O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atualizou na noite de quinta-feira (31 de julho), a poucas horas do prazo que tinha dado (1 de agosto, que proclamara como o "dia da Libertação"), o mapa de tarifas alfandegárias sobre as exportações de dezenas de países (cerca de 70) para os EUA, com Brasil, Canadá e Suíça entre os mais atingidos. No entanto, as novas taxas, que vão dos 10% aos 50%, só entrarão em vigor no dia 7 de agosto, após um adiamento de sete dias anunciado pela Casa Branca, alargando um pouco a margem para negociações - o que significa que também as novas tarifas de 15% acordadas com a União Europeia entram em vigor só no dia 7.Segundo a ordem executiva publicada, o Brasil será um dos países mais penalizados, com tarifas de 50% sobre uma vasta gama de produtos — embora setores estratégicos como aviação, energia e sumo de laranja fiquem temporariamente isentos da sobretaxa de 40% adicionada aos 10% base. A medida é vista como uma retaliação à investigação judicial que envolve Jair Bolsonaro, aliado próximo de Trump.O Canadá também foi visado, com o agravamento de tarifas de 25% para 35%, com Trump a acusar Ottawa de falhar no controlo da entrada de narcóticos nos EUA, segundo a Reuters. A medida, no entanto, está sobretudo a ser conotada com o descontentamento de Trump face ao anúncio canadiano de que prepara o reconhecimento do estado da Palestina. O primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, mostrou-se “profundamente desapontado” e prometeu diversificar os destinos das exportações canadianas.Em contraste, o México conseguiu evitar por agora um agravamento de tarifas de 30% sobre bens não automóveis e não metálicos, após um telefonema de última hora entre Trump e a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum.A Índia enfrentará uma tarifa de 25% após o fracasso nas negociações, centradas no acesso ao seu setor agrícola. Trump também ameaçou impor sanções adicionais devido às importações indianas de petróleo russo, o que provocou forte instabilidade política e cambial em Nova Deli.Já a Suíça enfrenta tarifas de 39%. Para fabricantes de chocolate suíços, como a Lindt, e fabricantes de relógios como Swatch Group e Rolex SA, os impostos mais altos ameaçam prejudicar as vendas no maior mercado consumidor do mundo, lembra a Bloomberg. Os produtos farmacêuticos representaram quase metade das exportações de produtos suíços para os Estados Unidos em 2024,Trump justificou as medidas com “desequilíbrios comerciais persistentes” e invocou poderes de emergência para contornar o Congresso. Apesar do impacto potencial, os mercados reagiram com relativa moderação, já que muitos investidores antecipavam uma nova vaga de protecionismo.Os EUA mantêm ainda negociações com a China, com um prazo final a 12 de agosto para chegar a acordo. Segundo fontes da administração, estão também em curso conversações com outros países para tentar mitigar o impacto das tarifas antes da sua entrada em vigor. .“Dia da libertação” dos EUA chega com (des)acordos de última hora