Assembleia Geral da ONU. “A nossa democracia e a nossa soberania são inegociáveis”, disse Lula
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Assembleia Geral da ONU. “A nossa democracia e a nossa soberania são inegociáveis”, disse Lula

Sem os citar, presidente do Brasil manda recados a Donald Trump e a Jair Bolsonaro. E ainda disse que “nada justifica o genocídio em Gaza”
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Lula da Silva disse que o Brasil mandou um recado ao mundo, no discurso que abriu a Assembleia Geral da ONU, ao reafirmar a democracia e a soberania “contra qualquer tipo de ameaça”. “Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu recado a todos os candidatos autocratas e aqueles que os apoiam: seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela. Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral”, continuou.

“A nossa democracia e a nossa soberania são inegociáveis (...) Agressões contra o poder judicial são inaceitáveis (...) Seguiremos como país soberano e povo unido contra qualquer tipo de ameaça”, afirmou ainda o brasileiro sem jamais citar Donald Trump, cujo governo impôs sanções, inclusivamente nesta segunda-feira, 22, através da lei Magnitsky, utilizada para punir agentes estrangeiros violadores de direitos humanos, a autoridades brasileiras ligadas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Lula também não pronunciou o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado por golpe de Estado por aquele mesmo STF, nem o do deputado Eduardo Bolsonaro quando afirmou que “falsos patriotas promovem ações publicamente contra o Brasil”, numa referência às articulações do filho de Bolsonaro para que Washington cobre tarifas comerciais mais altas a Brasília. 

Lula também usou o discurso para reforçar suas críticas à ofensiva militar de Israel. “Nada justifica o genocídio em Gaza”, disse, sob aplausos da plateia. "O povo palestiniano corre o risco de desaparecer”.

Os motivos para o Brasil falar sempre primeiro nas assembleias da ONU não são claros mas as teorias mais aceites são a de que o país foi escolhido por ser neutral na Guerra Fria e por compensação a não integrar o Conselho de Segurança. Outra versão diz que os representantes brasileiros se ofereceram para falar na primeira reunião, quando ninguém se voluntariou, e a partir daí criou-se uma tradição.

Noutras intervenções anteriores durante a visita, Lula já havia falado sobre estes temas. Disse que Trump deve ter “comportamento de estadista”.  “É inacreditável que o presidente Trump tenha este tipo de comportamento com o Brasil por causa do julgamento de um ex-presidente que tentou dar um golpe de Estado contra o Estado Democrático de Direito, que conspirou e tramou minha morte”, disse o presidente do Brasil, em entrevista à rede pública americana PBS.

“Acho que o presidente Trump deve ter o comportamento de um chefe de Estado, de um estadista da maior economia do mundo, da maior potência militar do mundo, do país mais tecnológico do mundo”, afirmou Lula. Para ele, EUA e Brasil “devem ter relação civilizada independentemente das posições políticas” dos seus dirigentes. “São dois estados importantes, as maiores democracias das Américas, as maiores economias das Américas”, sublinhou.

Na Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação de Dois Estados, realizada horas antes no plenário principal das Nações Unidas, Lula disse que existe na ONU uma “tirania do veto” que “sabota a razão de ser” da organização e acusou o país judeu de uma tentativa de “tentativa de aniquilamento” do “sonho de nação” do povo palestiniano.

Segundo o site Poder360, enquanto Lula discursava a primeira-dama Janja Lula da Silva assistia ao discurso da plateia com um keffiyeh, lenço palestiniano.

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