Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da SilvaEPA/Andre Borges

Lula ataca “os traidores da pátria” em comunicação no dia da independência

Na TV, o presidente do Brasil critica Trump, Bolsonaro e o filho sem os nomear. Nas ruas, comemoração do 7 de setembro tem manifestações da esquerda à direita.
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Lula da Silva atacou o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro e o presidente dos EUA, Donald Trump, na habitual comunicação ao país do presidente do Brasil de 7 de setembro, dia da independência, que será marcado por manifestações de esquerda e de direita nas ruas.

 “Nunca abriremos mão da nossa soberania. Defender a nossa soberania é defender o Brasil”, afirmou Lula que repetiu dez vezes o termo “soberania”, tentando recapturar o discurso do patriotismo perdido para a direita nos últimos anos.

“É inadmissível o papel de alguns políticos brasileiros que estimulam os ataques ao Brasil. Foram eleitos para trabalhar pelo povo brasileiro mas defendem apenas seus interesses pessoais. São traidores da pátria. A História não os perdoará”, disse ainda numa referência a Eduardo Bolsonaro. O filho do ex-presidente, a morar nos EUA desde março, é visto como o principal impulsionador da ofensiva comercial e jurídica de Trump contra as exportações e o sistema judicial brasileiro.

Ao longo da semana, Lula já havia afirmado que o “comportamento” de Eduardo Bolsonaro e família era “uma das maiores traições que uma pátria sofre de filhos seus”. “Ele tem insuflado, com mentiras e com hipocrisia, um outro Estado contra o Estado Nacional do Brasil".

O presidente - e muito provável candidato à reeleição em 2026 - disse ainda que o Brasil “não aceita mais interferências”. “Não somos e não seremos novamente colónia de ninguém. Somos capazes de governar e de cuidar da nossa terra e da nossa gente, sem interferência de nenhum governo estrangeiro”.

“O Brasil mantém relações amigáveis com todos os países mas tem um único dono — o povo brasileiro”.

Na comunicação, transmitida por todas as televisões nacionais do Brasil em simultâneo, Lula referiu-se ainda ao sistema de pagamento digital do país, à regulamentação das redes sociais e a independência do poder judicial, pontos de clivagem entre o Palácio do Planalto e a Casa Branca nos últimos tempos.

“As redes digitais não podem continuar sendo usadas para espalhar fake news e discursos de ódio. Não podem dar espaço à prática de crimes como golpes financeiros, exploração sexual de crianças e adolescentes e incentivo ao racismo e à violência contra as mulheres”.

O discurso precedeu um dia com muitas manifestações de esquerda e direita tendo como pano de fundo, além da celebração dos 103 anos do dia em que o Brasil se tornou independente da coroa portuguesa, o julgamento e eventual condenação de Bolsonaro por crime de golpe de estado. 

Na Avenida Paulista, em São Paulo, o televangelista Silas Malafaia é o organizador de um ato com a amnistia para todos os envolvidos no golpe de estado como mote. “Reage Brasil, o medo acabou”, disse Malafaia, na preparação de um evento em que se espera que Alexandre de Moraes, o juiz do Supremo Tribunal Federal que comanda o julgamento de Bolsonaro seja duramente criticado. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e provável candidato presidencial no ano que vem pelo campo da direita, é aguardado no ato, assim como Romeu Zema, governador de Minas Gerais, recém declarado pré-candidato, e Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama.

Já a esquerda reúne-se noutros pontos de São Paulo, na Praça da República e na Praça da Sé, contra “a agressão” de Trump “à independência do Brasil” num protesto organizado por centrais sindicais com a presença de lideranças progressistas mas sem Lula. 

Um forte dispositivo de segurança está previsto para evitar confronto entre manifestantes. 

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