Donald Trump começou o dia a ameaçar não chegar a acordo sobre as taxas aduaneiras com o vizinho do norte e à tarde anunciou ter adiado a imposição das mesmas ao vizinho do sul. Horas antes, o secretário do Comércio disse que os EUA chegaram a acordo comercial com o Camboja e com a Tailândia após estes dois países terem chegado a um acordo de cessar-fogo, pressionados pelo presidente norte-americano. A imposição de tarifas aos produtos importados pelos Estados Unidos entra hoje em vigor, depois de ter sido anunciada por Trump no início de abril como “o dia da libertação”. Desde a conferência de imprensa em que o homem de negócios apresentou uma tabela com as diferentes taxas aduaneiras a impor em 60 parceiros comerciais caso não houvesse um acordo bilateral que a generalidade dos governos tentaram negociar melhores condições. Nos últimos dias, os Estados Unidos chegaram a acordo com as Filipinas, Indonésia, União Europeia, Vietname, Japão e Paquistão. Na quarta-feira, foi a vez da Coreia do Sul acordar que os seus produtos sejam taxados em 15% e ainda se comprometeu em comprar 100 mil milhões de dólares em gás natural norte-americano e investir 350 mil milhões nos EUA - a mesma lógica usada no acordo com a União Europeia. .Compra de petróleo russo pela Índia, processo contra Bolsonaro no Brasil ou reconhecimento da Palestina pelo Canadá são focos de tensão.. Já a Índia, um país que considera “amigo”, Trump decidiu impor taxas aduaneiras de 25% sem que se chegasse, para já, a um acordo. Trump criticou as suas tarifas “demasiado elevadas” e as “barreiras comerciais não monetárias mais rigorosas e desagradáveis de qualquer país”. Também criticou o facto de historicamente Nova Deli ser cliente do equipamento militar russo e de serem o “maior comprador de energia da Rússia, juntamente com a China, num momento em que todos querem que a Rússia pare a matança na Ucrânia”. Outras grandes economias com que Washington não chegou a acordo são a China e o Brasil. No primeiro caso, da terceira ronda de negociações decorrida nesta semana em Estocolmo saiu uma prorrogação do prazo por mais 90 dias. .EUA e China acordam extensão da trégua de 90 dias na guerra comercial .No segundo, face à ameaça de 50% de tarifas por Trump discordar do processo judicial movido contra o ex-presidente Bolsonaro, o presidente brasileiro Lula da Silva mostrou-se pouco incomodado com o tema - o seu país regista défice comercial com os EUA - e disse que Trump não foi eleito “imperador do mundo”. O Brasil não é caso único de motivações políticas para impor taxas. A poucas horas do prazo chegar ao fim, Trump reagiu da seguinte forma ao anúncio de que o Canadá se prepara para reconhecer o Estado palestiniano: “Isso vai dificultar muito a nossa capacidade de fazer um acordo comercial com eles.” Para o México, após telefonema com a presidente Claudia Sheinbaum, Trump decidiu alargar o prazo em mais 90 dias, tendo explicado que na base da decisão estão as “complexidades” relacionadas com a fronteira.