Passaram seis anos desde o último encontro entre Donald Trump e Xi Jinping mas esta quinta-feira, 30 de outubro, os assuntos em cima da mesa não serão muito diferentes, com as trocas comerciais à cabeça, sendo que o presidente dos Estados Unidos já disse que quer pedir ao seu homólogo chinês para que Pequim pressione a Rússia para começar a negociar a paz com a Ucrânia. Equipas dos dois países já elaboraram a estrutura de um acordo comercial que ambos deverão assinar esta quinta-feira na Coreia do Sul, à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC). “O mundo está a observar, e acho que teremos algo muito entusiasmante para todos”, afirmou esta quarta-feira Trump, que dias antes já havia dito que espera visitar a China no próximo ano e que o seu homólogo chinês deveria viajar “talvez até Washington ou Palm Beach ou outro local” pouco depois disso. Apesar deste otimismo, a sua relação com Xi Jinping - e entre a sua Casa Branca e Pequim - está longe de ser pacífica, desde que se tornou presidente pela primeira vez, em janeiro de 2017. Um mês antes, Trump estava já a fazer história ao tornar-se no primeiro presidente eleito ou presidente dos EUA a falar com o presidente de Taiwan desde 1979, o que levou a China a apresentar um protesto diplomático, para logo depois de ter chegado à Casa Branca suspender as negociações de um acordo bilateral de investimento com Pequim em curso desde 2008.O ano de 2017 ficou marcado por dois encontros entre os dois líderes, primeiro em abril, em Mar-a-Lago, e em novembro durante uma visita de Donald Trump à China. Sobre a passagem do líder chinês pela Flórida, o presidente norte-americano disse que “a relação desenvolvida entre o presidente Xi e eu é, a meu ver, excecional”, enquanto que Xi Jinping fez uma avaliação mais cautelosa, dizendo que “aprofundámos a nossa compreensão e construímos confiança”, acrescentando que tinham estabelecido “uma relação de trabalho preliminar e de amizade”.Na China, Trump teve direito ao que Pequim chamou de “vista de Estado plus”, que incluiu, entre outras coisas, uma visita privada e um jantar entre as famílias dos dois líderes na Cidade Proibida, uma honra sem precedentes para um líder estrangeiro desde a fundação da República Popular da China em 1949. Embora Trump já tivesse criticado anteriormente Pequim em questões comerciais, nesta visita adotou um tom mais suave, chegando a afirmar que “não culpava a China” por se ter aproveitado dos anteriores líderes americanos. Segundo a BBC, durante uma reunião, Trump virou-se para o seu homólogo chinês dizendo que “os meus sentimentos em relação ao si são extremamente calorosos”, tendo Xi apenas sorrido. O presidente chinês, por seu turno, afirmou que as relações tinham entrado num “novo ponto de partida histórico” e que Pequim trabalharia com os EUA com base no respeito e benefícios mútuos.Estes elogios e sorrisos não impediram que os dois países entrassem numa guerra comercial, com imposição de tarifas de ambos os lados, e que só obteve uma trégua quando Donald Trump e Xi Jinping se voltaram a encontrar em dezembro de 2018, na Argentina, à margem de uma cimeira do G20. No entanto, esta trégua não acalmou a situação levando a uma escalada da tensão entre os dois países, com duas especialistas na relação EUA-China, Rosemary Foot e Amy King, a afirmarem o seguinte em junho de 2019: “A relação começou a deteriorar-se na segunda década do século XXI, e a administração Trump acelerou essa deterioração”. Foi precisamente nesse mês que se deu o último encontro entre os dois, mais uma vez à margem de uma cimeira do G20, mas agora no Japão, que resultou num acordo para retomarem as negociações comerciais, ao mesmo tempo que Trump anunciou que as empresas americanas poderiam retomar a venda de produtos à Huawei, o que foi visto como uma concessão a Pequim.No âmbito deste encontro, Xi salientou que as relações China-EUA estavam entre as mais importantes relações bilaterais do mundo, mas que “atualmente, enfrentam algumas dificuldades”. Trump, mais efusivo, afirmou que foi um grande prazer reencontrar o seu homólogo, recordando que a viagem à China em 2017 foi “a mais agradável que já fiz”. E sublinhou valorizar “as boas relações com o presidente Xi Jinping e gostaria de reforçar a cooperação com a China”. Seis anos depois, as duas maiores economias do mundo estão novamente a braços com uma guerra de tarifas, com as tensões a reacenderem-se nas últimas semanas devido à expansão dos controlos de exportação por parte de Washington e ao endurecimento das restrições à exportação de terras raras pela China, uma escalada que levou Trump a prometer novas tarifas de 100% sobre os produtos chineses a partir de 1 de novembro (com uma trégua até dia 10). No entanto, parece ter havido progressos durante o fim de semana, com as delegações dos dois países a desenharem a estrutura do acordo comercial que será discutido hoje entre Trump e Xi. Segundo o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, o acordo pretende garantir que a China não imporá controlos de exportação sobre as terras raras e que os EUA não avançarão com as tarifas de 100% sobre as importações chinesas, mas também um “acordo final” sobre a venda da plataforma de partilha de vídeos TikTok nos EUA. Os dois deverão falar ainda sobre o fluxo de fentanil, as exportações americanas de soja e as negociações energéticas da China com a Rússia.“Claro, terão de fazer concessões”, disse Trump na segunda-feira, acrescentando que “acho que nós também teremos de o fazer.” “Tenho muito respeito pelo presidente Xi. (…) Acredito que ele gosta muito de mim e respeita-me. E acho que respeita muito o nosso país. Vamos ter uma transação bem-sucedida para ambos os países.”.Luís Tomé: “Aparentemente há acordo de princípio entre Trump e Xi para não escalarem na guerra das tarifas” .Trump recebe presentes e um princípio de acordo na Coreia do Sul.Trump não se reúne com Kim Jong-un na visita à Coreia.Trump na Ásia: antes de Xi, Takaichi