “isolamento é uma ilusão" e saiu em defesa do multilateralismo e da Organização das Nações Unidas, a qual considerou "uma bússola moral" e uma "guardiã do direito internacional".Na abertura do debate de alto nível da Assembleia-Geral da ONU, e num momento em que as Nações Unidas celebram 80 anos, Guterres recordou o cenário que levou à criação da organização, afirmando que os líderes da altura escolheram a cooperação em vez do caos, a lei em vez da ilegalidade, e a paz em vez do conflito."Esta escolha deu origem às Nações Unidas – não como um sonho de perfeição, mas como uma estratégia prática para a sobrevivência da humanidade", disse, relembrando que muitos dos fundadores da ONU viram de perto os terrores dos campos de extermínio e da guerra.Num momento em que a ONU enfrenta uma grave crise multidimensional, com a sua influência e orçamento em risco, Guterres dedicou grande parte do seu discurso a defender a organização que lidera, a qual apontou como o único fórum para os Estados soberanos procurarem o diálogo e a cooperação."As Nações Unidas são mais do que um ponto de encontro. São uma bússola moral. Uma força para a paz e a manutenção da paz. Uma guardiã do direito internacional. Um catalisador para o desenvolvimento sustentável. Uma tábua de salvação para as pessoas em crise. Um farol para os direitos humanos. Um centro que transforma as decisões dos Estados-membros em ação", disse.Contudo, 80 anos após a fundação da ONU, os líderes da atualidade são confrontados com a mesma questão que os fundadores enfrentaram só que, frisou perante a atualidade, “mais urgente, mais interligada, mais implacável"."Que tipo de mundo escolhemos construir juntos?", questionou Guterres.Ao longo do discurso, "escolha" foi a palavra de ordem usada pelo chefe da ONU, admitindo que a mensagem principal que pretende transmitir aos chefes de Estado e de Governo que o ouvem é: "Agora é a hora de escolher"."Não basta saber quais são as escolhas certas. Exorto-vos a fazê-las", instou.António Guterres afirmou que o mundo enfrenta agora uma era de perturbação imprudente e de sofrimento humano implacável, com os princípios das Nações Unidas "sob cerco"."Os pilares da paz e do progresso estão a ceder sob o peso da impunidade, da desigualdade e da indiferença. Nações soberanas, invadidas. Fome, transformada em armas. Verdade, silenciada. Fumo a subir de cidades bombardeadas. Raiva crescente nas sociedades fragmentadas. Mares a subir, engolindo litorais. Cada um deles é um aviso", lamentou."Que tipo de mundo escolheremos? Um mundo de poder bruto ou um mundo de leis? Um mundo que é uma luta por interesses próprios ou um mundo onde as nações se unem? Um mundo onde a força faz o direito ou um mundo de direitos para todos?", indagou Guterres.O antigo primeiro-ministro português fez então uma reflexão pessoal, contando que cresceu num mundo onde as escolhas eram poucas e que foi educado na escuridão da ditadura, "onde o medo silenciava as vozes e a esperança era quase esmagada", numa referência à ditadura imposta por António de Oliveira Salazar em Portugal.No entanto, mesmo nas horas mais sombrias, "descobri uma verdade que nunca me abandonou: O poder não reside nas mãos daqueles que dominam ou dividem. O verdadeiro poder emana das pessoas", disse."Aprendi cedo a perseverar. A falar abertamente. Recusar a render. Não importa o desafio. Não importa o obstáculo. Não importa a hora. Devemos — e iremos — ultrapassar. Porque num mundo de muitas escolhas, há uma escolha que nunca devemos fazer: A escolha de desistir", acrescentou o secretário-geral.Guterres fez hoje o seu penúltimo discurso de abertura da Assembleia-geral da ONU enquanto secretário-geral, num momento em que a ONU enfrenta uma crise que levanta questões sobre o seu futuro.Além de uma alegada perda de relevância no cenário global, com o Conselho de Segurança a não conseguir cumprir o propósito de evitar novos conflitos, a ONU enfrenta agora um grave problema financeiro e orçamental, potenciado pelos cortes de verbas decretados pelo atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.Apesar da carga de trabalho da ONU aumentar anualmente, os recursos estão a diminuir em todos os setores, o que obrigou Guterres a fazer reduções significativas no orçamento e cortes de postos de trabalho."Nunca devemos desistir. Essa é a minha promessa para vocês. Pela paz. Pela dignidade. Pela justiça. Pela humanidade. Pelo mundo que sabemos ser possível quando trabalhamos como um só. Eu nunca, nunca desistirei", assegurou António Guterres..Guterres aponta "conflitos atrozes" no Sudão, Ucrânia e Gaza como fruto da impunidadeO secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou hoje que vários países atuam alheios às regras internacionais e avaliou que essa impunidade gerou alguns dos conflitos "mais atrozes" da atualidade, referindo diretamente o Sudão, Ucrânia e Gaza."Em todo o mundo, vemos países a agir como se as regras não se lhes aplicassem. Vemos humanos tratados como menos que humanos. E precisamos de denunciar isso. A impunidade é a mãe do caos – e gerou alguns dos conflitos mais atrozes dos nossos tempos", disse Guterres no arranque do debate de alto nível da Assembleia-Geral da ONU.Começando pelo Sudão, o líder da ONU observou que os civis estão a ser massacrados, mortos à fome e silenciados, num conflito para o qual "não há solução militar".Guterres exortou todas as partes, "incluindo as presentes" no salão da Assembleia-Geral da ONU, a acabar com o apoio externo que alimenta o derramamento de sangue no Sudão."Lutem pela proteção dos civis. O povo sudanês merece paz, dignidade e esperança", insistiu.De seguida, Guterres direcionou as suas palavras para a guerra na Ucrânia, onde, frisou, a violência implacável continua a matar civis, a destruir infraestruturas civis e a ameaçar a paz e segurança globais.O antigo primeiro-ministro português elogiou os recentes esforços diplomáticos dos Estados Unidos e de outros países em prol da paz na Ucrânia e apelou a um cessar-fogo total, que leve a uma paz justa e duradoura, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, as resoluções da ONU e o direito internacional.António Guterres mencionou depois a guerra em Gaza, "onde a escala de morte e destruição está além de qualquer outro conflito" que acompanhou ao longo dos seus dois mandatos como secretário-geral.Em Gaza, "os horrores aproximam-se do seu monstruoso terceiro ano" e "são o resultado de decisões que desafiam a humanidade fundamental", lamentou.O Tribunal Internacional de Justiça (o principal órgão jurisdicional das Nações Unidas) emitiu medidas provisórias, juridicamente vinculativas, no caso intitulado “Aplicação da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio na Faixa de Gaza”, recordou o líder da ONU, apelando a que as medidas sejam implementadas plena e imediatamente.Contudo, afirmou o representante, o cenário só piorou desde então, frisando que foi declarado um período de fome e que as mortes intensificaram-se no território.António Guterres voltou a insistir na solução de dois Estados como a única resposta viável para uma paz sustentável no Médio Oriente e pediu que sejam invertidas urgentemente as “tendências perigosas” no terreno, como a expansão dos colonatos e a ameaça iminente de anexação."Em todo o lado – do Haiti ao Iémen, de Myanmar ao Sahel e mais além – devemos escolher a paz ancorada no direito internacional", apelou.Apesar de admitir alguns vislumbres de esperança no ano passado, incluindo o cessar-fogo entre o Camboja e a Tailândia e o acordo entre o Azerbaijão e a Arménia, mediado pelos Estados Unidos, Guterres reforçou que muitas crises continuam sem controlo."A impunidade impera. A ilegalidade é um contágio. Convida ao caos, acelera o terror e arrisca uma guerra nuclear sem limites. Quando a responsabilização diminui, os cemitérios aumentam", disse.Nesse sentido, Guterres dirigiu-se àquele que é o órgão mais poderoso da ONU - o Conselho de Segurança -, cujas resoluções têm cariz vinculativo, para pedir que cumpra com as suas responsabilidades."Deve ser mais representativo, mais transparente e mais eficaz", insistiu, numa referência a este órgão que tem a responsabilidade primária pela manutenção da paz e segurança internacionais, mas que se vê frequentemente impedido de agir devido a vetos dos membros permanentes - China, Estados Unidos, França, Rússia e Reino Unido.Neste que será o seu penúltimo discurso de abertura da Assembleia-geral da ONU enquanto secretário-geral, Guterres foi além das guerras e pediu que se combatam as injustiças que geram exclusão, desigualdade, corrupção e impunidade.O chefe das Nações Unidas fez ainda uma ampla defesa dos direitos humanos, defendendo que não são um ornamento da paz, mas sim "o seu alicerce".